CAPÍTULO XXI. FALSOS CRISTOS E
FALSOS PROFETAS.
INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS. OS
FALSOS PROFETAS DA ERRATICIDADE.
Mais uma vez o irmão Erasto discípulo de São Paulo,
no ano de 1862, nos orienta sobre os
falsos profetas, onde deixou dito que não existem apenas entre nós os
encarnados, mas em números maiores entre os Espíritos orgulhosos que, fingindo
amor e caridade, semeiam a desunião e retardam o trabalho de emancipação da
Humanidade, impingindo-lhes os seus sistemas absurdos, através dos médiuns que
os servem. Deixa dito que esses falsos profetas, para melhor fascinar os que
desejam enganar, e para dar maior importância às suas teorias, disfarçam-se
inescrupulosamente com nomes de homens de respeito e honrados.
Ele nos afirma que são estes que semeiam os germes da discórdia entre os grupos
que os levam a isolar-se uns dos outros, e a se olharem com
prevenções. Que para tal, diz-nos que
Bastaria isso para desmascará-los. Porque, assim agindo, eles mesmos oferecem o
mais completo desmentido ao que dizem ser. Diz-nos que cegos, são os homens que
se deixam enganar de maneira tão grosseira.
E nos instrui que há ainda muitos outros meios de reconhecê-los. Pois os
Espíritos da ordem a que eles dizem pertencer, devem ser não somente muito
bons, mas também eminentemente racionais. E que diante disto, pede para
passarmos os nossos sistemas pelo crivo da razão e do bom-senso, e que veremos assim
o que nos restará. E fazendo isto, haveremos de concordar com o irmão em que
sempre que um Espírito indicar, como remédio para os males da Humanidade, ou
como meios de realizar a sua transformação, medidas utópicas e impraticáveis,
pueris e ridículas, ou quando formula um sistema contraditado pelas mais
corriqueiras noções científicas, só pode ser um Espírito ignorante e mentiroso.
Por outro lado também nos orienta que devemos lembrar de que, se a verdade nem
sempre é apreciada pelos indivíduos, mas que sempre o é pelo bom-senso das
massas, e isso também constitui um critério. E nos da como exemplo, se dois
princípios se contradizem, ele deixa dito que teremos a medida do valor
intrínseco de ambos, observando qual deles encontra mais repercussão e
simpatia. Com efeito, diz que seria ilógico admitir que uma doutrina
cujo número de adeptos diminui, possa ser a mais verdadeira que outra, cujo
número aumenta. E afirma que Deus, querendo que a verdade chegue a todos,
não a confina num círculo restrito, mas o faz surgir em diferentes lugares, a
fim de que, por toda parte, a luz se apresente ao lado das trevas.
Orienta-nos ainda, pedindo para repelirmos impiedosamente todos esses Espíritos
que se manifestam como conselheiros exclusivos, pregando a divisão e o
isolamento. Onde não passam quase sempre de Espíritos vaidosos e medíocres, que
tentam impor-se a pessoas fracas e crédulas, prodigalizando-lhes louvores
exagerados, a fim de fasciná-las e dominá-las. Que são geralmente, Espíritos
sedentos de poder, que, tendo sido déspotas no lar ou na vida pública, quando
vivos, ainda querem vítimas para tiranizar, depois da morte. E que em geral,
portanto, nos diz para desconfiarmos das comunicações que se
caracterizam pelo misticismo e a extravagância, ou que prescrevem cerimônias e
práticas estranhas, onde há sempre, nesses casos, um motivo legítimo de
desconfiança.
Que devemos lembrar, ainda, de que, quando uma verdade deve ser revelada à
Humanidade, ela é comunicada, por assim dizer, instantaneamente, a todos os
grupos sérios que possuem médiuns sérios, e não a este ou aquele, com exclusão
dos outros. Diz que ninguém é médium perfeito, se estiver obsedado, e há obsessão
evidente quando um médium só recebe comunicações de um determinado
Espírito, por mais elevado que este pretenda ser. E que em consequência, todo
médium e todo grupo que se julguem privilegiados, em virtude de comunicações
que só eles podem receber, e que, além disso, se sujeitam a práticas
supersticiosas, encontram-se indubitavelmente sob uma obsessão bem
caracterizada. E que, sobretudo quando um Espírito dominante se vangloria de um
nome de Espíritos e encarnados, que todos respeitam e honram.
Que é incontestável que,
submetendo-se ao crivo da razão e da lógica toda a observação sobre os
Espíritos e todas as suas comunicações, será fácil rejeitar o absurdo e o erro.
Orienta-nos ainda que um médium possa estar fascinado e iludido um grupo; mas,
o controle severo dos outros grupos, com o auxílio do conhecimento adquirido, e
a elevada autoridade moral dos dirigentes de grupos, as comunicações dos
principais médiuns, marcadas pelo cunho da lógica e da autenticidade dos
Espíritos mais sérios, rapidamente farão desmascarar esses ditados mentirosos e
astuciosos, procedentes de uma turba de Espíritos mistificadores ou malfazejos.
(Ver, na Introdução, o parágrafo II: Controle universal do ensino dos
Espíritos. E em O Livro dos Médiuns, o cap. XXIII, Da obsessão).
Bibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Mensagem lida e divulgada pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.
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