A velhice
Que os velhos sejam sóbrios,
respeitáveis, sensatos, fortes na fé, na caridade e na perseverança.
Paulo. Tito, 2:2 (Bíblia de Jerusalém)
Marta Antunes Moura
O número de pessoas
idosas vem aumentado significativamente nas duas últimas décadas, no Brasil e
fora do país. O relatório nacional sobre envelhecimento da
população brasileira — documento elaborado pelo Ministério das
Relações Exteriores e representantes oficiais dos estados e da sociedade
civil — indica que os brasileiros com idade acima de 60 anos que representava,
em 1940, 4% da população, passou para 9% no ano 2000. Além disso, tem
aumentado o número de pessoas com idade acima de 80 anos que totalizava 166
mil, em 1940, e quase 1,8 milhões em 2000 (representando 12,6% da população
idosa e 1% da população total). O prestigioso U.S. Bureau of Censos informa que cerca de três
milhões de americanos têm atualmente 85 anos de idade ou mais. É o segmento da
população dos Estados Unidos que revela maiores taxas de crescimento,
abrangendo o surpreendente valor de 274% entre 1960 e 1994, período no qual a
população idosa duplicou e a população total cresceu somente 45%. E
vejam: esses são dados do início do século! A situação, hoje, ampliou.
Divaldo Pereira
Franco entende que a “questão da idade é mais psicológica do que real.
Certamente [afirma], do ponto de vista fisiológico, o organismo, à medida que o
tempo avança, tende a diminuir a sua flexibilidade, o seu equilíbrio, a
harmonia das funções. Entretanto, preservadas suas atividades pelo trabalho e
equilíbrio emocional, logra manter-se sem maiores danos. É possível conservar a
memória ativa, adquirir novos conhecimentos e realizar abençoadas
experiências.”1 Essas palavras do dedicado
médium brasileiro guardam sintonia com os atuais estudos de gerontologia que
apontam o trabalho ou atividade laboral como elemento de equilíbrio físico e
psíquico dos idosos, desde que cause satisfação e que possa ser exercida de
acordo com possibilidades de cada um.
Ante tais concepções,
com a aprovação do Estatuto do Idoso em
1.º de janeiro de 2004, o poder público e privado vem desenvolvendo projetos,
programas e ações com a finalidade de melhorar a qualidade de vida dos idosos,
inclusive com o desenvolvimento de programas de profissionalização
voltados para maiores de 60 anos. Foram criados estímulos para que as empresas
privadas admitam trabalhadores idosos (artigo 28).
Importa destacar,
porém, que os programas sociais não se restringem a designar, pura e
simplesmente, uma atividade qualquer ao idoso, para que ele se “distraia”,
“ocupe” ou “movimente-se”. Ao contrário, os projetos e programas sérios,
inclusive os desenvolvidos nas instituições espíritas, visam favorecer o real
envolvimento da pessoa nas atividades. Assim, é importante também destacar
estas ideias de Emmanuel quanto ao assunto:
Hoje, porém, sabemos
que a lei do trabalho é roteiro da justa emancipação. Sem ela o mundo mental
dorme estanque.
[…]
Não vale, contudo, agir por agir.
As regiões infernais vibram repletas de movimento.
Além do trabalho-obrigação que nos remunera de pronto, é
necessário nos atenhamos ao prazer de servir.
Nas contingências naturais do desenvolvimento terrestre, o espírito encarnado é
compelido ao esforço incessante, para o sustento do corpo físico.
[…]
Cativo, embora, às injunções do plano de obscura matéria em que
transitoriamente respira, pode, porém, desde a Terra, fruir a ventura do
serviço voluntário aos semelhantes todo aquele que descerre o espelho da
própria alma aos reflexos da Esfera Divina.
O trabalho-ação transforma o ambiente.
O trabalho-serviço transforma o homem.”2
Por preconceito ou
desinformação, há quem confunda a fragilidade física dos idosos com
desequilíbrio psíquico. Uma coisa não guarda relação com a outra. Em países
atentos à essa realidade, inclusive no Brasil, já existem programas sérios,
governamentais e não-governamentais, destinados à promoção, valorização e
preservação da saúde física e mental dos mais velhos: “No Japão, a idade
avançada é símbolo de status. […] Na
comemoração do sexagésimo aniversário de um homem, ele veste colete vermelho
que simboliza o renascimento para uma fase avançada da vida. […].”3
Felizmente, uma nova
mentalidade está surgindo em nível mundial, com propostas inovadoras e
humanitárias de combate ao preconceito ou à discriminação de pessoas idosas. 4 Vemos assim que, a despeito do aumento
significativo do número dos lares e organizações destinados ao abrigo idosos, a
mentalidade vigente distancia, cada vez mais, da antiga e triste constatação de
serem locais para “depósito de idosos” . Neste sentido, o Espiritismo
orienta-nos que o equilíbrio espiritual se obtém pelo conhecimento aliado à
prática da caridade. Qualquer um de nós, independentemente da idade ou saúde,
temos condições de fazer o bem, preservando, assim, o próprio equilíbrio. O
modelo a seguir, ainda segundo Emmanuel, é simples:
E, inspirados na
lição do Senhor, os vanguardeiros do bem substituem os vales da imundície pelos
hospitais confortáveis; combatem vícios multimilenários, com orfanatos e
creches; instalam escolas, onde a cultura jazia confiada a escravos; criam
institutos de socorro e previdência, onde a sociedade mantinha a mendicância
para os mais fracos. E a caridade, como gênio cristão na Terra, continua
crescendo com os séculos, através da bondade de um Francisco de Assis, da
dedicação de um Vicente de Paulo, da benemerência de um Rockfeller ou da
fraternidade do companheiro anônimo da via pública, salientando, valorosa e
sublime, que o Espírito do Cristo prossegue agindo conosco e por nós. 4
Considerando que o
Centro Espírita é escola de formação espiritual e moral, um núcleo de estudo e
de fraternidade, de oração e trabalho, deve, nesse contexto, desenvolver ações
de atendimento aos idosos, amparando-os na velhice. São, pois, atuais estas orientações
transmitidas por Jesus a Simão Pedro, registradas por Humberto de Campos:
— Simão — disse o
Mestre com desvelado carinho — poderíamos acaso perguntar a idade do nosso
Pai? E se fôssemos contar o tempo, na ampulheta das inquietações humanas, quem
seria o mais velho de todos nós? A vida, na sua expressão terrestre, é como uma
árvore grandiosa. A infância é a sua ramagem verdejante. A mocidade se
constitui de suas flores perfumadas e formosas. A velhice é fruto da
experiência e da sabedoria. Há ramagens que morrem depois do primeiro beijo do
sol, e flores que caem ao primeiro sopro da primavera. O fruto, porém, é sempre
uma bênção do Todo-Poderoso. A ramagem é uma esperança; a flor uma promessa; o
fruto é realização. Só Ele contém o doce mistério da vida, cuja fonte se perde
no infinito da Divindade!5
REFERÊNCIAS
1.
FRANCO, Divaldo P. Laços de família. Por autores diversos. Org.
Antonio César Perri de Carvalho. São Paulo: USE, 1994, p.53.
2.
XAVIER, Francisco C. Pensamento e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 19. ed.
Brasília: FEB, 2013. Cap. 7, p. 31-32.
3.
PAPALIA, Diane E. e OLDS, Sally
W. Desenvolvimento humano. Traduzido por Daniel
Bueno. 7.ed. Porto Alegre: Artmed, 2000. Cap. 16, p. 492.
4.
XAVIER, Francisco C. Roteiro. Pelo Espírito Emmanuel. 14. ed. Brasília:
FEB, 2012. Cap. 16, p.73.
5.
_____. Boa
nova. Pelo Espírito Humberto de Campos. 37. ed. Brasília: FEB,
2013. Cap. 9, p.60-61.7.
6.
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO
PACHECO QUADRADO.
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