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O ódio precisa
acabar
Perdoar é sublime. Disso nos deu
exemplo Jesus, nosso Mestre, no Seu processo arbitrário de julgamento,
flagelação e morte.
Quem assinalara que se devia amar os inimigos, não
poderia ter outra atitude.
No entanto, quando o perdão nos remete a questões
individuais, de um modo geral, reconhecemos como se torna de difícil execução o
exemplo do Nazareno.
Parece-nos impossível que determinadas coisas
possam ser perdoadas. Mas, algumas criaturas o fazem, com subida dignidade.
Como Eric Lomax.
Ele era um oficial
britânico, quando se tornou prisioneiro em um local que ficou conhecido como
ferrovia da morte.
Essa estrada de ferro ligava Bangcoc à Birmânia,
atual Mianmar. O projeto era japonês, mas foi concretizado por milhares de
prisioneiros de guerra.
Estima-se que oitenta e três mil tenham morrido
enquanto eram explorados, durante a construção da ferrovia.
Foi lá que Lomax conheceu Nagase Takashi, um de
seus torturadores, que também servia de intérprete.
Durante um ano inteiro, oficiais japoneses tentaram
fazer com que ele confessasse ser colaboracionista da resistência, o que nunca
foi verdade.
Lomax teve quebrados seus braços e ossos do
quadril, além de ter sido submetido a táticas de afogamento.
Quando retornou ao seu país, em 1945, após três
anos como prisioneiro, ninguém o esperava no cais. Uma carta o informou de que
sua mãe morrera e seu pai tornara a se casar.
Ele precisou de intenso trabalho terapêutico e do
auxílio de sua esposa, para enfrentar o horror indizível de seu trauma.
Quarenta anos depois, ainda sofrendo da síndrome do
estresse pós-traumático, ele encontrou aquele que identificava como o principal
responsável por sua tortura.
Ainda ecoavam em
sua mente as palavras insistentes: Confessa, Lomax. Confessa e não
haverá mais dor.
De acordo com a esposa do britânico, a intenção
dele, ao marcar um encontro com o japonês era matá-lo.
Os dois se reencontraram justamente na ferrovia que
Lomax fora forçado a ajudar a construir.
A imagem da guerra, que mais atormentava Nagase era
a de um tenente inglês, cuja tortura ele havia facilitado e acreditava estar
morto.
Assim que enxergou Eric, Takashi começou a chorar e
a pedir perdão, compulsivamente. Foi então que Lomax descobriu que, depois da
guerra, seu inimigo mortal fora condenado e passara a trabalhar na rodovia, à
procura de corpos.
Contudo, não pôde de imediato desistir de sua
vingança e reconciliar-se com quem considerava seu inimigo mortal.
Algumas semanas depois, em Hiroshima, de todos, o
local mais improvável, Lomax concedeu o perdão de que necessitava Nagase para
viver e morrer em paz.
Acabaram por se
tornar amigos e, em uma carta, mais tarde, escreveu-lhe Lomax: Algum
dia, o ódio precisa acabar.
* * *
O perdão traz a paz. Por vezes, é um processo que
necessita de tempo.
Tempo para quem se considera a vítima administrar o
sentido das dores, dentro de si.
Tempo para olhar o inimigo e se dar conta de que
ele é um infeliz, que igualmente precisa de paz.
E, como o
ódio precisa acabar, se oferece o perdão.
Redação do Momento Espírita, com base
em dados biográficos de Eric Lomax.
Em 23.3.2016.
em dados biográficos de Eric Lomax.
Em 23.3.2016.
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO
QUADRADO
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