Quando a morte chega
Quando a morte chega, com sua face negra e leva
consigo um dos nossos amores, o coração se parte.
É tão grande a dor que parece que o ar nos falta, que o mundo perdeu
para sempre o colorido. E nada há, ao nosso redor, que nos interesse.
Que importam nossas posses, compromissos, honrarias? Que importa a festa
programada com tanto zelo e antecedência?
Nosso mais precioso tesouro foi arrebatado. Não mais ouviremos sua voz,
nem a cristalina cascata do seu riso.
Em vão nossos braços tentarão abraçar-lhe a silhueta, que se foi para os
campos da Espiritualidade.
No entanto, a dor que parece destroçar-nos o ser, não nos mata.
Prosseguimos vivendo.
A madrugada rompe as trevas e o sol se apresenta, com seu carro de ouro,
cavalgando a luminosidade extraordinária do dia.
Os pássaros cantam nas ramadas. O joão-de-barro anda pelo jardim, à cata
de alimento e material para sua casa, no alto da árvore.
O vento passa sibilante, arrancando as folhas do arvoredo e atapetando o
chão com flores coloridas, colhidas dos galhos generosos.
Tudo continua. As pessoas vão ao trabalho, enfrentam o trânsito,
comparecem aos bancos escolares, discutem, vivem.
Mas, aquele pai, de pouco mais de cinquenta anos, desesperou-se quando a
filha Anna Laura morreu em um acidente.
Tudo foi tão rápido, tão brusco, tão inesperado. Quem, afinal, em sã
consciência, cogita, algum dia, que sua filha poderá lhe ser arrebatada dos
braços em um infeliz acidente?
Contudo, ele e a esposa optaram por homenagear a filha querida,
perpetuando-lhe a memória no tempo, para si e para muitas outras pessoas.
Tiveram a ideia e criaram parques para crianças com mobilidade reduzida
e/ou alterações sensoriais e intelectuais.
O processo de lidar com a perda se tornou menos difícil a partir desse
momento.
Se a dor
diminuiu? Sim, diz o pai. A sensação de ajudar ao
próximo é de prazer e isso acaba diminuindo a dor e ajudando na superação do
acontecimento, proporcionando conforto e vontade de viver.
Ele compara a morte
da filha a uma batalha perdida. Mas a vida continua, complementa
Cláudia, a mãe.
Assim, Anna Laura vive nas homenagens que beneficiam a muitas crianças e
seus pais.
* * *
Quando saímos de nós mesmos e nos interessamos pelo próximo, atraímos
para nós atenções espirituais, que nos sustentam ante dores profundas.
O amor de Deus, que se multiplica no mundo, graças às nossas mãos, nos
beneficia, em primeiro lugar, porque o bem faz bem, primeiramente, a quem o
pratica.
Exatamente como quando, em plena escuridão, se acende um fósforo ou um
lampião, somos os primeiros a recebermos a luz, a nos iluminarmos.
E, para quem partiu, ter sua lembrança associada a benefícios a
terceiros, traz igualmente recompensa. Toda vez que alguém, agradecido, ergue
sua alma em prece, pelo bem recebido, alcança aquele que indiretamente se
tornou o agente disso tudo.
É uma doce forma de perpetuar a memória de quem se ama.
E, sim, há muitas formas de se superar a própria dor. Amar o próximo e
importar-se com ele, dedicar-se a quem tem carências de qualquer ordem, é, com
certeza, uma das mais belas formas de superação.
Redação do Momento
Espírita, com base no artigo
Do desafio à superação, de Willian Bressan,
do Jornal Gazeta do Povo, de 20.9.2015.
Em 1.2.2016.
MENSAGEM DIVULGADA
PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.
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