SOBRE A MEMÓRIA.
Afinal, o que é a
memória? Para o dicionarista, memória é faculdade pela qual o espírito conserva
ideias ou imagens, ou as readquire sem grande esforço. Onde a sede da consciência e do pensamento? Do
que são feitas as “vozes” e imagens da reminiscência? Onde enxergamos as
imagens produzidas pela recordação? O que é o inconsciente e de onde brotam as
lembranças antes de as termos conscientemente? O que é a mente e o que anima o
corpo? São questões que o orbe academicista não dá conta de explicar.
A mente é o espelho
da vida em toda parte e o cérebro é o centro de suas sinuosidades, originando a
força do pensamento que tudo move, instituindo e alterando, destruindo e
recompondo para acrisolar e sublimar. “Comparemos a mente humana (espelho vivo
da consciência lúcida) a um grande escritório, subdividido em diversas seções
de serviço. Aí permanece o Departamento do Desejo, em que operam os propósitos
e as aspirações, acalentando o estimulo ao trabalho; o Departamento da
Inteligência, dilatando os patrimônios da evolução e da cultura; o Departamento
da Imaginação, amealhando as riquezas do ideal e da sensibilidade; o
Departamento da Memória, arquivando as súmulas da experiência, e outros ainda
que definem os investimentos da alma.
Sob o guante das
teses materialistas, porém, a memória somente advém dos miolos encefálicos. O
que está registrado no cérebro provém dos sentidos. A percepção dos sons,
imagens, odores, sabores, pressões, aflições, frio, calor, equilíbrio e todas
as outras possíveis sensações não se dão nos órgãos sensoriais, mas no cérebro,
que interpreta as sensações com base em tudo que tem registrado. Atestam os
academicistas que a consciência é a operação cerebral de municiar a pessoa do
conhecimento de algo percebido ou processado. Para eles, inexiste o tal
espírito.
Para esses
defensores, o “eu” é a consciência de si próprio, isto é, uma operação
exclusiva do cérebro em reconhecer-se a si mesmo e ao organismo que o contém
como algo distinto do resto do mundo. Tudo isso é gravado nas conexões
neuronais que formam a memória. Afirmam os catedráticos que todas as operações
psíquicas, como pensar, sentir, querer são procedidas sobre os registros da
memória, que incluem não só imagens de sensações, mas também registro de
operações. Tudo isso pode perfeitamente ser reproduzido em aparato artificial,
capaz de ter consciência, emoções etc.
Será que são
razoáveis tais assertivas dos arautos do materialismo contemporâneo?
Do ponto de vista
espírita, “o cérebro é o dínamo que produz a energia mental, segundo a
capacidade de reflexão que lhe é própria”. No entanto, na vontade, temos o
controle que a dirige nesse ou naquele rumo, estabelecendo causas que comandam
os problemas do destino. Sem ela, o desejo pode comprar ao engano aflitivos
séculos de reparação e sofrimento; a inteligência pode aprisionar-se na enxovia
da criminalidade; a imaginação pode gerar perigosos monstros na sombra, e a
memória, não obstante fiel à sua função de registradora, conforme a destinação
que a natureza lhe assinala, pode cair em deplorável relaxamento.
Na verdade, a
comunidade científica já comprovou que o pensamento, aliás, os pensamentos são
correntes eletromagnéticas – eletricidade e magnetismo, portanto energia! Para
aqueles que arrazoam que o pensamento ocorre dentro do cérebro – precisam
aceitar que são apenas aparelhos eletromagnéticos e que os pensamentos vêm de
fora e não do interior da cachola física. No arcabouço perispirítico, a memória
tudo armazena, e pelo mecanismo da criptomnésia são guardadas as conquistas da
própria memória, conservando, provisoriamente apagadas, as lembranças de outras
vidas pretéritas, por exemplo, o que não significa dizer que não se pode ter
acesso a esses acervos de forma natural ou provocada.
Mas será que
verdadeiramente a reminiscência do Espírito está armazenada na contextura
perispiritual? Memória é a aptidão de evocar informações guardadas em nosso
“cérebro psissomático”. Mas como essas imagens ou sensações são arquivadas? Há
espíritas que negam tal probabilidade, assegurando serem o corpo físico e o períspirito
apenas os veículos de manifestação do espírito. Alegam que o corpo físico não
pensa, não raciocina, não memoriza, e, portanto a memória não está sediada no
corpo físico nem no períspirito, mas reside exclusivamente no próprio espírito,
pois o períspirito apenas reflete o pensamento do espírito. Contudo, avaliando
que todos os espíritos possuirão para sempre um envoltório perispiritual, até
mesmo os espíritos puros (que conterão um invólucro mais divinizado), a questão
da sede essencial da memória ainda não estaria elucidada.
Entendemos que os
subsídios que adquirimos nas experiências de vidas pregressas, os fatos que
desvendamos incorporam-se à nossa memória, cujos registros fundamentais se
localizam no “cérebro perispiritual”, e, conquanto gravadas no ocaso do dito
inconsciente, jazem ali, à nossa disposição. Quão mais informações tenhamos
alcançado no pretérito, mais simplificado se torna decidir com êxito as
circunstâncias novas, porque trazemos uma espécie de banco de dados mais amplo,
contra o qual checamos comparativamente os episódios novos, as novas
conjeturas, as novas experiências. É sempre mais fácil erguer sobre a fundação
já solidificada.
Como elucubramos
sobre a memória, há, igualmente, por aqui, semelhanças observáveis com a
informática, pois os computadores atuais não são mais do que “cérebros
artificiais”, embora extremamente primitivos e limitados em comparação com o
cérebro perispiritual. São simples bancos de dados que deliberam entre duas
alternativas, conforme um programa preestabelecido e de acordo com o estoque de
informações que têm gravado em suas memórias. É evidente que não ansiamos expor
que o computador seja inteligente, nem que tenha intuição, todavia é correto
dizer que se aproveita de um dos atributos da inteligência humana, isto é, a
memória.
MENSAGEM COMPARTILHADA PELO MÉDIUM
GETULIO PACHECO QUADRADO
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