Mediunidade
Para conhecer as coisas do mundo
visível e descobrir os segredos da natureza material, Deus concedeu ao homem a
vista corpórea, os sentidos e instrumentos especiais. Com o telescópio, ele
mergulha o olhar nas profundezas do Espaço e, com o microscópio, descobriu o
mundo dos infinitamente pequenos. Para penetrar no mundo invisível, Deus lhe
deu a mediunidade (KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo, cap.
XXVIII, it. 9).
O aprimoramento da
faculdade mediúnica deve merecer especial atenção dos dirigentes da Casa
Espírita.
O primeiro passo é oferecer condições para a formação doutrinária básica
(conhecimento espírita, em geral, e da mediunidade, em particular) do
trabalhador espírita, a qual, no principiante, pode estar ou não associada ao
afloramento da sua mediunidade.
Como regra geral, o
principiante espírita é encaminhado ao grupo mediúnico, após concluída a sua
formação básica, desde que ele apresente condições psíquicas e emocionais
propícias. Contudo, deve-se considerar
que, para toda regra, há exceção, o que exige bom senso e capacidade de decisão
por parte dos que coordenam a atividade na Casa Espírita.
Há situações, por
exemplo, em que o médium iniciante pode, concomitante com a aquisição de sua
base doutrinária evangélico-espírita, integrar-se a um grupo mediúnico. Nessa
situação, ele é acompanhado de perto, a fim de que a sua formação espírita não
seja descurada.
É sempre oportuno
lembrar que não é imediato o encaminhamento de participantes que tenham
concluído cursos de estudo e prática da mediunidade aos grupos mediúnicos.
Deve-se, primeiramente, refletir que não é somente o estudo que habilita o
tarefeiro ao exercício da
mediunidade. Há outros critérios a serem observados, quais sejam: equilíbrio
emocional, assiduidade, propensão para o estudo, integração na Casa Espírita em
atividade de auxílio ao próximo, compromisso com a tarefa, entre outros.
Importa acrescentar
que nem todos os espíritas que já tenham formação doutrinária são portadores de
mediunidade mais evidente, de efeitos patentes, no dizer de Allan Kardec, e que
nem todo trabalhador espírita
tem compromisso com a tarefa mediúnica propriamente dita. Sendo assim, não há
obrigatoriedade para a pessoa participar de uma reunião mediúnica, uma vez que
na Instituição Espírita há inúmeras outras atividades que mantêm o trabalhador
sob contínua ação dos Espíritos.
Contudo, os médiuns que têm mediunidade mais vidente revelam compromisso com a
tarefa, já que toda faculdade é concedida tendo em vista um fim específico.
Compreende-se, em termos objetivos, como educação do médium, isto é, de sua
mediunidade, o período que vai do afloramento da mediunidade até a sua
integração efetiva, contínua e harmônica em uma reunião mediúnica, ainda que o
aperfeiçoamento dessa faculdade psíquica continue ao longo das reencarnações e
vivências no Plano Espiritual.
O médium será
considerado apto a se integrar ao grupo mediúnico quando: já consegue
discernir, de forma geral, as ideias que lhe são próprias e as que são oriundas
dos Espíritos comunicantes; apresenta bom controle (educação) emocional e
psíquico, conduzindo-se com respeitabilidade durante as manifestações dos
Espíritos; revela esforço de combate às imperfeições e oferece condições para
se dedicar com afinco à tarefa; demonstra disposição para servir com
desprendimento, mantendo-se atualizado em termos doutrinários.
Nas fases iniciais da
educação e do desenvolvimento da faculdade mediúnica, os médiuns devem ser
acompanhados de perto por orientadores encarnados experientes, elementos ativos
do quadro regular de trabalhadores da Casa Espírita, na Área da Mediunidade.
É importante destacar
que cada Instituição Espírita tem suas normas e seus critérios de ingresso à
reunião mediúnica, os quais não devem criar conflitos com os princípios
espíritas da Codificação, nem de
outras obras de inestimável valor doutrinário.
Nunca é demais acrescentar que o intercâmbio mediúnico implica conhecimentos e
cuidados, a fim de se colherem os bons resultados. A melhoria moral, aliada ao
conhecimento espírita, oferece obstáculos
às investidas dos Espíritos distanciados do Bem.
Todas as imperfeições morais são tantas
outras portas abertas ao acesso dos Espíritos maus. Porém, a que eles exploram
com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si
mesma. O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e
que, se não fora essa imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos
notáveis e muito úteis […]. O prestígio dos grandes nomes, com que se adornam
os Espíritos tidos por seus protetores, os deslumbra, e como neles o
amor-próprio sofreria, se houvessem de confessar que são ludibriados, repelem
todo e qualquer conselho. […] Aborrecem-se com a menor contestação, com uma
simples observação crítica, chegando mesmo a odiar as próprias pessoas que lhes
prestam serviço. […] Devemos também admitir que, muitas vezes, o orgulho é
despertado no médium pelas pessoas que o cercam.
(37)
É também importante
ressaltar que a prática mediúnica deve ser precedida de cursos regulares,
teóricos e práticos, fundamentais à formação do futuro trabalhador da
mediunidade.
O médium tem obrigação de estudar
muito, observar intensamente e trabalhar em todos os instantes pela sua própria
iluminação. Somente desse modo poderá habilitar-se para o desempenho da tarefa
que lhe foi confiada, cooperando eficazmente com os Espíritos sinceros e
devotados ao bem e à verdade. (38)
No período inicial do
exercício mediúnico, o aprendiz deve desenvolver a capacidade de auxiliar os
Espíritos que sofrem, educando-se para agir com equilíbrio e controle.
Tais Espíritos, embora se apresentem na condição de enfermos, devem ser
devidamente esclarecidos e acolhidos fraternalmente no grupo, refletindo que a
maioria deles, possivelmente, ainda não se acha bem adaptada à vida na
erraticidade.
O tempo destinado à educação e ao desenvolvimento da faculdade mediúnica não é
o mesmo para todo médium, mas está diretamente subordinado aos esforços de cada
um.
Os Espíritos comunicantes, que demonstram graves perturbações, são, usualmente,
encaminhados pelos Benfeitores espirituais aos grupos mediúnicos, nos quais a
equipe revela melhores condições de atendimento e auxílio, porque nessas
reuniões há maior homogeneidade de conhecimento espírita e união de sentimentos
e pensamentos.
São grupos
constituídos por um número reduzido de participantes, mas que revelam
experiência e habilidade no trato com os Espíritos seriamente desarmonizados.
A prática mediúnica, realizada nessas condições, favorece:
» Bom atendimento aos Espíritos portadores de graves desequilíbrios, como
perseguidores, casos graves que envolvem suicídios, homicídios, desencarnação
por torturas, ingestão de substâncias químicas viciantes
etc.;
» Frequentes manifestações dos benfeitores e orientadores da Vida Maior que esclarecem
a respeito do melhor atendimento a tais entidades espirituais;
» Instalação de equipamentos e realização de ações direcionadas para a defesa
da Instituição Espírita.
Os integrantes mais experientes desse tipo de reunião mediúnica aprenderam a
neutralizar ou amenizar o impacto das influências espirituais perturbadoras,
adotando comportamentos de conduta reta, ordeira e moralizadora, além de
atualização doutrinária, assim
especificados:
» Controle de emissões mentais, sentimentos e ações inferiores, por efeito da
vontade sabiamente administrada;
» Aperfeiçoamento do conhecimento espírita pela participação em cursos,
encontros, seminários e estudo de obras espíritas;
» Adoção do hábito da oração e da meditação;
» Integração em serviço de auxílio ao próximo, exercitando, assim, a prática da
caridade;
» Empenho no combate às imperfeições, de acordo com os preceitos do Evangelho e
do Espiritismo, tendo como guia a seguinte instrução de Paulo, o apóstolo,
existente em O evangelho segundo o espiritismo:
Fazei, pois, com que os vossos irmãos,
ao vos observarem, possam dizer que o verdadeiro espírita e o verdadeiro
cristão são uma só e a mesma coisa, visto que todos quantos praticam a caridade
são discípulos de Jesus, seja qual for o culto a que pertençam. (39)
37 KARDEC, Allan. O livro dos médiuns,
pt. 2, cap. 20, it. 228.
38 XAVIER, Francisco C. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel, q. 392.
39 KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo, cap. 15, it. 10.
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA.
MATÉRIA DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO
PACHECO QUADRADO.
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