BREVE REFLEXÃO SOBRE O PAPEL DA MULHER NO MUNDO
Há, atualmente, uma
ingente luta da mulher (cada qual na sua atividade, no seu dia a dia) no
sentido de obter um espaço digno na sociedade, visando o seu crescimento como
pessoa. A busca de novos caminhos profissionais para a mulher, hoje, toma conta
de quase todas as famílias, em função, também, das novas necessidades que, a
cada dia, surgem na nossa civilização. Porém, nem sempre foi assim. Segundo as
Escrituras, "a mulher é responsável pela proscrição do homem; ela perde
Adão e, com ele, toda a Humanidade; atraiçoa Sansão". Uma passagem do
Eclesiastes a declara "uma coisa mais amarga que a morte". O
casamento mesmo parece um mal: "(...) os que têm esposas sejam como se não
as tivessem" - exclama Paulo aos Colossenses, aos Efésios.
Realmente, houve um
período mais obscuro em que o cristianismo "oficial" não compreendeu
a mulher. Seus representantes, vivendo no celibato, longe da família, não
poderiam apreciar o poder e o encanto desse delicado ser, em quem enxergavam,
antes, um perigo. Em contrapartida a esse cruel tratamento da igreja, a mulher
era considerada "sacerdotisa nos tempos védicos; ao altar doméstico, era
intimamente associada; no Egito, na Grécia, na Gália, às cerimônias do culto;
por toda parte, era a mulher objeto de uma iniciação, de um ensino especial,
que dela faziam um ser quase divino, a fada protetora, o gênio do lar, a
custódia das fontes da vida". (1)
A situação da mulher,
na civilização contemporânea, ainda é difícil e bastante sofrida. Como
acompanhamos nos noticiários, nem sempre a mulher tem, para si, os direitos e
as leis; muitos perigos a cercam. Se ela titubeia, sucumbe; normalmente não se
lhe estende mão amiga, e o que é pior, a corrupção dos valores morais faz da
mulher, a vítima do momento. Porém, a Doutrina Espírita restitui à mulher seu
verdadeiro lugar na família e na obra social, indicando-lhe a sublime função
que lhe cabe desempenhar na educação e no adiantamento da Humanidade.
A Terceira Revelação a
atrai e lhe satisfaz as aspirações do coração, as necessidades de ternura, que
estendem para além do seu círculo de vida física. Daí a necessidade de
desenvolver na mulher, além dos poderes intuitivos, suas admiráveis qualidades
morais, o esquecimento de si mesma, o júbilo do sacrifício, ou seja, o
sentimento dos deveres e das responsabilidades inerentes à sua missão sublime.
"A mulher tem que se fazer borboleta; ela tem que sair do seu casulo; e
reconquistar seus direitos, que são divinos; como a falena, lançar-se na
atmosfera e reencontrar o clima de seu justo valor. Até porque, se o agente
educador por excelência for reduzido ao estado de nulidade, a sociedade
vacilará. É o que deveis compreender no século dezenove". (2)
O Espiritismo
preceitua que "são iguais perante Deus, o homem e a mulher, e têm os
mesmos direitos, pois ambos possuem a faculdade de progredir" (3) e se, em
alguns países, a mulher é considerada inferior, isso é resultante do predomínio
injusto e cruel que sobre ela assumiu o homem. É resultado das instituições
sociais e do abuso da força sobre a fraqueza. Entre homens moralmente pouco
adiantados, a força faz o direito. (4) Mas, "as funções, para as quais a
mulher é destinada pela Natureza, terão importância tão grande quanto às
destinadas ao homem, e maior até. É ela quem lhe dá as primeiras noções da
vida". (5) Assim sendo, "uma legislação, para ser perfeitamente
justa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher, embora com
funções diversas. Pois é preciso é que cada um esteja no lugar que lhe compete.
Ocupe-se do exterior, o homem e, do interior a mulher, cada um de acordo com a
sua aptidão". (6)
Com muita razão,
"a lei humana, para ser equitativa, deve consagrar a igualdade dos
direitos do homem e da mulher. Todo privilégio a um ou a outro concedido é
contrário à justiça. A emancipação da mulher acompanha o progresso da
civilização. Sua escravização marcha de par com a barbaria. Os sexos, além
disso, só existem na organização física. Visto que os Espíritos podem encarnar
num e noutro, sob esse aspecto, nenhuma diferença há entre eles. Devem, por
conseguinte, gozar dos mesmos direitos". (7)
No passado recente, a
mulher não tinha voz, não tinha vontades e acreditavam que sequer tinha alma.
Este tema foi até tratado em concílio, quando não apenas discutiam se a mulher
teria alma, mas também diziam que a natureza da mulher era má, era culpada de
males, porque (como vimos mais acima), na Bíblia consta que ela é que aceitou a
sugestão da serpente e desviou Adão da obediência a Deus.
Como reação a essa
milenar subjugação da mulher, atualmente ocorrem extremismos preocupantes em
sua estrutura psicológica. A miséria, as lágrimas, a prostituição, o suicídio -
tal é o destino de grande número de infelizes mulheres em nossas sociedades opulentas,
sensuais e materialistas. Muitas mulheres radicalizam. O seu corpo é
considerado só dela, ela faz o que bem entende, não deve nada a ninguém. O
desafio está posto. O desafio é encontrar o meio termo, o ponto certo, o
equilíbrio momentâneo para a mulher moderna. Portanto, ser mulher e ser mãe são
desafios cotidianos a serem enfrentados.
Há dois mil anos,
Jesus propôs dar à mulher uma condição de "status" social igual a do
homem. Em verdade, "dela provém a vida; e ela a própria fonte desta, a
regeneradora da raça humana, que não subsiste e se renova, senão, por seu amor
e seus ternos cuidados". (8)
"Todo inócuo
argumento machista de a mulher ser apenas a sombra do marido, procriadora por
excelência, objeto de prazer ou apenas alguém que tome conta da casa, é
evidente que precisa ser aclarado e desfeito, por ser fenômeno
extemporâneo". (9) Concebemos até, que a mulher deva reduzir, o quanto lhe
for possível, o tempo gasto no trabalho profissional e se esforce mais na
tarefa da educação de seus filhos, preferindo ganhar um pouco menos em valores
materiais e potencializando seus tesouros espirituais. Sabemos que atualmente
não está fácil essa tarefa, pois "a sociedade se curvou ante o consumismo
materialista, sequestrando a mulher do lar para enclausurá-la nas funções
hodiernas, às vezes, subalternas a sua grandeza e, quase sempre, estranhas à
sua natureza". (10)
A administração de
uma família, atualmente, é tarefa extremamente importante. Dentro dessa pequena
república, há o fator econômico, as regras, a disciplina, o zelo, as tradições
e a responsabilidade da formação moral e intelectual dos filhos. "A mulher
deve conciliar o papel de mãe e esposa, por vezes, deixado um pouco de lado.
Por isso, é importante não permitir que a competição do casal, as pressões do
status, do dinheiro e do destaque sociais roubem o equilíbrio que a felicidade
da família requer". (11)
Nada mais justo que a
luta pela causa de maior liberdade e direito para ela. Afinal, na Ordem Divina
não há distinção entre os dois seres. Porém, urge muita cautela. Os movimentos
feministas, embora tenham seu valor, costumam cair no radicalismo, querendo
fazer da participação natural uma imposição. Muitas vezes, em seus intuitos, ao
lado de compreensíveis pleitos, enuncia propósitos que fariam da mulher, não
mais mulher, mas arremedo do homem.
Em sintonia com os
pleitos femininos, atualmente, nas hostes espíritas, observa-se a mulher, não
apenas trabalhando como médium no campo da mediunidade, mas, também,
encontramo-la dialogando com os espíritos, dirigindo reuniões mediúnicas,
instruindo e preparando novos trabalhadores no campo da mediunidade, escrevendo
para esclarecer e orientar a prática mediúnica. É o Espiritismo, esta abençoada
doutrina que nos permite isso. Ela, não apenas nos ilumina individualmente, nos
consola e nos alenta, mas, também, enseja que estejamos encarnados como homens
ou como mulheres, nos "somemos os nossos esforços" e, juntos,
continuemos a realizar o sublime intercâmbio espiritual, respeitando,
sobretudo, a "condição" do espírito que encarna, seja ela qual for.
Referências
bibliográficas:
1 DENIS, Léon.
Cristianismo e Espiritismo. RJ: Ed Feb, 2008.
2 Kardec, Allan. Revista
Espírita ano III número 12, dezembro de 1860, Comunicação do Espírito de Alfred
de Musset (1810-1857 poeta e romancista francês).
3 Kardec, Allan. O
Livro dos Espíritos, RJ: Ed FEB, 2001, questão 817
4 idem, questão 818
5 idem, questão 821
6 idem, questão 822
7 idem, questão 825
8 Hessen, Jorge. Deus
abençoe todas as mulheres do mundo, artigo disponível emhttp://www.redeamigoespirita.com.br/profiles/blogs/deus-aben-oe-todas-as-mulheres-do-mundo?xg_source=activity
9 idem
10 idem
11 idem
Mensagem divulgada pelo médium Getulio Pacheco Quadrado
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