quinta-feira, 18 de agosto de 2016

DAS OCUPAÇÕES E MISSÕES DOS ESPÍRITOS

O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO X.
DAS OCUPAÇÕES E MISSÕES DOS ESPÍRITOS.

Os Espíritos cuidam de outra coisa além do nosso melhoramento Espiritual, pois concorrem para a harmonia do Universo, executando a vontade de Deus, do qual são os ministros. A vida Espírita é uma ocupação contínua, mas nada tem de penosa como a da Terra, pois não está sujeita à fadiga corpórea nem às angústias da necessidade.
 Já os Espíritos inferiores e imperfeitos desempenham também um papel no Universo, onde todos têm deveres a cumprir no universo.
Vale dizer que todos temos de habitar em toda parte e adquirir o conhecimento de todas as coisas, presidindo sucessivamente às funções concernentes a todos os planos do Universo. Mas, como se diz no Eclesiastes, há um tempo para cada coisa. Assim, este cumpre hoje o seu destino neste mundo, aquele o cumprirá ou já cumpriu em outro tempo, sobre a Terra, na água, no ar etc.
Todos devem percorrer os diferentes graus da escala, para se aperfeiçoarem. Deus, que é justo, não poderia ter dado a uns a ciência sem trabalho, enquanto outros só a adquirem de maneira penosa.
Comentário de Kardec: Da mesma maneira, entre os seres humanos, ninguém chega ao supremo grau de habilidade numa arte qualquer, sem ter adquirido os conhecimentos necessários na prática das funções mais ínfimas dessa arte.
Os Espíritos da ordem mais elevada, nada mais tendo a adquirir, não se entregam a um repouso absoluto, pois se entregam a outras ocupações. A eterna ociosidade seria um suplício eterno.
A natureza de suas ocupações, primeiramente recebem diretamente as ordens de Deus, e as transmitem por todo o Universo e velam pela sua execução.
As ocupações dos Espíritos são incessantes, pois o pensamento deles está sempre em atividade, pois eles vivem pelo pensamento. Mas é necessário não equiparar as ocupações dos Espíritos com as ocupações materiais dos seres humanos. Sua própria atividade é um gozo, pela consciência que eles têm de ser úteis.
Os Espíritos inferiores têm ocupações apropriadas à sua natureza. Jamais confiaríamos ao trabalhador braçal e ao ignorante os trabalhos de um ser culto.
Entre os Espíritos há os que são ociosos ou que não se ocupem de alguma coisa útil. Mas esse estado é temporário e subordinado ao desenvolvimento de sua inteligência. Certamente que entre os seres humanos, existem aqueles que vivem apenas para si; mas essa ociosidade lhes pesa e, cedo ou tarde, o desejo de progredir lhes faz sentir a necessidade de atividade, e são então felizes de poderem tornar-se úteis. Falamos de Espíritos que atingiram o ponto necessário para terem consciência de si mesmo e de seu livre-arbítrio. Porque, em sua origem, eles são como crianças recém-nascidas que agem mais por instinto do que por uma vontade determinada.
Os Espíritos examinam os nossos trabalhos de arte e se interessam por eles, pois examinam o que pode provar a elevação dos Espíritos e seu progresso.
Quanto ao Espírito que teve uma especialidade na Terra, como um pintor, um arquiteto. Por certo do outro lado da vida ele se interessa de preferência pelos trabalhos que constituíram o objeto de sua predileção durante a vida terrena.
Por exemplo: Se for bom, se interessará por eles na proporção que lhe permitam ajudar a elevação das almas a Deus.
Agora devemos admitir que um Espírito que praticou uma arte na existência em que o conhecemos, pode ter praticado outra em outra existência, porque é necessário que tudo saiba para tornar-se perfeito. Assim, segundo o seu grau de adiantamento, pode ser que nenhuma delas constitua uma especialidade para ele. E isso é o que entendemos o que os Bons Espíritos dizem que tudo se confunde num objetivo geral. Pedem inclusive que notemos ainda isto: o que é sublime para nós no nosso mundo atrasado, não passa de infantilidade, comparado com o que há nos mundos mais avançados. Como queríamos que os Espíritos que habitam esses mundos, onde existem artes desconhecidas para nós, admiremos o que, para eles, não é mais que um trabalho escolar. Eles examinam aquilo que pode provar o progresso.
Assim deve ser para os Espíritos bastante adiantados. Para os menos adiantados é diferente. Seu ponto de vista é mais limitado, e podem admirar aquilo mesmo que admiremos.
Os Espíritos se imiscuem algumas vezes em nossas ocupações e em nossos prazeres, onde os Espíritos vulgares estão incessantemente ao nosso redor e tomam parte, às vezes bastante ativa naquilo que fazemos, segundo a nossa natureza. E é bom que o façam, para impulsionar os seres humanos nos diferentes caminhos da vida, excitar ou moderar as suas paixões.
Comentário de Kardec: Os Espíritos se ocupam das coisas deste mundo na razão da sua elevação ou da sua inferioridade. Os Espíritos superiores têm, sem dúvida, a faculdade de considerá-las nos seus mínimos aspectos, mas não o fazem senão na medida em que isso seja útil ao progresso. Os Espíritos inferiores somente ligam a essas coisas uma importância relativa ás lembranças que ainda estão presentes em sua memória, e às ideias materiais que ainda não foram extintas.
Os Espíritos que têm missões a cumprir cumprem-nas em estado errante ou encarnado, podendo fazê-lo num e noutro estado. Para certos Espíritos errantes essa é uma grande ocupação.
As missões de que podem ser encarregados os Espíritos errantes são tão variadas que seria impossível descrevê-las; existindo aquela que não poderíamos compreender.
Comentário de Kardec:  As missões dos Espíritos bons têm sempre o bem por objeto. Seja como Espírito, seja como seres humanos, são encarregados de ajudar o progresso da humanidade, dos povos, ou dos indivíduos num circulo de ideias mais ou menos largo, mais ou menos especial, de preparar as vias para certos acontecimentos, e de velar pela realização de certas coisas. Alguns têm missões mais restritas e de certa maneira pessoais ou inteiramente locais, como de assistir aos doentes, os agonizantes, os aflitos, de velar pelos que estão sob a sua proteção de guias,  de dirigi-los pelos seus conselhos ou pelos bons pensamentos que lhes surgem. Pode se dizer que há tantos gêneros de missões quantas as espécies de interesses a resguardar, seja no mundo físico ou no mundo moral. O Espírito se adianta segundo a maneira por que desempenha a sua tarefa.
0s Espíritos não compreendem sempre os desígnios que estão encarregados de executar. Há os que são instrumentos cegos, mas outros sabem muito bem com que objetivo agem.
No cumprimento de missões dos Espíritos, a importância delas está em relação com a capacidade e a oração do Espírito. O estafeta que leva um despacho cumpre também uma missão, que não é a do general.
Quanto à missão de um Espírito que lhe é imposta, ele a pede e alegra-se de obtê-la. A mesma missão pode ser pedida por muitos Espíritos, pois há sempre muitos candidatos, mas nem todos são aceitos.
A missão dos Espíritos encarnados é instruir os seres humanos, ajudá-los a avançar, melhorar as suas instituições por meios diretos e materiais. Mas as missões são mais ou menos gerais e importantes. Aquele que cultiva a terra cumpre uma missão, como aquele que governa ou aquele que instrui. Tudo se encadeia na Natureza;  ao mesmo tempo em que o Espírito se depura pela encarnação, também concorre por essa forma para o cumprimento dos desígnios da Providencia. Cada um tem a sua missão neste mundo, porque cada um pode ser útil em algum sentido.
A missão de pessoas voluntariamente inúteis na Terra é de pobres seres que devemos lamentar, porque expiarão cruelmente sua inutilidade voluntária. Seu castigo começa frequentemente desde este mundo, pelo tédio e o desgosto da vida.
Do direito de escolha, o por que preferiram uma vida que em nada lhes poderia aproveitar, é porque juntos aos Espíritos há também os preguiçosos que recuam diante de má vida de trabalho. Deus os deixa fazer; pois compreenderão mais tarde e à sua própria custa os inconvenientes de sua inutilidade e serão os primeiros a pedir para reparar o tempo perdido. Talvez, também, tenham escolhido uma vida mais útil, mas uma vez em ação a recusaram, deixando-se arrastar pelas sugestões dos Espíritos que os incitavam à ociosidade.
Dentro das ocupações comuns que nos parecem antes deveres que missões propriamente ditas, podemos reconhecer que um ser humano tem uma missão real na Terra pelas grandes coisas que ele realiza, pelo progresso que faz os seus semelhantes realizarem.
Os seres humanos que têm uma missão importante que são predestinados a ela, as vezes  antes do nascimento e têm conhecimento disso. Mas, na maioria das vezes, o ignoram. Só têm um vago objetivo ao virem para a Terra; sua missão se desenha após o nascimento e segundo as circunstâncias. Deus os impulsiona pela via em que devem cumprir os seus desígnios.
Quando um ser humano faz uma coisa útil não é sempre em virtude de uma missão anterior e predestinada. Ele é frequentemente o instrumento de que um Espírito se serve para fazer executar alguma coisa que considera útil. Por exemplo, um Espírito julga que seria bom escrever um livro que ele escreveria se estivesse  encarnado; procura o escritor mais apto a compreender o seu pensamento e a executá-lo; dá-lhe então a ideia e o dirige na execução. Assim, este homem não veio a Terra com a missão de fazer a obra. Acontece o mesmo com alguns trabalhos de arte e com as descobertas. Deve-se dizer ainda que durante o sono do corpo, o Espírito encarnado se comunica diretamente com o Espírito errante, e que se entendem sobre a execução.
O Espírito pode falir na sua missão por sua culpa, se não for um Espírito superior.
As consequências para ele é que terá de reiniciar a tarefa; está nisso a punição. Depois sofrerá as consequências do mal que tenha causado.
Quanto à confiança que Deus pode confiar uma missão importante e de interesse geral a um Espírito que poderia falir, é que Deus não sabe se o seu general será vitorioso ou vencido. Ele  sabe dos seus planos, mas que irão abandonar a obra em meio do trabalho não.
O Espírito que encarna para cumprir uma missão não tem as mesmas apreensões daquele que o faz como prova, porque ele tem experiência.

Os seres humanos que são os faróis do gênero humano, que se esclarecem que tem certamente uma missão, há os que se enganam e que, ao lado de grandes verdades, difundem grandes erros, devemos considerar como falseada por eles. Eles estão abaixo da tarefa que empreenderam. É necessário, entretanto tomar em conta as circunstâncias; os gênios devem falar segundo o tempo, e um ensino que parece errôneo ou pueril para uma época avançada poderia ser suficiente para o seu século.
A paternidade é, sem contradita, uma missão. E ao mesmo tempo um dever muito grande, que implica, mais do que o ser humano pensa, sua responsabilidade para o futuro. Deus põe a criança sob a tutela dos pais para que estes a dirijam no caminho do bem. E lhes facilitou a tarefa dando à criança uma organização débil e delicada, que a torna acessível a todas as impressões.  Mas há os que mais se ocupam de endireitar as árvores do pomar do que fazê-las carregar de bons frutos, do que endireitar o caráter do filho. Se este sucumbir por sua culpa, terão de sofrer a pena, e os sofrimentos da criança na vida futura recairão sobre eles, porque não fizeram o que lhes competia para o seu adiantamento nas vias do bem.
Mas se uma criança se transviar, apesar dos cuidados dos pais, estes não são responsáveis. Mas quanto mais as disposições da criança são más, mais  a tarefa é pesada e maior será o mérito se conseguirem desviá-la do mau caminho.
Se uma criança se torna um bom adulto, apesar da negligência ou dos maus exemplos dos pais, estes se beneficiam com isso, porque Deus é justo.
A natureza da missão do conquistador, que só tem em vista satisfazer a sua ambição e para atingir o alvo não recua diante de nenhuma calamidade. Deus as vezes deixa que isto aconteça muitas vezes, para fazer avançar mais rapidamente um povo.
Aquele que é instrumento dessas calamidades passageiras é alheio ao bem que delas pode resultar, se propondo um alvo pessoal; o aproveitamento desse bem será dado a cada um a recompensa segundo as suas obras, o bem que desejou fazer e a orientação de suas intuições.
Comentário de Kardec: Os Espíritos encarnados têm ocupações inerentes à sua existência corporal. No estado errante ou de desmaterialização suas ocupações são proporcionais ao seu grau de adiantamento.
Uns percorrem os mundos, instruindo-se e preparando-se para uma nova encarnação.
Outros, mais avançados, ocupam-se do progresso dirigindo os acontecimentos e sugerindo pensamentos favoráveis; assistem aos seres de gênio que concorreram para o adiantamento da Humanidade.
Outros se encarnam com uma missão de progresso.
Outros tomam à sua tutela indivíduos, famílias, aglomerações humanas, cidades e povos dos quais se tornam anjos da guarda, gênios protetores e Espíritos familiares.
Outros, enfim, presidem aos fenômenos da Natureza, dos quais são os agentes
diretos.
Os Espíritos comuns se imiscuem nas ocupações e divertimentos dos seres humanos.
Os Espíritos impuros ou imperfeitos esperam, nos seus sofrimentos e angústias, o momento em que praza a Deus conceder-lhes os meios de se adiantarem. Se fizerem o mal é pelo despeito de ainda não poderem gozar do bem.
Estas anotações de Kardec dão-nos a visão de conjunto das funções dos Espíritos na natureza, e justificam a sua afirmação de que os Espíritos são uma das forças naturais do Universo. As doutrinas espiritualistas que acusam o Espiritismo de não reconhecer a existência de classes de Espíritos não humanos desconhecem este quadro. O Espiritismo é monista e considera toda a evolução espiritual como um processo único que se define na Humanidade, mas reconhece as fases pré-humanas dessa evolução. Como vemos acima, os Espíritos estão em toda parte e exercem universalmente a sua ação inteligente.


Bibliografia: O Livro dos Espíritos.

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