Amor
fraternal
Os que nascemos em uma mesma família estamos unidos pelos laços de
sangue. Esses laços, no entanto, não configuram laços de amor necessariamente.
Não é raro irmãos viverem às
turras, ou terem muito ciúme e inveja uns dos outros, criando dificuldades de
relacionamento no lar.
Ou chegarem mesmo à agressão, à
usurpação dos direitos e bens uns dos outros.
Contudo, quando os laços
afetivos existem, é comovedor se observar a dedicação de alguns irmãos.
Carinho, atenção, dedicação,
renúncia são algumas das expressões que surgem, de forma espontânea e
comovedora.
Recentemente, soubemos da
história de uma garotinha de seus quatro para cinco anos de idade.
Seu irmãozinho, de oito anos,
enfermou e o diagnóstico foi leucemia.
Pai e mãe passaram a se
desvelar pelo garoto. Exames, internamentos, quimioterapia. Tudo o que a
medicina hoje oferece aos portadores dessa enfermidade.
Certo dia, a mãe tomou a menina
entre seus braços e explicou que o irmão ficaria num hospital, durante algum
tempo.
Ele precisava de um tratamento
especial para melhorar.
Explicou também que, quando ele
voltasse, ela não se assustasse porque, possivelmente, por causa do tratamento,
ele teria perdido todo seu cabelo.
Também lhe recomendou que não
risse ou fizesse brincadeiras quando visse a “carequinha” do irmão.
A menina ouviu com atenção e
ficou calada. A mãe até pensou que ela não havia entendido bem. Entretanto,
resolveu esperar.
Alguns dias depois, os pais
foram buscar o garoto no hospital. Quando o carro chegou na frente da casa, a
garotinha olhou pela janela do primeiro andar e sorriu.
Seu irmão estava de volta. E na
cabeça, um boné vermelho.
Correu para o banheiro, tomou a
tesoura de sua mãe e concretizou o plano que estava em sua cabecinha, desde sua
conversa com a mãe.
Pouco depois, desceu as escadas
aos pulos. Abriu a porta no exato momento em que o irmão chegava.
Então, ela o olhou por um
segundo, como a querer se certificar de que ele estava mesmo sem cabelo.
No momento seguinte, estendeu
as mãozinhas cheias de seus próprios cabelos para ele.
Ele olhou para a irmãzinha e
verificou que ela trazia os cabelos desalinhados, mostrando que os havia
cortado, do jeito que pudera, com suas pequenas mãos.
Um lado mais curto do que o
outro, as franjas tortas como se fossem degraus de uma escada mal construída.
Ela não disse nada. Nem ele. Os
pais, um passo atrás do menino observavam atônitos.
Então o garoto tomou nas suas
mãos os cabelos que a irmã lhe oferecia e, com um sorriso largo, tirou o
próprio boné e colocou na cabecinha dela.
Depois se ajoelhou e ambos se
abraçaram longa e demoradamente.
Amor fraternal é a mais
fundamental espécie de amor. É a que alicerça todos os tipos de amor.
Entende-se por amor fraternal o
sentimento de responsabilidade, de cuidado, de respeito pelo outro, o seu
conhecimento, o desejo de lhe aprimorar a vida.
Do lar, o amor fraternal
transcende para os demais seres humanos.
Se desenvolvemos a capacidade
de amar a um irmão consanguíneo, não podemos deixar de amar, na sequencia, a
todos os demais irmãos.
O amor fraternal é o amor entre
iguais. Iguais por sermos todos Espíritos, filhos do mesmo Pai.
Iguais, hoje, na Terra, por
estarmos na condição humana.
Se pensarmos nas diferenças de
talento, inteligência, conhecimento, veremos que são pequenas, se compararmos
com a identidade essencial, comum a todos nós.
* * *
O amor é uma força ativa no ser humano. Uma força que irrompe pelas
paredes que o separam de seus semelhantes.
Que o une aos outros. Que o
estimula a dar-se, numa extraordinária experiência de vitalidade e de alegria.
Redação do Momento Espírita, a partir de cenas de um vídeo intitulado
Gesto
de amor, de autoria desconhecida e do cap. 2 do livro A arte de amar,
de Erich Fromm, ed. Itatiaia.
Em 23.11.2007.
Mensagem compartilhada pelo Médium Getulio
Pacheco Quadrado.
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