sábado, 12 de agosto de 2023

REFLEXÃO ESPÍRITA SOBRE A RESPONSABILIDADE DE SER PAI.

 


Reflexão Espírita sobre a Responsabilidade de ser pai

Por

Gládis Pedersen

-

28/08/2020

12025

 

 

Os pais, como bons cultivadores da moral,
devem plantar no coração dos filhos as
sementes de tolerância e do bom entendimento.


O pai é o canal que Deus se utiliza para entregar o espírito, criado por Ele para ser conduzido na viagem reencarna tória. Como a mãe, ele terá que prestar contas a Deus do filho que lhe foi entregue para ser amparado, educado, protegido e amado na experiência da paternidade.

No retorno dos pais à verdadeira vida, certamente terão que responder através de suas consciências o questionamento: “Que fizestes do filho de Deus entregue em suas a mãos para encaminhá-lo pelas trilhas do bem, para que ele aproveitasse satisfatoriamente a oportunidade reencarna tória?”

A missão da paternidade não se resume a oferecer o corpo material, mas sustentar, amparar, dar segurança, educar, estimulando o desabrochar das potencialidades divinas incrustadas no âmago desse espírito imortal, enfim, amá-lo e reconduzi-lo para Deus.

A resposta da questão 582 de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec, explica sobre a responsabilidade da paternidade: “Sem dúvida é uma missão. É, ao mesmo tempo, um dever muito grande e que envolve, mais do que o homem pensa, a sua responsabilidade quanto ao futuro. Deus colocou o filho sob a tutela dos pais, a fim de que estes o dirijam pelo caminho do bem, e lhes facilitou a tarefa dando à criança uma organização frágil e delicada, que a torna acessível a todas as impressões”.

A paternidade quanto a maternidade são magistérios sublimes. O lar é a primeira escola e os pais os primeiros professores dos filhos. Essa abençoada escola precisa ter um programa moral a ser ensinado e cumprido.

O pai exerce importante papel na estruturação da personalidade dos filhos. O pai e a mãe representam os dois pilares sobre os quais a personalidade dos filhos vai se estruturar.

O pai deve envolver-se ativamente na criação e educação da prole. Ele tem papel importante no processo de desvinculação do nenê da figura da mãe. É na atuação dessa figura ímpar que o filhinho vai se perceber um indivíduo, desvinculado da mãe, durante os primeiros meses de vida. A seguir, a figura paterna vai representar o equilíbrio, a segurança na materialidade, o ser que representa Deus no imaginário da criança, contrabalançando com a figura de mãe que representa a meiguice, o aconchego, o recolhimento, a ligação com a espiritualidade.

O pai deve ser o melhor amigo dos filhos, o conselheiro, o orientador dos caminhos do mundo, o que ajuda a abrir portas ou fechá-las. O defensor e o protetor dos perigos e desafios, a autoridade moral máxima. O exemplo de atitudes a serem seguidas, até que o filho fique independente e caminhe com suas próprias pernas na vida, utilizando o seu livre arbítrio. Quando estes vínculos foram criados e fortalecidos na convivência familiar na fase adulta dos filhos o pai será o parceiro que continuará na retaguarda, a dar sustentação moral e emocional na vida dos mesmos.

A maneira de o pai exercer a paternidade vai interferir diretamente no desenvolvimento do caráter do filho.

O pai autoritário, rígido, de regras inflexíveis pode levar a criança a ser depressivo na infância, e apresentar problemas e sintomas desde humor reprimido e imitável, agitação ou retardo psicomotor até pensamentos recorrentes de morte. Na adolescência provoca comportamento negativista e antissocial, uso abusivo de álcool ou outros tóxicos, dificuldades escolares, emocionalidade descontrolada, etc.

O pai permissivo, indulgente, sem impor limites leva o filho a ter dificuldade de controlar seus impulsos. Essa é uma característica muito comum de pais atuais, pouco identificados com o seu verdadeiro papel. Para ele tudo é permitido. Isso gera filhos adolescentes que se envolvem em acidentes de trânsito, uso de drogas, com transtornos de ansiedade e a busca desenfreada de prazer.

Outro estilo de pai é o indiferente que tem negligência e falta de envolvimento. Isso leva o filho, geralmente, a um comportamento agressivo e delinquente, com transtorno de conduta que viola as regras sociais e os direitos dos outros.

A criança criada em condições soturnas, e negligentes com falta de afeto, em clima silencioso ou com palavras rudes apresenta-se rancorosa, exigente e perturbadora, não tolera frustração, tem baixa autoestima e não apresenta sentimento de culpa ou remorso pela sua atitude rude, agressiva.

Os pais autoritários, permissivos ou indiferentes deixam marcas negativas no comportamento desequilibrado dos filhos.

O estilo de exercer a paternidade de forma mais eficaz e recíproca é o que envolve a coerência, a recompensa pelo bom comportamento e a punição pelo comportamento indesejável, tudo exercido num ambiente acolhedor, e carinhoso. É o que Jesus nos ensinou: “Seja o teu falar sim, sim. Não, não” (Mateus 5:44) É o pai que dá lugar ao filho de compartilhar na tomada de decisões, que privilegia o diálogo, a troca de ideias de modo racional resultando em um senso de auto confiança e equilíbrio emocional e psíquico do filho. É o caminhar juntos, de mãos dadas, lado a lado…

Dentro das funções paternas destaca-se a segurança e estabilidade material e psicológica que ele dá, ou não, à mãe, além de prover as necessidades do filho e educá-lo. O pai é de extrema importância no processo de separação referente a díade mãe-filho, mostrando-se presente como a outra pessoa de amor enfatizando sua presença física e afetiva. O pai estimula a formação dos limites, as frustrações adequadas e educativas e a formação da capacidade para pensar.

O pai tem o dever de conduzir os filhos com sabedoria, pois eles são concessões divinas e possibilitam a reabilitação de erros do passado. Os filhos devem aos pais sempre gratidão e respeito pela bendita oportunidade do recomeço, mesmo quando eles não se desincumbam bem do compromisso assumido.

O relacionamento familiar possibilita a vivência da fraternidade, todos se conhecem e se podem desculpar com mais facilidade tendo em vista o bem geral e individual.  Ser filho representa uma oportunidade de aprendizagem para se tornar futuro genitor. Aos filhos cabe exercitar os deveres do afeto e do trabalho para o próprio desenvolvimento e preparar-se para proteger os pais quando envelhecerem ou adoecerem, no futuro.

Os pais devem observar atentamente as imperfeições morais dos filhos e as tendências à agressividade, especialmente entre irmãos, e corrigir tais tendências, dialogando com paciência e ternura, mas de forma firme, cortando o mal pela raiz. Para isso, o exemplo de união e respeito entre os cônjuges dará equilíbrio e segurança para os filhos, irmãos entre si, na família. A convivência entre os irmãos deve ser edificante, ajudando-se mutuamente, desenvolvendo a fraternidade e o respeito, estimulados pelos pais.

Cada filho é um ser único, traz suas características individuais que atestam sua maturidade espiritual. Os pais não devem verbalizar a comparação entre um irmão e outro, enaltecendo um em detrimento do outro, mas estimular a amizade, o respeito e o carinho entre eles para ajudá-los a superar a rivalidade natural dos irmãos em relação aos pais.

No lar, os filhos devem encontrar os recursos preciosos de educação para a formação equilibrada do caráter e da personalidade. Os irmãos devem aprender a ser unidos e superar as dificuldades emocionais que existem no seu relacionamento conseguindo, no futuro, enfrentar os desafios existenciais com harmonia.

Os pais, como bons cultivadores da moral, devem plantar no coração dos filhos as sementes de tolerância e do bom entendimento. Elas vão fixar-se no cerne da memória afetiva, prolongar-se por toda a existência e no além. Na fase infanto-juvenil é mais espontânea a amizade, o relacionamento sincero e a natural convivência.

No lar, nas conversações edificantes deve-se falar sobre a Justiça Divina, a Lei de Causa e Efeito e o sofrimento, a expiação ou provação, explicando que são processos perfeitamente normais e não punições divinas. A família deve ser um remanso de união na qual se retificam erros de vidas anteriores e onde todos devem se ajudar porque conseguem compreender as leis divinas.

Os pais devem reconhecer os seus erros, deixar que os filhos saibam disso. Reconhecer as atitudes equivocadas não vai enfraquecer a autoridade e mostra à criança que os erros são um sinal que o aprendizado está se processando.

Os filhos devem perceber que os pais são humanos, tem defeitos mas lutam consigo para se melhorarem.

Acostumar os filhos a dar um passeio a pé, num parque ou bosque e/ou deleitarem-se observando as maravilhas na natureza. Ouvir o murmúrio da brisa, os pássaros cantando, abraçar uma árvore, sentindo sua energia e luz. Sentir a existência de Deus na natureza.

Assistir com eles o nascer ou o pôr do sol ou da lua, observar o céu, as estrelas, as nuvens… Cultivar um jardim ou vasos com plantas, observar a germinação de uma semente transformando-se em vegetal. Saborear uma fruta, analisar sua semente.

Frequentar com regularidade uma atividade religiosa, servir, de algum modo a uma causa social, solidária e fraterna, são atividades simples mas edificantes que despertam a dimensão espiritual, emocional e moral da inteligência infanto-juvenil.

O importante é não acelerar a infância das crianças preparando-os para serem adultos. Aprender a curtir as brincadeiras inocentes, a tristeza suave, a emoção de aprender, a singeleza de expressar o amor, o carinho, a dança livre, o balbuciar alegre de uma canção, a conversa com o amigo invisível, com o brinquedo predileto e a rica imaginação do infante.

Os pais não devem se apressar, devem curtir cada momento do crescimento físico, emocional, espiritual de seus filhos. As crianças gostam de relaxar, ficar livres para brincar, imaginar, agir. O ócio é importante nessa fase.

MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.

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