segunda-feira, 17 de agosto de 2020

LEI DA LIBERDADE.


O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO X. LEI DE LIBERDADE.
CONHECIMENTO DO FUTURO.
  Quanto à revelação do futuro ao ser humano, no início lhe é oculto e só em casos raros e excepcionais Deus lhe permite a sua revelação.
O futuro é oculto ao ser humano porque se ele conhecesse o futuro, negligenciaria o presente e não agiria com a mesma liberdade de agora, pois seria dominado pelo pensamento de que, se alguma coisa deve acontecer, não adianta ocupar-se dela, ou então procuraria impedi-la. Deus não quis que assim fosse afim de que cada um pudesse concorrer para a realização das coisas, mesmo daquelas a que desejaria opor-se. Assim é que mesmo sem o saber, quase sempre os acontecimentos são preparados, os quais sobrevirão no curso da tua vida.
Mas se é útil que o futuro permaneça oculto, Deus permite, às vezes, a sua revelação quando esse acontecimento antecipado deve facilitar o cumprimento das coisas, em vez de embaraçá-lo, levando o ser humano a agir dessa maneira diferente do que o faria se não o tivesse. Além disso, muitas vezes é uma prova. A perspectiva de um acontecimento pode despertar pensamentos que sejam mais ou piores: se um ser humano souber, por exemplo, que obterá uma fortuna com a qual não contava, poderá ser tomado pelo sentimento de cupidez, pela alegria de aumentar os seus gozos terrenos, pelo desejo de obtê-la mais cedo, aspirando pela morte daquele que lhe deve deixar, ou então essa perspectiva despertará nele bons sentimentos e pensamentos generosos. Se a previsão não se realizar, será outra prova: a da maneira por que suportará a decepção. Mas não deixará por isso de ter um mérito ou demérito dos pensamentos bons ou maus que a crença mi previsão lhe provocou.
 Desde que Deus tudo sabe, também sabe se um ser humano deve ou não sucumbir numa prova. A necessidade da prova, que nada pode revelar a Deus sobre aquele ser humano, é porque Deus deixa ao ser humano toda a responsabilidade da sua ação, uma vez que ele tem a liberdade de fazer ou não fazer. Podendo o ser humano escolher entre o bem e o mal, aprova tem por fim colocá-lo ante a tentação do mal, deixando-lhe todo o mérito da resistência. Mesmo Deus sabendo muito bem com antecedência, se ele vencerá ou fracassará, não pode puni-lo nem recompensá-lo, na sua Justiça, por um ato que ele não tenha praticado.
Comentário de Kardec: É assim entre os seres humanos. Por mais capaz que seja um aspirante por mais certeza que se tenha de seu triunfo, não se lhe concede nenhum grau sem exame o que quer dizer sem prova. Da mesma maneira, um juiz não condena um acusado senão pela prova de um ato consumado, e não pela previsão de que ele pode ou deve praticar esse ato.
Quanto mais se reflete sobre as considerações que teria para o ser humano o conhecimento do futuro, mais se vê como a Providência foi sábia ao ocultá-lo a certeza de um acontecimento feliz o atiraria na inação; a de um acontecimento desgraçado, no desânimo; e num caso como no outro suas forcas seriam paralisadas. Eis porque o futuro não é mostrado ao ser humano senão como um alvo que ele deve atingir pelos seus esforços, mas sem conhecer as vicissitudes por que deve passar para atingi-lo. O conhecimento de todos os incidentes da rota lhe tiraria a iniciativa e o uso do livre-arbítrio; ele se deixaria arrastar pelo declive fatal dos acontecimentos sem exercitar as suas faculdades. Quando o sucesso de uma coisa está assegurado ninguém mais se preocupa com ela.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.

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