segunda-feira, 4 de novembro de 2024

LAÇOS DE AFETO.

 


Laços de afeto

 

 

Do poeta e escritor gaúcho Mário Quintana, encontramos uma preciosidade que fala sobre algo muito simples: um laço.

Escreveu ele: Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço... Uma fita... Dando voltas.

Enrosca-se, mas não se embola. Vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.

É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de braço.

É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em qualquer coisa onde o faço.

E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando... Devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.

Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.

E, na fita, que curioso, não faltou nem um pedaço.

Ah, então, é assim o amor, a amizade.

Tudo que é sentimento. Como um pedaço de fita.

Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora, deixando livre as duas bandas do laço.

Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.

E quando alguém briga, então se diz: romperam-se os laços.

E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum pedaço.

Então o amor e a amizade são isso...

Não prendem, não escravizam, não apertam, não sufocam.

Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço!

*   *   *

Tem toda razão o poeta em sua analogia. Amor e amizade são sentimentos altruístas.

Quem ama somente deseja o bem do ser amado. Por isso, não interfere em suas escolhas, em seus desejos.

Sugere, opina, mas deixa livre o outro para a tomada das próprias decisões.

Quem ama auxilia o amado a atingir seus objetivos. Nunca cobra o ofertado, nem exige nada em troca.

Quem ama não aprisiona o amado, não o algema ao seu lado. Ama e deixa o amado livre para estender suas asas.

Assim crescem os dois, pois há espaços para ambos conquistarem.

Na amizade, não se faz diferente o panorama. O verdadeiro amigo não deseja que o outro pense como ele próprio pois reconhece que os pensamentos são criações originais de cada um.

Entende que o amigo é uma bênção que lhe cabe cultivar e o auxilia a realizar a sua felicidade sem cogitar da sua própria.

Sente-se feliz com o bem daquele a quem devota amizade. Entende que cada criatura humana é um ser inteligente em transformação e que, por vezes, poderão ocorrer mudanças na forma de pensar, de agir do outro.

Mudanças que nem sempre estarão na mesma direção das suas próprias escolhas.

O amigo enxerga defeitos no coração do outro, mas sabe amá-lo e entendê-lo mesmo assim.

E, se ventos diversos se apresentam, criando distâncias entre ambos, jamais buscará desacreditar ou desmoralizar aquele amigo.

Tudo isso, porque a ventura real da amizade é o bem dos entes queridos.

Um laço que ata... Um laço que se desata..

Aqueles a quem oferecemos o coração, poderão se distanciar, buscar outros caminhos, atravessar outras fronteiras.

Eles têm o direito de assim proceder, se o desejarem. De nossa parte, lembremos da leveza do laço e cuidemos para que não se transforme em nó, que prende e retém.

 

Redação do Momento Espírita, com base em versos do poeta Mário Quintana e no cap. 12, do livro Sinal verde, pelo Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier,

MATÉRIA DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO. Cec.
Em 02.02.2011.

 

ADMINSTRANDO O MEDO.

 


Administrando o medo

 

Recente pesquisa revelou que muitos brasileiros vivem dominados pelo medo.

        Medo que vai desde o de ser assaltado, perder um filho, descobrir que tem uma doença grave, não conseguir pagar as contas, a sofrer um acidente, ter um ataque cardíaco ou perder o parceiro.

        Alguns dos entrevistados revelaram que nem saem de casa ou que, em casa, vivem em sobressalto, ao menor ruído estranho.

        Naturalmente, vivemos num mundo onde há muita violência, maldade e dificuldades.

        Mas é importante se pense um pouco, a fim de não se engrossar o rol dos que vivem sob a injunção do medo, perdendo anos preciosos das próprias vidas.

        Assim, não sofra por antecipação. Algumas pessoas, sugestionáveis, assistem imagens violentas na TV e acham que fatos como aqueles poderão acontecer com alguém da sua família.

        Tomar precauções é recomendável. A ninguém se pede que seja incauto, imprevidente.

        Mas daí a ficar pensando, a toda hora, que algo terrível vai acontecer, será o mesmo que desistir da vida desde agora.

        Pessoas que assim agem podem não se tornar vítimas de acidentes, de assaltos ou de doenças, mas do próprio medo.

        Medo que as manterá infelizes, isoladas.

        Por isso, nunca deixe que o medo o paralise. Faça o que tiver que fazer: ir à escola, às compras, ao templo religioso.

        Se enfrentar medos e preocupações sozinho lhe parecer difícil, procure ajuda. Pode ser de um psicólogo, de grupos de pessoas que sofrem problemas semelhantes ou de um bom amigo.

        E, em vez de se torturar com uma infinidade de contas a pagar, pense mais antes de adquirir o novo eletrodoméstico, de realizar a viagem dos seus sonhos, comprar a roupa da moda.

        Aprenda a viver de acordo com os recursos que dispõe. Dê um passo de cada vez. Planeje férias com antecedência. Programe-se.

        Não gaste tudo que ganha. E, muito menos, não gaste o que ainda não ganhou.

        Não fique pensando em ganhar na loteria, na sena, na loto, no programa televisivo. Trabalhe e sinta orgulho de poder, com seu próprio esforço, ir adquirindo o de que necessita.

        Em vez de ficar pensando na possibilidade de se manifestar essa ou aquela doença terrível, opte por fazer check-up anual.

        Não espere para ir ao médico somente quando a dor o atormente, um problema de saúde se manifeste.

        Procure o médico para saber se está tudo bem com você. Faça exames. Pratique exercícios sob supervisão.

        Ande até a panificadora, em vez de ir sempre de carro. Pratique jardinagem, lave o carro.

        Pense, sobretudo, positivamente: Deus protege a minha vida. Sou abençoado por Deus. Sou filho de Deus.

        Trabalhe com alegria, ganhando as horas. Não transforme o seu ambiente profissional em um cárcere de torturas diárias.

        Sorria mais. Faça amigos. Converse com os amigos. Estabeleçam, entre vocês, um cuidado mútuo.

        Isso no que se refere a você, aos seus filhos, ao seu patrimônio.

        Unidos seremos fortes.

        Enfim, não tenha medo do medo. Ele é um legado saudável e protetor. Mas se torna um problema quando fica exagerado ou irracional.

* * *

Mantenha sua confiança em Deus, que governa o mundo e zela por sua vida.

        De todos os medos o que mais o deve preocupar é o de perder a presente reencarnação, por comodismos e invigilância.

        E para este, a melhor solução é realizar, a cada dia, o melhor de si, entregando-se a Deus.

Redação do Momento Espírita com base no artigo
Você tem medo de quê? da 
Revista Seleções do
Reader´s Digest, de fevereiro de 2006.
Em 02.05.2008.

MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO APCHECO QUADRADO

 

ADMINISTRANDO A SAUDADES. ADEUS, MINHA QUERIDA MÃE.

 


Adeus, minha querida mãe

Não consigo descrever a dor que estou sentindo neste momento. Acho que não existem palavras capazes de expressar a importância que você sempre teve na minha vida.

Você sempre tinha o dom de me acalmar e melhorar o meu dia. O teu sorriso era capaz de curar qualquer ferida e apaziguar os meus medos.

A nossa convivência não era perfeita, tínhamos algumas discussões, mas isso é porque sempre fomos muito parecidos. A verdade é que tudo se resolvia facilmente, porque o nosso amor sempre prevalecia. E apesar de tudo, esse amor sempre continuará vivo no meu coração.

Descansa em paz, minha querida mãe.

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ACREDITEMOS NA VIDA.


 


Acreditemos na vida

 

Rosana conversava no corredor da Faculdade com alguns amigos.

O assunto era o colega do segundo turno que, na véspera, havia cometido suicídio.

Aliás, era o tema das conversas em toda a Universidade, nesse dia.

O foco era saber se o suicida merecia ou não o perdão de Deus e se as orações o poderiam beneficiar.

Alguém disse que quem comete esse tipo de morte, não pode ter perdão.

Foi logo contrariado na sua afirmativa, quando outro disse que todo suicida merece ser compreendido.

Como Rosana permanecia calada, a provocaram, perguntando o que achava da situação.

Sinceramente, disse ela, penso que a oração não deve ser negada a ninguém, e que esta conversa não ajuda nada ao amigo.

Ajudá-lo? Como assim? Ele morreu!

Ela respondeu: A morte não existe. Pereceu o corpo, o Espírito é imortal. Depois dessa morte, fica só a decepção de se ter multiplicado o sofrimento.

Os colegas se entreolharam. E o assunto se alongou, com Rosana detalhando as razões da sua afirmativa.

*   *   *

Triste se constatar que um amigo, colega ou parente se evadiu pela enganosa porta do suicídio.

Alguém disse, certa vez, que quem comete suicídio, em verdade não deseja se matar. Deseja, sim, matar a dor, a decepção que ele não consegue suportar.

Quando a fé e o bom ânimo fazem parte da vida da criatura, ela procura se refazer do sofrimento e buscar superação.

Quem não acredita na Imortalidade da alma, se prende tão somente às amarguras da vida.

Quem assim vive, sente vontade de abandonar tudo, para se livrar do sofrimento pois, nada esperando, acha muito natural, muito lógico mesmo, abreviar pelo suicídio, suas misérias.

A incredulidade sobre o futuro, as ideias materialistas fermentam esse desejo.

Contudo, o suicida logo descobre que não matou a vida, ele prossegue vivendo. E essa é, com certeza, sua maior dor.

Ele é qual prisioneiro que se evade da prisão, antes de ser cumprida a pena. Quando preso de novo, é mais severamente tratado.

*   *   *

A vida é um dom Divino que nos é dado para o crescimento, o progresso. Se lutas árduas nos chegam, tenhamos a certeza de que não nos faltarão as forças.

Isso porque Deus nunca confere fardo maior do que possamos carregar.

Dessa forma, jamais nos entreguemos ao desespero. Busquemos auxílio, digamos das nossas dificuldades. Sempre haverá um coração disposto a nos ouvir.

O mundo está repleto de pessoas bondosas. Basta, por vezes, que olhemos para o lado e peçamos ajuda.

Não acreditemos que a morte solucionará nossos problemas.

Quando o corpo fenece, nós, Espíritos, continuamos na vida, embora invisíveis aos olhos carnais.

E somos responsáveis pelo uso que fizermos e o destino que dermos aos nossos corpos.

Responderemos por todos os atos que colidirem com as leis morais estabelecidas pela Divindade.

Dessa forma, jamais pensemos em desistir da vida. E nas nossas rogativas a Deus, não peçamos que nos abrevie esta existência. Peçamos, sim, que nos dê forças para tudo suportar, com coragem.

E Ele, o bom Pai, jamais nos negará auxílio.

Redação do Momento Espírita, com citação do item 71,
 do cap. XXVIII, de 
O Evangelho segundo o Espiritismo,
 de Allan Kardec, ed. FEB.
Em 30.1.2016.

MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO

 

ACIMA DE TUDO, PAI.

 


Acima de tudo, Pai

 

A ciência nos permite penetrar as profundezas do infinito. Lançamos nosso olhar ao espaço e, de imediato, as centenas de pontos brilhantes que vemos, nos encantam.

No entanto, graças a potentes telescópios, vimos descobrindo milhares de mundoslançando suas esplêndidas harmonias nos celestes campos da imensidão.

Diante desses horizontes, abertos à investigação humana, maravilhados, concebemos o Criador de todas as coisas, tão acima de nós que só um esforço da razão pode fazer que O entendamos.

A ordem, a grandeza, a majestade reinam por toda a parte. Tudo demonstra a bondade, a justiça daquele de quem todos os esplendores são apenas pálido reflexo.

E, se lançarmos nosso olhar para o próprio globo em que nos movemos, constataremos o emocionante quadro da vida estudante, em que Deus se revela.

As estações seguem seu curso, os corpos se combinam, a vida circula sobre o planeta, juntando e desagregando as moléculas, segundo leis que se cumprem maravilhosamente.

Na natureza tudo é harmonia. Tudo vibra, em acordes harmônicos, em condições determinadas por uma Inteligência.

Inteligência suprema, uma força eficiente.

É Deus que paira acima da Criação, que a envolve com Seus fluidos, que a penetra por Sua razão.

É por Ele que os universos se formam, que as massas celestes apresentam seus esplendores deslumbrantes, nas imensidões do infinito.

É por ele que os planetas gravitam nos espaços, em torno dos focos luminosos, formando brilhantes auréolas de sóis.

É Deus a vida eterna, imensa, indefinível, o Começo e o Fim, o Alfa e o Ômega.

É Ele que, no abismo dos tempos, quis que o universo existisse e a poeira cósmica entrou em movimento.

É por Sua vontade que as admiráveis leis da matéria desenvolvem no infinito as combinações maravilhosas que produzem quanto existe.

É Sua razão sem limites que ordenou tudo fosse feito em vista de um efeito inteligente.

É Sua justiça que traçou em caracteres indeléveis as leis de fraternidade e solidariedade que se fazem sentir entre os homens e os mundos.

É Sua bondade inefável que deu ao homem, incessantemente, o meio de conseguir a felicidade.

*   *   *

Deus! Ainda existem os que Lhe pretendem negar a existência. Ainda há os que pensam que o acaso poderia ter feito tudo o que existe, de forma tão perfeita, tão justa.

Contudo, Ele está em tudo e em todos. Mesmo que afirmem que Ele não existe, Sua ação se faz constante e precisa.

Acima e além de tudo, dispensa o Seu amor sem cessar.

Ele rega as plantas com a chuva delicada, alimenta as fontes e os rios, providencia o orvalho generoso.

Tempera a água dos mares, acaricia as ondas e as levanta, com majestade, fazendo-as uivar nos rochedos e cantar mansamente nas praias.

Atende a singela flor do campo, balança os ramos do salgueiro e aveluda as pétalas das rosas.

Todos os dias. A cada dia. E, enxuga as lágrimas dos Seus filhos, envia mãos generosas para os sustentar na jornada, a ninguém esquece.

Se é o Criador de tudo, é igualmente o Pai amoroso e bom, sempre presente.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita, com base no
 cap. 
Discurso sobre Deus, de Gabriel Delanne, 
do livro 
Gabriel Delanne, vida e obra, de 
Paul Bodier e Henri Regnault, ed. CELD.
Em 12.3.2015.

Mensagem divulgada pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado

AÇÃO OU REAÇÃO.

 


Ação ou reação?

 

De um modo geral, costumamos reclamar de tudo que nos ocorre. Reclamamos do congestionamento do trânsito, da chuva que nos surpreende à saída do escritório, da demora no atendimento do serviço público, da incompetência de profissional contratado, etc...

Contudo, o que é importante não perdermos de vista é como reagimos a esses contratempos. Habitualmente, nossa reação é de irritabilidade, nervosismo, quase agressividade.

No entanto, da forma como encaramos as situações adversas, seremos mais ou menos felizes.

Vejamos: se ao nos prepararmos pela manhã, descobrimos a camisa não tão bem passada, podemos descarregar nossa raiva em quem consideramos responsável.

Nossas exclamações envolverão a funcionária, a quem chamaremos de inabilidosa, irresponsável, preguiçosa. No entanto, serão os afetos mais próximos que nos ouvirão a voz alterada e as altercações em desequilíbrio.

Dessa forma, contaminaremos, com fluidos deletérios, a ambiência doméstica.

A esposa poderá se magoar com as observações, acreditando que, no fundo, a estamos recriminando também, porque ela poderia ter revisado o trabalho da funcionária.

Os filhos, aguardando que os conduzamos à escola, se assustam com os gritos, em pleno início da manhã. O bebê chora, no berço, despertado pelo barulho.

Instala-se o caos. Por fim, solucionada a questão com a escolha de outra camisa, apanhamos as chaves do carro, ordenamos que as crianças andem rápido porque, afinal, perdemos precioso tempo.

Depois saberemos que um dos meninos recebeu falta, por ter se atrasado. O outro, recebeu reprimenda.

No escritório, todos nos aguardam na sala de reuniões. Estamos atrasados e a reunião começa tumultuada. Que dia!

*   *   *

Voltemos ao início da manhã e recomecemos. Encontramos a camisa mal passada, a deixamos de lado e escolhemos outra.

Beijamos o bebê que mama tranquilo. Chamamos as crianças, conferimos se apanharam tudo: a mochila, o agasalho e saímos tranquilos.

Todos chegam ao local dos seus deveres, sem atrasos, sem irritação.

Percebemos como uma simples ação, perante um inconveniente, tem o condão de permitir horas sequentes de paz ou de desarmonia?

Nossa vida é sempre assim.

Existem acontecimentos sobre os quais não mantemos o controle, como o atraso da condução, as bruscas alterações do clima, as ruas congestionadas, um pequeno acidente de trânsito...

Dizem que esses correspondem a dez por cento. Mas, sobre a grande maioria, noventa por cento das situações, temos amplo gerenciamento.

A forma como encaramos pequenos transtornos, determinarão horas de paz ou de grande intranquilidade.

Façamos a experiência. Em vez de reagir, de forma negativa, vamos agir, positivamente. Contornemos, administremos, encontremos soluções para problemas que se apresentem.

Não nos estressemos, não sobrecarreguemos nosso organismo com cargas ruins, gozemos de tranquilidade.

Isso para sermos mais felizes em cada um dos nossos dias, e fazermos felizes aos que nos amam.

 

Redação do Momento Espírita.
Em 13.9.2013.

MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.

 

 

CAPÍTULO XXIII. MORAL ESTRANHA. DEIXAI OS MORTOS ENTERRAR SEUS MORTOS.

 


CAPÍTULO XXIII. MORAL ESTRANHA.

DEIXAI OS MORTOS ENTERRAR OS SEUS MORTOS.

 

São Lucas no capítulo IX, versículo 59 e 60, comenta as palavras de Jesus, dizendo a outro: Segue-me. E o outro lhe disse: Senhor permita-me que vá eu primeiro enterrar meu pai. E Jesus lhe respondeu: Deixa que os mortos enterrem os seus mortos, e tu vai e anuncia o Reino de Deus.

Disto surge uma pergunta do que podem significar estas palavras de Jesus: “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos”? Pois é, as considerações precedentes já nos mostraram, antes de tudo, que, na circunstância em que foram pronunciadas, não podiam exprimir uma censura àquele que considerava um dever de piedade filial ir sepultar o seu pai. Mas elas encerram um sentido mais profundo, que só um conhecimento mais completo da vida espiritual pode fazer compreender.

A vida espiritual é, realmente, a verdadeira vida, a vida normal do Espírito. Sendo sua existência terrena transitória e passageira, uma espécie de morte, se comparada ao esplendor e à atividade da vida espiritual. O corpo físico, não passa de uma vestimenta grosseira que cobre temporariamente o Espírito, verdadeiro grilhão que o prende à gleba terrena, da qual ele se sente feliz em libertar-se. O respeito que temos pelos mortos não se refere à matéria, mas, através da lembrança, do Espírito ausente. É semelhante ao que temos pelos objetos que lhe pertenceram, que ele tocou em vida, e que guardamos como relíquias. Era isso que aquele homem não podia compreender por si mesmo. Jesus lho ensinou; dizendo: Não vos inquieteis com o corpo, mas pensai antes no Espírito; ide pregar o Reino de Deus: ide dizer aos homens que a sua pátria não se concentra na Terra, mas no Céu, porque somente lá é que se vive a verdadeira vida.

Bibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Mensagem lida e divulgada pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.

CAPÍTULO XXIII.MORAL ESTRANHA. ABANBONAR PAI, MÃE E FILHOS.

 


 

 

CAPÍTULO XXIII. MORAL ESTRANHA.

ABANDONAR PAI, MÃE E FILHOS.

 

Pois é São Mateus no capítulo XIX, versículo 29, divulga as palavras de Jesus dizendo: E todo o que deixar, por amor do meu nome, a casa, ou os irmãos, ou as irmãs, ou o pai, ou a mãe, ou a mulher, ou os filhos, ou as fazendas, receberá cento por um, e possuirá a vida eterna.

Já no capítulo XVIII, versículos 28 a 30, São Lucas, afirma que Pedro diante das palavras de Jesus lhe respondeu: Eis aqui estamos nós, que deixamos tudo e te seguimos. E Jesus em resposta a Pedro acabou lhe dizendo: Em verdade vos digo que ninguém há que uma vez que deixou pelo Reino de Deus a casa, ou os pais, ou os irmãos, ou a mulher, ou os filhos, logo neste mundo não receba muito mais, e no século futuro a vida eterna.

E no capítulo IX, versículos 61 e 62, São Lucas também deixou dito que o outro disse: Eu, Senhor, seguir-te-ei, mas dá-me licença que eu vá primeiro dispor dos bens que tenho em minha casa. E respondeu-lhe Jesus: Nenhum que mete a sua mão ao arado, e olha para trás, é apto para o Reino de Deus.

Pois é, procurando interpretar as palavras de Jesus, chega-se a seguinte conclusão: Sem discutir as palavras, devemos procurar compreender o pensamento, que era evidentemente este: Os interesses da vida futura estão acima de todos os interesses e todas as considerações de ordem humana, porque isto concorda com a essência da doutrina de Jesus, enquanto a idéia do abandono da família seria a sua negação.

E então se pergunta se não temos, aliás, sob os nossos olhos, a aplicação dessas máximas no sacrifício dos interesses e das afeições da família pela pátria? Pois é, condena-se um filho que deixa o pai, a mãe, os irmãos, a mulher e os próprios filhos, para marchar em defesa do seu país? Não lhe reconhecemos, pelo contrário, o mérito de deixar as doçuras do lar e o calor das amizades, para cumprir um dever? Há, pois, deveres que se sobrepõem a outros. A lei não sanciona a obrigação, para a filha de deixar os pais e seguir o esposo? O mundo está cheio de casos em que as mais penosas separações são necessárias. Mas nem por isso as afeições se rompem. O afastamento não diminui o respeito ou a solicitude que se devem aos pais, nem a ternura para com os filhos. Vê-se, assim, que mesmo tomada ao pé da letra, salvo a palavra odiar, essas expressões não seriam a negação do mandamento que prescreve honrar ao pai e à mãe, nem do sentimento de ternura paterna. Com mais forte razão, se as analisarmos quanto ao seu espírito.

A finalidade dessas expressões é mostrar, por uma figura, uma hipérbole, quanto é imperioso o dever de cuidar da vida futura. Deviam, por isso mesmo, ser menos chocantes para um povo e uma época em que, por força das circunstâncias, os laços de família eram menos fortes do que numa civilização moralmente mais avançada. Esses laços, mais fracos entre os povos primitivos, fortificam-se com o desenvolvimento da sensibilidade e do senso moral. Aliás, a separação, em si mesma, é necessária ao progresso, e isso tanto no tocante às famílias, quanto às raças. Umas e outras se abastardam se não houver cruzamentos, se não se misturarem entre si. É uma lei da natureza, que tanto interessa ao progresso moral quanto ao progresso material.

Encaramos as coisas, na terra, apenas do ponto de vista terreno. O Espiritismo no-las apresenta de mais alto, mostrando-nos que os verdadeiros laços de afeição são os do Espírito e não os do corpo; que esses laços não se rompem, nem pela separação, nem mesmo pela morte do corpo; e que eles se fortificam na vida espiritual, pela depuração do Espírito: consoladora verdade, que nos dá uma grande força para suportar as vicissitudes da vida.

Bibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Mensagem divulgada pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.