Resumo
da lei dos fenômenos espíritas > Manifestações dos Espíritos
10. Os Espíritos podem se manifestar
de maneiras bem diferentes: pela visão, pela audição pelo toque, pelos ruídos,
pelos movimentos dos corpos, pela escrita, pelo desenho, pela música, etc. Eles
se manifestam por intermédio de pessoas dotadas de uma aptidão especial para
cada gênero de manifestação e que se distinguem sob o nome de médiuns. É
assim que se distinguem os médiuns videntes, falantes, audientes, sensitivos,
de efeitos físicos, desenhistas, tiptólogos, escreventes, etc. Entre os médiuns
escreventes, há numerosas variedades, segundo a natureza das comunicações que
estão aptos a receber.
11. O fluido que compõe o períspirito penetra todos os corpos e os atravessa
como a luz atravessa os corpos transparentes; nenhuma matéria lhe opõe
obstáculo. É por isso que os Espíritos penetram por toda a parte, nos lugares o
mais hermeticamente fechados; é uma ideia ridícula crer-se que eles se
introduzem por uma pequena abertura, como o buraco de uma fechadura ou o tubo
de uma chaminé.
12. O períspirito, embora invisível para nós no estado normal, não deixa de ser
matéria etérea. O Espírito pode, em certos casos, fazê-lo sofrer uma espécie de
modificação molecular que o torna visível e mesmo tangível; assim é que se
produzem as aparições. Esse fenômeno não é mais extraordinário do que o do
vapor que é invisível quando está mais rarefeito, e que se torna visível quando
está condensado. Os Espíritos que se tornam visíveis se apresentam, quase
sempre, sob a aparência que tinham quando vivos e que podem fazê-los reconhecer.
13. É com a ajuda do seu períspirito, que o Espírito atua sobre seu corpo vivo;
é ainda com esse mesmo fluido que ele se manifesta atuando sobre a matéria
inerte, que produz os ruídos, os movimentos de mesas e outros objetos, que
ergue, tomba ou transporta. Esse fenômeno nada tem de surpreendente se se
considera que, entre nós, os mais poderosos motores se acham nos fluidos os
mais rarefeitos e mesmo imponderáveis, como o ar, o vapor e a eletricidade. É
igualmente com a ajuda do seu períspirito que o Espírito faz os médiuns
escreverem, falarem, ou desenharem; não tendo mais corpo tangível para atuar
ostensivamente quando quer se manifestar, ele se serve do corpo do médium, de
quem empresta os órgãos que faz atuarem como se fosse seu próprio corpo, e isso
pela emanação fluídica que derrama sobre ele.
14. No fenômeno designado sob o nome de mesas girantes ou falantes,
é pelo mesmo meio que o Espírito atua sobre a mesa, seja para fazê-la mover sem
significação determinada, seja para fazê-la dar golpes inteligentes indicando
as letras do alfabeto, para formar palavras e frases, fenômeno designado sob o
nome de tiptologia. A mesa não é aqui senão um instrumento do
qual ele se serve, como o faz com o lápis para escrever; lhe dá uma vitalidade
momentânea pelo fluido com o qual a penetra, mas ele não se identifica com ela.
As pessoas que, em sua emoção, vendo se manifestar um ser que lhes é caro,
abraçam a mesa, praticam um ato ridículo, porque é absolutamente como se elas
abraçassem o bastão do qual um amigo se serve para dar pancadas. Ocorre o mesmo
com aqueles que dirigem a palavra à mesa, como se o Espírito estivesse
encerrado na madeira e como se a madeira tivesse se tornado espírito. Quando as
comunicações ocorrem por esse meio, é preciso imaginar o Espírito não na mesa,
mas ao lado, tal como estaria se estivesse vivo, e tal como se
o veria se, nesse momento, pudesse se tornar visível. A mesma coisa ocorre nas
comunicações pela escrita; ver-se-ia o Espírito ao lado do médium, dirigindo
sua mão, ou lhe transmitindo o seu pensamento por uma corrente fluídica.
15. Quando a mesa se destaca do solo e flutua no espaço sem ponto de apoio, o
Espírito não a ergue com força do braço, mas a envolve e a penetra com uma
espécie de atmosfera fluídica que neutraliza o efeito da gravitação, como o ar
o faz para os balões e os papagaios de papel. O fluido do qual está penetrada
lhe dá, momentaneamente, uma leveza específica maior. Quando ela está pregada
no solo, está num caso análogo ao da campana pneumática sob a qual se faz o
vácuo. Estas não são senão comparações para mostrar a analogia dos efeitos e
não a similitude absoluta das causas. Compreende-se, depois disso, que não é
mais difícil ao Espírito erguer uma pessoa do que erguer uma mesa, de
transportar um objeto de um lugar para outro ou de lançá-lo em qualquer parte; esses
fenômenos se produzem pela mesma lei. Quando a mesa persegue alguém, não é o
Espírito que passeia, porque ele pode permanecer tranquilamente no mesmo lugar,
mas é quem lhe dá impulso por uma corrente fluídica com a ajuda da qual a faz
mover-se à sua vontade. Quando os golpes se fazem ouvir na mesa ou fora dela, o
Espírito não bate com a sua mão, nem com um objeto qualquer; dirige sobre o
ponto de onde parte o ruído, um jato de fluido que produz o efeito de um choque
elétrico. Ele modifica o ruído, como se podem modificar os sons produzidos pelo
ar.
16. A obscuridade necessária à produção de certos efeitos físicos, sem
dúvida, se presta à suspeição e à fraude, mas nada prova contra a possibilidade
do fato. Sabe-se que, na química, há combinações que não se podem operar sob a
luz; que composições e decomposições ocorrem sob a ação do fluido luminoso;
ora, sendo todos os fenômenos espíritas o resultado da combinação dos fluidos
próprios do Espírito e do médium, e esses fluidos sendo da matéria, nada há de
espantoso de que, em certos casos, o fluido luminoso seja contrário a essa
combinação.
17. Os Espíritos superiores não se ocupam das comunicações inteligentes senão
tendo em vista a nossa instrução; as manifestações físicas ou puramente
materiais, estão mais especialmente nas atribuições dos Espíritos inferiores,
vulgarmente designados sob o nome de Espíritos batedores, como,
entre nós, as habilidades dizem respeito aos saltimbancos e não aos sábios.
18. Os Espíritos são livres; se manifestam quando querem, a quem lhes convêm e
também quando podem, porque não têm sempre a possibilidade. Eles não
estão às ordens e ao capricho de quem quer que seja e não é dado a ninguém
fazer com que venham contra sua vontade, nem fazê-los dizer o que querem
calar; de sorte que ninguém pode afirmar que um Espírito qualquer virá
ao seu chamado em um momento determinado, ou responderá a tal ou tal pergunta.
Dizer o contrário, é provar ignorância absoluta dos princípios mais elementares
do Espiritismo; só o charlatanismo tem fontes infalíveis.
19. Há pessoas que obtêm regularmente e, de alguma forma, à vontade, a produção
de certos fenômenos; mas, há que se anotar que esses são sempre efeitos
puramente físicos, mais curiosos do que instrutivos, e que se produzem
constantemente em condições análogas. As circunstâncias nas quais são obtidos
são de natureza a inspirarem dúvidas, tanto mais legítimas sobre sua realidade
quando são geralmente objetos de uma exploração, e, frequentemente, quando é
difícil distinguir a mediunidade real da prestidigitação. Os fenômenos desse
gênero, entretanto, podem ser o produto de uma mediunidade verdadeira, porque
pode ocorrer que Espíritos de baixo estágio, que talvez tinham tido esse
ofício, se comprazam nessas espécies de exibições; mas seria absurdo pensar que
os Espíritos, por pouca que seja sua elevação, se alegrem em se exibirem. Isso
não infirma em nada o princípio da liberdade dos Espíritos; aqueles que vêm, o
fazem porque isso lhes agrada, mas não porque sejam
constrangidos, e do momento que não lhes convenha mais vir, se o indivíduo for
verdadeiro médium, nenhum efeito se produzirá. Os mais poderosos médiuns, de
efeitos físicos ou outros, têm tempos de interrupção, independentemente de sua
vontade; os charlatães não os têm jamais. De resto, esses fenômenos, supondo-os
reais, são apenas uma aplicação muito parcial da lei que rege
as relações do mundo corporal com o mundo espiritual, mas não
constituem o Espiritismo; de sorte que sua negação não infirmaria em
nada os princípios gerais da Doutrina.
20. Certas manifestações espíritas se prestam, bem facilmente, a uma imitação
mais ou menos grosseira; mas do fato de que puderam ser explorados, como tantos
outros fenômenos, pela charlatanice e pela prestidigitação, seria absurdo disso
concluir que elas não existam. Para aquele que estudou e conhece as condições
normais nas quais elas podem se produzir, é fácil distinguir a imitação da
realidade; a imitação, de resto, não poderia jamais ser completa e não pode
enganar senão o ignorante incapaz de apreender as nuanças características do
fenômeno verdadeiro.
21. As manifestações mais fáceis de serem imitadas, são certos efeitos físicos
e os efeitos inteligentes vulgares, tais como os movimentos, as pancadas, os
transportes, a escrita direta, as respostas banais, etc.; não ocorre o mesmo
com as comunicações inteligentes de uma alta importância, ou na revelação de
coisas notoriamente desconhecidas do médium; para imitar os primeiros não é
preciso senão a destreza; para simular os outros é preciso, quase sempre, uma
instrução pouco comum, uma superioridade intelectual fora de série e uma
faculdade de improvisação, por assim dizer, universal, ou o dom da adivinhação.
22. As produções de espectros nos teatros foram apresentadas, injustamente,
como tendo relações com a aparição de Espíritos, das quais são apenas uma
grosseira e imperfeita imitação. É preciso ignorar os primeiros elementos do
Espiritismo para ver nisso a menor analogia e crer que é disso que se ocupa nas
reuniões espíritas. Os Espíritos não se tornam visíveis ao comando de ninguém,
mas por sua própria vontade, nas condições especiais que não estão no poder de
quem quer que seja provocar.
23. As evocações espíritas não consistem, como alguns imaginam, em fazer voltar
os mortos com um aspecto lúgubre da tumba. Não é senão nos romances, nos contos
fantásticos de fantasmas e no teatro que se veem os mortos descarnados saírem
de seus sepulcros vestidos de lençóis e fazendo estalar seus ossos. O Espiritismo,
que jamais fez milagres, tanto esse como outros, jamais fez reviver um corpo
morto; quando o corpo está na cova, aí está definitivamente; mas o ser
espiritual, fluídico, inteligente, aí não está metido com seu envoltório
grosseiro; dele se separou no momento da morte e, uma vez operada a separação,
não tem mais nada de comum com ele.
24. A crítica malevolente procura representar as comunicações espíritas como
cercadas de práticas ridículas e supersticiosas da magia e da necromancia.
Diremos simplesmente que não há, para se comunicar com os Espíritos, nem dias,
nem horas, nem lugares mais propícios uns do que os outros; que não é preciso
para evocá-los, nem fórmulas, nem palavras sacramentais ou cabalísticas; e não
há necessidade de nenhuma preparação, de nenhuma iniciação; que o emprego de
qualquer sinal ou objeto material, seja para atraí-los, seja para afastá-los,
não tem efeito e o pensamento basta; enfim, que os médiuns recebem suas
comunicações tão simplesmente e tão naturalmente como se fossem ditadas por uma
pessoa viva, sem sair do estado normal. Só o charlatanismo poderia tomar
maneiras excêntricas e adicionar acessórios ridículos. A evocação dos Espíritos
se faz em nome de Deus, com respeito e recolhimento; é a única coisa
recomendada às pessoas sérias que querem ter relações com Espíritos sérios.
25. As comunicações inteligentes, que se recebem dos Espíritos, podem ser boas
ou más, justas ou falsas, profundas ou levianas, segundo a natureza dos
Espíritos que se manifestam. Os que provam a sabedoria e o saber são Espíritos
avançados que progrediram; os que provam a ignorância e as más qualidades são
Espíritos ainda atrasados, mas que progredirão com o tempo. Os Espíritos não
podem responder senão sobre o que sabem, segundo seu adiantamento, e, ademais,
sobre o que lhes é permitido dizerem, porque há coisas que não devem revelar,
uma vez que ainda não é dado ao homem tudo conhecer.
26. Da diversidade nas qualidades e nas aptidões dos Espíritos, resulta que não
basta se dirigir a um Espírito qualquer para obter uma resposta justa a toda
pergunta, porque, sobre muitas coisas, não podem dar senão a sua
opinião pessoal, que pode ser justa ou falsa. Se ele for sábio,
confessará a sua ignorância sobre o que não sabe; se for leviano ou mentiroso,
responderá sobre tudo sem se importar com a verdade; se for orgulhoso, dará a
sua ideia como verdade absoluta. Haveria, pois, imprudência e leviandade em
aceitar, sem controle, tudo o que vem dos Espíritos. Por isso, é essencial
estar esclarecido quanto à natureza daqueles com os quais se ocupe. (O Livro
dos Médiuns, nº 257.)
27. Reconhece-se a qualidade dos Espíritos por sua linguagem; a dos Espíritos
verdadeiramente bons e superiores é sempre digna, nobre, lógica, isenta de
contradições; anuncia a sabedoria, a benevolência, a modéstia e a mais pura
moral; é concisa e sem palavras inúteis. Entre os Espíritos inferiores,
ignorantes ou orgulhosos, o vazio das ideias, quase sempre, é compensado pela
abundância das palavras. Todo pensamento evidentemente falso, toda a máxima
contrária à sã moral, todo conselho ridículo, toda expressão grosseira, trivial
ou simplesmente frívola, enfim, toda marca de malevolência, de presunção ou de
arrogância, são sinais incontestáveis de inferioridade em um Espírito.
28. O objetivo providencial das manifestações é convencer os incrédulos de que
tudo não termina, para o homem, com a vida terrestre e de dar aos crentes ideias
mais justas sobre o futuro. Os bons Espíritos vêm nos instruir tendo em vista o
nosso melhoramento e o nosso adiantamento e não para nos revelar o que não
devemos ainda saber, ou o que não devemos aprender senão pelo nosso trabalho.
Se bastasse interrogar os Espíritos, para se obter a solução de todas as
dificuldades científicas, ou para fazer descobertas e invenções lucrativas,
todo ignorante poderia tornar-se sábio facilmente e todo preguiçoso poderia se
enriquecer sem esforço; é o que Deus não quer. Os Espíritos ajudam o homem de
gênio pela inspiração oculta, mas não o isentam nem do trabalho das pesquisas, a
fim de deixar-lhe o mérito.
29. Seria fazer uma ideia bem falsa dos Espíritos, vendo neles apenas os
auxiliares dos ledores de sorte; os Espíritos sérios recusam-se ocupar de
coisas fúteis; os Espíritos levianos e zombeteiros se ocupam de tudo, respondem
a tudo, predizem tudo o que se quer, sem se inquietarem com a
verdade, e sentem um prazer maligno ao mistificarem as pessoas muito crédulas;
é por isso que é essencial estar perfeitamente fixado sobre a natureza das
perguntas que se podem dirigir aos Espíritos. (O Livro dos Médiuns, nº
286: Perguntas que se podem dirigir aos Espíritos)
30. As manifestações não estão, pois, destinadas a servirem aos interesses
materiais, cujo cuidado está entregue à inteligência, ao discernimento e à
atividade do homem. Seria em vão que tentar-se-ia empregá-las para conhecer o
futuro, descobrir tesouros ocultos, recuperar heranças, ou encontrar meios de
se enriquecer. Sua utilidade está nas consequências morais que dela decorrem;
mas se não tivessem por resultado senão fazer conhecer uma nova lei da
Natureza, de demonstrar, materialmente, a existência da alma e sua
imortalidade, isso já seria muito, porque seria um novo e largo caminho aberto
à filosofia.
31. Pode-se ver, por essas poucas palavras, que as manifestações espíritas, de
qualquer natureza que sejam, nada têm de sobrenatural nem de maravilhoso. São
fenômenos que se produzem em virtude da lei que rege as relações do mundo
corporal e do mundo espiritual, lei também tão natural como a da eletricidade,
da gravidade, etc. O Espiritismo é a ciência que nos faz conhecer essa lei,
como a mecânica nos faz conhecer a lei do movimento, a ótica a da luz. As
manifestações espíritas, estando na Natureza, produziram-se em todas as épocas;
a lei que as rege, sendo conhecida, nos explica uma série de problemas
considerados insolúveis; é a chave de uma multidão de fenômenos explorados e
aumentados pela superstição.
32.
Estando o maravilhoso completamente descartado, esses fenômenos nada mais têm
que repugne à razão, porque vêm tomar lugar ao lado dos outros fenômenos
naturais. Nos tempos da ignorância, todos os efeitos dos quais não se conhecia
a causa eram reputados sobrenaturais; as descobertas da ciência restringiram
sucessivamente o círculo do maravilhoso; o conhecimento dessa nova lei veio
reduzi-lo a nada. Aqueles, pois, que acusam o Espiritismo de ressuscitar o
maravilhoso, provam, por isso mesmo, que falam de uma coisa que não conhecem.
MENSAGEM
COMPARTILHADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.
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