CAPÍTULO X-BEM-AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS. A INDULGÊNCIA.
Dentro das instruções dos Espíritos, o irmão José, um Espírito Protetor em Bordeaux, no ano de 1.863, nos orienta que primeiramente devemos saber o que significa esta palavra tão doce. Ela quer dizer que todo ser humano deve ser tolerante e cultiva-la para com o seu irmão.
Com ela o ser humano não vê os defeitos alheios, e quando começa a enxerga-los os oculta, porque a malevolência tem sempre uma desculpa, uma escusa para não colocá-la em prática.
A indulgência não se preocupa com os atos maus dos outros, não faz observações chocantes, e não tem censura nos lábios, mas somente conselhos. Devemos julgar sim os nossos atos, os nossos pensamentos sem preocupar com os outros. Digo isto porque, cada um de nós esta num grau da evolução e nesta grande escola, a caminho da perfeição do nosso Espírito.
Devemos ser severos conosco e indulgentes com os outros, onde devemos nos espelhar no grande Pai Celestial que desculpa sempre as nossas faltas.
O Bom Espírito pede para que sejamos indulgentes, porque ela acalma, abranda e reergue, ao passo que o rigor desencoraja, afasta e irrita.
Com estas palavras chegamos à conclusão que devemos ser sim indulgentes para as faltas alheias, que não devemos julgar com severidade senão para com as nossas faltas, porque executando isto, Deus será indulgente conosco. Tudo funciona de acordo com o nosso plantio, dentro da lei das causas e efeitos.
Devemos com isto sustentar os fortes, encorajando-os para serem perseverantes, e também os fracos mostrando a bondade de Deus.
Este irmão Espiritual pede para mostrarmos a todos o anjo do arrependimento, que estende a sua asa branca sobre as faltas dos seres humanos, e vela os olhos daqueles que não podem ver o que é puro.
Que devemos compreender a misericórdia de Deus que perdoa as nossas faltas, assim como Ele espera de cada um de nós façamos, que devemos perdoar os que nos ofendem, e compreender melhor estas palavras não somente nas letras, mas sim colocando-as em prática.
E que raramente o que mais pedimos a Deus vem a ser o perdão das nossas faltas, sem que as vezes não perdoamos os nossos semelhantes, ou seja, os que nos ofendem. Que diante disto Deus não se contenta em apagar da Sua memória as nossas faltas, e Ele não nos pune, porém espera que a máxima seja coloca em prática perdoando os outros para depois pedir perdão.
Que quando reconhecemos os nossos erros não deixa de ser uma virtude, mas aqueles que têm a consciência que estão errados e continuam errando, acabam pecando duas ou mais vezes, porque erram conscientemente.
Uma coisa que este irmão Espiritual também nos esclarece, que quando estamos solicitando o perdão das nossas faltas e forças para nelas não mais cairmos, temos que somar a reparação ao arrependimento.
Já o Espírito do irmão João Bispo de Bordeaux, no ano de 1.862, recomenda-nos que devemos esquecer as ofensas dos outros, mais que com isto não devemos nos contentar em colocarmos um véu sobre o esquecimento das nossas faltas. Diz isto, porque o véu é bastante transparente aos nossos olhos, onde devermos perdoar não somente com a boca, mas com o coração, tendo como lema o amor junto ao perdão. Que com isto devemos fazer pelo nosso semelhante o que gostaríamos que fizessem por nós, e que devemos também substituir a cólera que nos cega, pelo amor que nos purifica, procurando seguir o exemplo daquele que foi a maior personagem que passou por aqui. E seguindo Ele por certo nos conduzirá ao repouso tão desejado por nós, após as nossas lutas para o lado do bem. Ele nos orienta também que devemos continuar carregando as nossas cruzes como Jesus carregou a sua, e como maior exemplo não cruzou os braços por isso, e sim continua nos abençoando e iluminando como Espírito e verdade.
Por outro lado o Bispo de Nevers em Bordeaux, chamado de Dufêtre, nos diz que para atingirmos o cume do progresso, temos que sermos firmes e indulgentes para com as falhas alheias. E que esta vem a ser a chave do progresso que poucas pessoas observam, onde todos nós temos más tendências a vencer e defeitos a corrigir, existindo hábitos a modificar. Esses defeitos que ele se refere, não consistem apenas naqueles que fumam, bebem, mais sim os vícios mais graves que são o nosso orgulho e a vaidade. Que corrigir os nossos erros não deixa de ser uma virtude, mas persistir neles acaba agravando as coisas.
Ele pergunta a nós o porquê sermos tão implacáveis com os outros e cegos para conosco, que devemos nos lembrar daquela máxima, não enxergar no olho do próximo um argueiro que nos cega, mais sim uma trave nos nossos olhos.
Que com isto devemos policiar as nossas atitudes e pensamentos esquecendo os outros dentro desta máxima, e que todo ser humano orgulhoso que se acha superior aos outros se considerando superdotado, acaba sendo insensato e culpado. Que a humildade e a caridade faz com que possamos ver nos outros senão superficialmente os seus defeitos, e sim enaltecer as suas virtudes, e se existir em nossos corações um abismo de corrupção, existem sim algumas dobras mais ocultas que vem a ser o germe de inúmeros bons sentimentos.
Diz que felizes são aqueles que abraçaram a religião Espírita, entendo-a, porque aproveitaram as orientações salutares que os Bons Espíritos trouxeram, e com os que sofrem aprenderam o que não fazer, e como não se portar como eles. Que para os Espíritas o caminho vem a ser iluminado, e em todo o seu percurso, podendo ler estas palavras que lhe indicam o meio de atingir o fim; caridade para com os outros e para si, e o amor para com Deus, aonde Nele resume todos os deveres, aonde a caridade vem a ser o ponto primordial para que todos possam receber Dele tudo isto, e mais que não enxergamos.
Para findar, pede que saibamos que devemos fazer tudo pelos outros sem querer nada em troca.
Foram feitas várias perguntas ao Irmão São Luiz em Paris no ano de 1.860, conforme abaixo:
1-Se uma pessoa não sendo perfeita pode repreender uma outra?
Ele respondeu que não, e eu acho que não tendo moral como que se acha na condição de fazer isto. Que devemos trabalhar para o progresso de todos, que quando formos repreender alguém façamos com moderação, e se possível somente com ele;
2- Se podemos observar as imperfeições dos outros, quando isto não venha a ser um benefício?
Respondeu que depende das nossas intenções se é para o bem ou para o mal. Outra falta grave é tornar público os defeitos dos outros.
3- Se existe situações que seja útil divulgarmos o mal dos outros?
Que acima de tudo deva prevalecer à caridade, e podemos fazer em particular a ele sem diminuí-lo, e que antes de tudo devemos somar os pros e contras.
CENTRO PARANAENSE DE ESTUDOS ESPÍRITAS.
Mensagem escrita pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.
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