CAPÍTULO XXIII. MORAL ESTRANHA.
DEIXAI OS MORTOS ENTERRAR OS
SEUS MORTOS.
São Lucas no capítulo IX, versículo 59 e 60, comenta as palavras de Jesus,
dizendo a outro: Segue-me. E o outro lhe
disse: Senhor permita-me que vá eu primeiro enterrar meu pai. E Jesus lhe
respondeu: Deixa que os mortos enterrem os seus mortos, e tu vai e anuncia o
Reino de Deus.
Disto surge uma pergunta do que podem
significar estas palavras de Jesus: “Deixa que os mortos enterrem os seus
mortos”? Pois é, as considerações precedentes já nos mostraram, antes de tudo,
que, na circunstância em que foram pronunciadas, não podiam exprimir uma
censura àquele que considerava um dever de piedade filial ir sepultar o seu
pai. Mas elas encerram um sentido mais profundo, que só um conhecimento mais
completo da vida espiritual pode fazer compreender.
A vida espiritual
é, realmente, a verdadeira vida, a vida normal do Espírito. Sendo sua
existência terrena transitória e passageira, uma espécie de morte, se comparada
ao esplendor e à atividade da vida espiritual. O corpo físico, não passa de uma
vestimenta grosseira que cobre temporariamente o Espírito, verdadeiro grilhão
que o prende à gleba terrena, da qual ele se sente feliz em libertar-se. O
respeito que temos pelos mortos não se refere à matéria, mas, através da
lembrança, do Espírito ausente. É semelhante ao que temos pelos objetos que lhe
pertenceram, que ele tocou em vida, e que guardamos como relíquias. Era isso
que aquele homem não podia compreender por si mesmo. Jesus lho ensinou;
dizendo: Não vos inquieteis com o corpo, mas pensai antes no Espírito; ide
pregar o Reino de Deus: ide dizer aos homens que a sua pátria não se concentra
na Terra, mas no Céu, porque somente lá é que se vive a verdadeira vida.
Bibliografia: O Evangelho Segundo o
Espiritismo. Mensagem lida e divulgada pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.
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