CAPÍTULO XIX. A FÉ QUE
TRANSPORTA MONTANHAS.
PODER DA FÉ.
O
Irmão Mateus no capítulo XVII, vers. 14 e 19, narra este acontecimento que
aconteceu com Jesus. E depois que veio para onde estava a gente, chegou
a Ele um homem que, posto de joelhos, lhe dizia: Senhor tem compaixão de meu
filho, que é lunático e padece muito; porque muitas vezes cai no fogo, e muitas
na água. E tenho-o apresentado a teus discípulos, e eles o não puderam curar. E
respondendo Jesus, disse: Ó geração incrédula e perversa, até quando hei de
estar convosco, até quando vos hei de sofrer? Trazei-mo cá. E Jesus o abençoou,
e saiu dele o demônio, e desde àquela hora ficou o moço curado. Então se
chegarão os discípulos a Jesus em particular e lhe disseram: Por que não
pudemos nós lançá-lo fora? Jesus lhes disse: Por causa da vossa pouca fé.
Porque na verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis
a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar, e nada vos será
impossível.
O
que se conclui daí, que é certo que, no bom sentido, a confiança nas próprias
forças torna-nos capazes de realizar coisas materiais que não podemos fazer
quando duvidamos de nós mesmos. Mas, então, é somente no seu sentido moral que
devemos entender estas palavras. As montanhas que a fé transporta são as
dificuldades, as resistências, a má vontade, em uma palavra, que encontramos
entre os homens, mesmo quando se trata das melhores coisas. Os preconceitos da
rotina, o interesse material, o egoísmo, a cegueira do fanatismo, as paixões orgulhosas,
são outras tantas montanhas que atravancam o caminho dos que trabalham para o
progresso da humanidade. A fé robusta confere a perseverança, a energia e os
recursos necessários para a vitória sobre os obstáculos, tanto nas pequenas
quanto nas grandes coisas. A fé vacilante produz a incerteza, a hesitação, de
que se aproveitam os adversários que devemos combater; ela nem sequer procura
os meios de vencer, porque não crê na possibilidade de vitória.
Noutra
acepção, considera-se fé a confiança que se deposita na realização de
determinada coisa, a certeza de atingir um objetivo. Nesse caso, ela confere
uma espécie de lucidez, que faz antever pelo pensamento os fins que se têm em
vista e os meios de atingi-los, de maneira que aquele que a possui avança, por
assim dizer, infalivelmente. Num e outro caso, ela pode fazer que se realizem
grandes coisas
A
fé e verdadeira é sempre calma. Confere a paciência que sabe esperar, porque
estando apoiada na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de
chegar ao fim. A fé insegura sente a sua própria fraqueza, e quando estimulada
pelo interesse torna-se furiosa e acredita poder suprir a força com a
violência. A calma na luta é sempre um sinal de força e de confiança, enquanto
a violência, pelo contrário, é prova de fraqueza e de falta de confiança em si
mesmo.
Sendo assim torna-se necessário guardar-se de confundir a fé com a
presunção. A verdadeira fé se alia à humildade. Aquele que a possui deposita a
sua confiança em Deus, mais do quem em si mesmo, pois sabe que, simples
instrumento da vontade de Deus, nada pode sem Ele. E por isso que os Bons
Espíritos vêm em seu auxílio. A presunção é menos fé do que orgulho, e o
orgulho é sempre castigado cedo ou tarde, pela decepção e os malogros que lhes
são infligidos.
O poder da fé tem aplicação direta e
especial na ação magnética. Graças a ela, o homem age sobre o fluído, agente
universal, modifica-lhe a qualidade e lhe dá impulso por assim dizer
irresistível. Eis porque aquele que alia, a um grande poder fluídico normal,
uma fé ardente, pode operar, unicamente pela sua vontade dirigida para o bem,
esses estranhos fenômenos de cura e de outra natureza, que antigamente eram
considerados prodígios, e que entretanto não passam de consequências de uma lei
natural. Essa a razão porque Jesus disse aos seus apóstolos: Se não
conseguistes curar, foi por causa de vossa pouca fé.
Bibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Mensagem lida e divulgada pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.
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