CAPÍTULO XXI. FALSOS CRISTOS E
FALSOS PROFETAS.
NÃO ACREDITEIS EM TODOS OS
ESPÍRITOS.
O irmão João, Epistola I,
cap.IV: 1, alerta-nos para não acreditarmos
em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus, porque são
muitos os falsos profetas, que se levantaram no mundo.
Interpretando as palavras do irmão podemos
chegar a seguinte conclusão: Os fenômenos espíritas, longe
de confirmarem os falsos cristos e os falsos profetas, como algumas pessoas
gostam de dizer, vêm, pelo contrário, dar-nos o último golpe. Não soliciteis
milagres nem prodígios ao Espiritismo, porque ele declara formalmente que não
os produz. Da mesma maneira que a Física, a Química, a Astronomia, a Geologia,
revelaram as leis do mundo material, ele vem revelar outras leis desconhecidas,
que regem as relações do mundo corpóreo com o mundo espiritual. Essas leis,
tanto quanto as científicas, pertencem também à natureza. Dando, assim, a
explicação de uma ordem de fenômenos até agora incompreendidos, o Espiritismo
destrói o que ainda restava do domínio do maravilhoso.
Como
se vê os que fossem tentados a explorar esses fenômenos em proveito próprio,
fazendo-se passar por enviado de Deus, não poderiam abusar por muito tempo da
credulidade alheia, e bem logo seriam desmascarados. Aliás, como já ficou dito,
esses fenômenos nada provam por si mesmos: a missão se prova por efeitos
morais, que nem todos podem produzir. Esse é um dos resultados do
desenvolvimento da ciência espírita, que pesquisando a causa de certos
fenômenos, levanta o véu de muitos mistérios. Os que preferem a obscuridade à
luz são os únicos interessados em combatê-la. Mas a verdade é como o Sol:
dissipa os mais densos nevoeiros.
O
Espiritismo vem revelar outra categoria de falsos cristos e de falsos profetas,
bem mais perigosa, e que não se encontra entre os homens, mas entre os
desencarnados. É a dos Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhosos e pseudossábios,
que passaram da Terra para a erraticidade e se disfarçam com nomes veneráveis,
para procurar, através da máscara que usam tornar aceitáveis as suas ideias, frequentemente
as mais bizarras e absurdas. Antes que as relações mediúnicas fossem
conhecidas, eles exerciam a sua ação de maneira mais ostensiva, pela inspiração,
pela mediunidade inconsciente, auditiva ou de incorporação. O número dos que,
em diversas épocas, mas, sobretudo nos últimos tempos, se apresentaram como
alguns dos antigos profetas, como o Cristo, como Maria, e até mesmo como Deus, é
considerável.
São
João nos põe em guarda contra eles, quando adverte: “Meus bem amados, não
acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus;
porque muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”. O Espiritismo nos
oferece os meios de experimentá-los, ao indicar as características pelas quais
se reconhecem os bons Espíritos, características sempre morais e jamais
materiais. (Ver o Livro dos Médiuns, Caps. 24 e segs.). É, sobretudo ao
discernimento dos bons e dos maus Espíritos, que podemos aplicar as palavras de
Jesus: “Reconhece-se à árvore pelos seus frutos; uma boa árvore não pode dar
maus frutos, e uma árvore má, não pode dar bons frutos”. Julgam-se os Espíritos
pela qualidade de suas obras, como a árvore pela qualidade dos seus frutos.
Bibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Mensagem lida e divulgada pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.
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