segunda-feira, 16 de maio de 2016

DA INFÂNCIA


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CAPÍTULO VII. RETORNO A VIDA CORPORAL.
por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires
DA INFÂNCIA
O Espírito que anima o corpo de uma criança é tão desenvolvido quanto o de um adulto, podendo mesmo ser mais se ele mais progrediu, pois são apenas os órgãos imperfeitos que o impedem de se manifestar. Age de acordo com o instrumento de que se serve.
Enquanto criança, é natural que os órfãos da inteligência não estando desenvolvidos, não podendo dar-lhe toda a intuição de um adulto: sua inteligência com efeito, é bastante limitada, até que a idade lhe amadureça a razão. A perturbação que acompanha a encarnação não cessa de súbito com o nascimento, e só se dissipa com o desenvolvimento dos órgãos.
Comentário de Kardec:  Uma observação vem ao apoio desta resposta: é que os sonhos de uma criança não têm o caráter dos sonhos de um adulto; seu objeto é quase sempre pueril, o que é um indício da natureza das preocupações do Espírito.
Com a morte do corpo físico da criança o Espírito retoma imediatamente o seu vigor primitivo pois que está desembaraçado do seu envoltório carnal: entretanto, ele não retoma a sua lucidez, primitiva enquanto a separação não estiver completa, ou seja, enquanto não desaparecer toda ligação entre o Espírito e o corpo.
O Espírito encarnado não sofre durante a infância, com o constrangimento imposto pela imperfeição dos seus órgãos, pois esse estado é uma necessidade natural e corresponde aos desígnios da Providência. É um tempo de repouso para o Espírito.
A utilidade do Espírito passar pela infância quando reencarna é de se aperfeiçoar, pois o Espírito é mais acessível durante esse tempo às impressões que recebe e que podem ajudar o seu adiantamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados da sua educação.
Os primeiros gritos da criança são de choro para excitar o interesse da mãe, e provocar os cuidados necessários. Se ela só tivesse gritos de alegria quando ainda não sabe falar, pouco se inquietariam com as suas necessidades? Admirai, pois, em tudo, a sabedoria da Providência.
O motivo da mudança que se opera no seu caráter a uma certa idade, é o de particularmente ao sair da adolescência, e o Espírito que retoma a sua natureza se mostra tal qual era.  Não conhecemos o mistério que as crianças ocultam em sua inocência; não sabemos o que elas são, nem o que foram, nem o que serão; e no entanto as amais e acariciais como se fossem uma parte de nós mesmos, de tal maneira que o amor de uma mãe por seus filhos é reputado como o maior amor que um ser possa ter por outros seres. De onde vêm essa doce afeição, essa terna complacência que até mesmo os estranhos experimentam por uma criança.
As crianças são os seres que Deus envia a novas existências e, para que não possam acusá-lo de demasiada severidade, dá-lhes todas as aparências de inocência. Mesmo numa criança de natureza má, suas faltas são cobertas pela não-consciência dos atos. Esta inocência não é uma superioridade real, em relação ao que elas eram antes; não, é apenas a imagem do que elas deveriam ser, e se não o são, é sobre elas somente que recai a culpa.
Mas não é somente por ela que Deus lhe dá esse aspecto, é também sobretudo por seus pais, cujo amor é necessário à fragilidade infantil. E esse amor seria extraordinariamente enfraquecido pela presença de um caráter impertinente e acerbo, enquanto, supondo os filhos bons e ternos, dão-lhes toda a afeição e os envolvem nos mais delicados cuidados. Mas quando as crianças não mais necessitam dessa proteção, dessa assistência que lhes foi dispensada durante quinze a vinte anos, seu caráter real e individual reaparece em toda a sua nudez: permanecem boas, se eram fundamentalmente boas, mas se irisam sempre de matizes que estavam na primeira infância.
Vejamos que os caminhos de Deus são sempre os melhores, e que, quando se tem o coração puro, é fácil conceber-se a explicação a respeito.
Com efeito, ponderemos que o Espírito da criança que nasce entre nós pode vir de um mundo em que tenha adquirido hábitos inteiramente diferentes; como queremos que permanecesse no nosso meio esse novo ser, que traz paixões tão diversas das que possuímos, inclinações e gostos inteiramente opostos aos nossos; como queremos que se incorporasse no vosso ambiente, senão como Deus quis, ou seja, depois de haver passado pela preparação da infância? Nesta vêm confundir-se todos os pensamentos, todos os caracteres, todas as variedades de seres engendrados por essa multidão de mundos em que se desenvolvem as criaturas. E nós mesmos, ao morrermos, estaremos numa espécie de infância, no meio de novos irmãos, e na nossa nova existência não terrena ignoraremos os hábitos, os costumes, as formas de relação desse mundo, novo para nós, manejaremos com dificuldade uma língua que não estamos habituados a falar, língua mais vivaz do que o é atualmente o nosso pensamento.
A infância tem ainda outra utilidade: os Espíritos não ingressam na vida corpórea senão para se aperfeiçoarem, para se melhorarem; a debilidade dos primeiros anos os torna flexíveis, acessíveis aos conselhos da experiência e daqueles que devem fazê-los progredir. É então que se pode reformar o seu caráter e reprimir as suas más tendências. Esse é o dever que Deus confiou aos pais, missão sagrada pela qual terão de responder.
É assim que a infância é não somente útil, necessária, indispensável mas ainda a consequência natural das leis. Deus estabeleceu e que regem o Universo.


(1) Os pais e os professores espíritas devem ponderar sobre este item e os que se lhe seguem. O Espiritismo vem abrir um novo capítulo da psicologia infantil e da pedagogia, mostrando a importância da educação da criança não apenas para esta vida mas para a sua própria evolução espiritual.
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO



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