terça-feira, 4 de junho de 2024

O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO 11. OS TRÊS REINOS.METEMPSICOSE.

 


O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO XI. OS TRÊS REINOS.

METEMPSICOSE.

Quanto à comunhão de origem dos seres vivos no princípio inteligente não é a consagração da doutrina da metempsicose, porque são duas coisas que podem ter a mesma origem e não se assemelharem em nada mais tarde. Quem reconheceria a árvore, suas folhas, suas flores e seus frutos no germe informe que se contém na semente de onde saíram. No momento em que o princípio inteligente atinge o grau necessário para ser Espírito e entrar no período de humanidade, não tem mais relação com o seu estado primitivo e não é mais a alma dos animais, como a árvore não é a semente. No ser humano, somente existe do animal o corpo, as paixões que nascem da influencia do corpo e os instintos de conservação inerente à matéria não se pode dizer, portanto, que tal ser humano, é a encarnação do Espírito de tal animal, e. por conseguinte a metempsicose, tal como a entendem, não é exata.

O Espírito que animou o corpo de um ser humano jamais poderia encarnar-se num animal, porque isso seria retrogradar, e o Espírito não retrograda, assim como o rio não remonta à nascente.  Por mais errônea que seja a ideia ligada à metempsicose, não seria ela o resultado do sentimento intuitivo das diferentes existências do ser humano.

Reconhecemos esse sentimento intuitivo nessa crença como em muitas outras; mas, como a maior parte dessas ideias intuitivas, o ser humano a desnaturou.

Comentário de Kardec: A metempsicose seria verdadeira se por ela se entendesse a progressão da alma de um estado inferior para um superior, realizando os desenvolvimentos que transformariam a sua natureza; mas é falso, no sentido de transmigração direta do animal para o ser humano e vice-versa, o que implicaria a ideia de uma retrogradação ou de fusão. Ora não podendo realizar-se essa fusão entre seres corporais de duas espécies temos nisso um indicio de que se encontram em graus não assimiláveis e que o mesmo deve acontecer com os Espíritos que os animam. Se o mesmo Espírito pudesse animá-los alternativamente, disso resultaria uma identidade de natureza que se traduziria na possibilidade de reprodução material. A reencarnação ensinada pelos Espíritos se funda, pelo contrário, sobre a marcha ascendente da natureza e sobre a progressão do ser humano na sua própria espécie, o que não diminui em nada a sua dignidade o que o rebaixa é o mau uso que faz das faculdades que Deus lhe deu para o seu adiantamento. Como quer que seja à antiguidade e a universalidade da doutrina da metempsicose e o número de seres humanos eminentes que a professaram provem que o principio da reencarnação tem suas raízes na própria natureza; esses são, portanto argumentos antes a seu favor do que contrários.

O ponto de partida do Espírito é uma dessas questões que se ligam ao principio das coisas e estão nos segredos de Deus. Não é dado ao ser humano conhecê-los de maneira absoluta e ele só pode fazer, a seu respeito, meras suposições, construir sistemas mais ou menos prováveis. Os próprios Espíritos estão longe de tudo conhecer e sobre o que não conhecem podem ter também opiniões pessoais mais ou menos sensatas.

É assim que nem todos pensam da mesma maneira a respeito das relações existentes entre o ser humano e os animais. Segundo alguns, o Espírito não chega ao período humano senão depois de ter sido elaborado e individualizado nos diferentes graus dos seres inferiores da criação. Segundo outros, o Espírito do ser humano teria sempre pertencido à raça humana, sem passar pela fieira animal. O primeiro desses sistemas tem a vantagem de dar uma finalidade ao futuro dos animais que constituiriam assim, os primeiros anéis da cadeia dos seres pensantes; o segundo é mais conforme á dignidade do ser humano e pode resumir-se da maneira que segue.

As diferentes espécies de animais não procedem intelectualmente umas das outras, por via de progressão; assim, o Espírito da ostra não se torna sucessivamente do peixe, da ave, do quadrúpede e do quadrúmano; cada espécie é um tipo absoluto, física e moralmente, e cada um dos seus indivíduos tira da fonte universal a quantidade de princípio inteligente que lhe é necessária, segundo a perfeição dos seus órgãos e a tarefa que deve desempenhar nos fenômenos da Natureza, devolvendo-a a massa após a morte. Aqueles dos mundos mais adiantados que o nosso são igualmente constituídos de raças distintas, apropriadas ás necessidades desses mundos e ao grau de adiantamento dos seres humanos de que são auxiliares, mas não procedem absolutamente dos terrestres, espiritualmente falando. Com o ser humano já não se dá o mesmo.

Do ponto de vista físico, o ser humano constitui evidentemente um anel da cadeia dos seres vivos; mas do ponto de vista moral há solução de continuidade entre o ser humano e o animal. O ser humano possui, como sua particularidade, a alma ou Espírito, centelha divina que lhe dá o senso moral e um alcance intelectual que os animais não possuem; é o seu ser principal, preexistente e sobrevivente ao corpo, conservando a sua individualidade. Qual é a origem do Espírito? Onde está o seu ponto de partida? Forma-se ele do principio inteligente individualizado? Isso é um mistério que seria inútil procurar e penetrar e sobre o qual, como dissemos, só podemos construir sistemas.

O que é constante e ressalta ao mesmo tempo do raciocínio e da experiência é a sobrevivência do Espírito, a conservação de sua individualidade após a morte, sua faculdade de progredir, seu estado feliz ou infeliz, proporcional ao seu adiantamento na senda do bem, e todas as verdades morais que são a consequência desses principio. Quanto às relações misteriosas existentes entre o ser humano e os animais, isso, repetimos, está nos segredos de Deus, como muitas outras coisas cujo conhecimento atual nada importa para o nosso adiantamento e sobre as quais seria inútil nos determos.

BIBLIOGRAFIA.  O LIVRO DOS ESPÍRITOS. MATÉRIA DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.

 

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