FASES
DA VIDA. Segundo
a teosofia original, uma vida humana se divide em períodos
setenários. A ciência informa que, a cada sete anos, se renovam completamente
as células do nosso corpo. O carma pessoal também se
reorganiza nesse prazo. Assim, as diferentes fases da vida têm suas próprias
lições. Embora a vida de cada um seja um processo único, há algumas
tendências gerais, válidas para todos, que facilitam a nossa compreensão da
vida como uma obra de arte. 1) Nos
primeiros sete anos, o
indivíduo aprende a lidar com o mundo físico. Ele entra para a escola e
passa pela alfabetização. Até sete anos, a alma mortal se consolida como
ponte e como síntese entre as circunstâncias físicas e emocionais do
nascimento, de um lado, e a intenção, o carma e as potencialidades
internas trazidas das vidas anteriores. A casca psicológica do eu,
feita de hábitos e tendências, começa a se consolidar mas ainda permanece
aberta a muitas influências. Daí a necessidade de proteção, de estabilidade,
e de estímulos positivos que despertem nela a autoconfiança e a percepção do
seu próprio potencial interno para o bem. Nesta
etapa também é muito frequente que tenhamos percepções fundamentais sobre a
meta da nossa vida. Então surge a primeira versão do propósito de vida, cuja
base é a experiência acumulada de encarnações anteriores. O escritor Érico
Veríssimo confessou, na idade madura, que o rumo da sua vida foi determinado
por decisões internas tomadas quando tinha quatro ou cinco anos de idade. Em
qualquer etapa da vida, podemos recuperar e reforçar a essência
positiva da intenção profunda que emergiu na infância. A criança que
fomos estará presente em nosso mundo psicológico enquanto vivermos. É sempre
recomendável verificar se somos leais ao propósito glorioso que ela
definiu para nossa existência. 2) Entre
os sete e os catorze anos cresce a nossa identificação com o mundo externo e somos
envolvidos por uma malha fina de exigências sociais. O período culmina com a
entrada na adolescência e o começo de uma grande transição física e emocional
em direção à vida adulta. A alma imortal já não fala com tanta
facilidade como antes com a casca externa, que agora está preocupada em
navegar em um mar agitado de pressões, deveres e emoções. É um
dever dos adultos dar estabilidade emocional e estímulos positivos a
cada criança. Porém, algumas almas nascem em situações tempestuosas. A poeta
brasileira Cecília Meireles, por exemplo, perdeu os dois pais antes dos
quatro anos de idade. Para evitar mais perdas, ela fugiu do que é
transitório e dedicou sua vida a assuntos imortais, usando a literatura como
refúgio e como instrumento. 3) Entre
os 14 e os 21 anos alcançamos
a maioridade. Ocorrem agora as primeiras paixões, o primeiro emprego – talvez
o primeiro desemprego e, muitas vezes, o casamento e filhos. Também há almas
que embarcam em sonhos mais amplos e aventuras impessoais como um ideal
revolucionário, a decisão de viajar pelo mundo, uma busca mística ou a
atividade literária. É nessa etapa que a pessoa faz suas revoluções pessoais
e se projeta para o futuro. É claro que nem sempre há uma grande dose de
acerto em tais tentativas. Mas, havendo boa intenção, os equívocos não serão
graves. Mais tarde virá a sabedoria da experiência. 4) Entre
21 e 28 anos de idade surge um poderoso impulso profissional e,
conforme a alma e as circunstâncias, espiritual. Aos 28 anos, o indivíduo é
plenamente adulto. A pessoa se estabelece na vida e contrai compromissos que
podem durar pelo resto da vida. 5) Dos
28 aos 35 anos, surge
a fase madura da vida. Astrologicamente, há um evento decisivo
entre 28 e 30 anos. O planeta Saturno completa uma volta no mapa astral
e passa novamente pelo local do céu em que ele estava no momento em que a
pessoa nasceu. Saturno é o mestre do tempo, do carma, dos limites e das
estruturas. Sua lenta passagem pelas casas do nosso mapa astrológico
define os grandes temas das diversas fases da nossa existência. A
primeira volta de Saturno provoca uma avaliação geral das ações feitas até o
momento e, muitas vezes, há mudanças radicais na vida. É como se a pessoa
encontrasse seu rumo e seu destino. O que houver de falso ou ilusório cai
como um castelo de cartas, porque Saturno exige situações bem definidas. Na
lenda de Gautama Buda, o novo instrutor espiritual da humanidade descobre aos
29 anos a existência do sofrimento e da morte. Ele abandona imediatamente o
mundo e se refugia na meditação. Assim, a partir dos 30 anos o rumo geral
está claro e a alma elimina grande parte das distrações que a faziam
perder tempo. Talvez não faltem obstáculos e crises. Mas surgem
possibilidades ilimitadas e se abre a fase das grandes realizações. Até
que ponto a vida já pode ser vista como um aprendizado espiritual e nada
mais? Cada um deve responder por si. 6) Dos
35 aos 42, o
indivíduo percebe os limites do seu corpo e sente os primeiros efeitos do
envelhecimento físico. Ele ainda pode ter muitos anos de vida ativa, mas
para isso terá de manter hábitos pessoais que fortaleçam a saúde. A chamada
“crise dos 40 anos” força-o a colocar a sabedoria acima da força. Ele
identifica com mais clareza o que pode e o que não pode realizar. Ele
reduz as suas ambições externas, aprende a atuar seletivamente e aproveita
melhor as oportunidades. É mais realista, e tem mais capacidade de
concentração. O êxito, profissional e social, se amplia. Para muitos, agora
se aprofunda o despertar espiritual, e o movimento teosófico surge como
caminho para a plenitude e a libertação interior. 7) Dos
42 aos 49 anos se
completa a transição para a meia-idade. Acentua-se a
necessidade de usar mais talento para compensar a perda da vitalidade física.
As emoções estavelmente negativas, que nunca foram recomendáveis, agora já
não podem ser toleradas porque passam a ter efeitos diretos sobre a
saúde. Há um sentido maior de urgência no viver. Ainda se tem saúde,
ainda se pode recomeçar a vida, mas não há mais tempo a perder. O final dessa
fase traz uma grande tranquilidade a algumas pessoas, quando percebem que já
cumpriram certos deveres básicos na vida. Essa percepção afasta o medo e dá
tranquilidade para viver o futuro. Em muitos casos os filhos foram
criados e a situação econômica está consolidada. A alma se volta para
aproveitar melhor a vida. Ama mais profundamente, dá menos atenção a
formalidades e vai direto ao que interessa. Pela posição de Saturno em
trânsito, a partir dos 47 anos e até os 54 há um período de novo ânimo e
grande poder de iniciativa e realização. É quase uma segunda adolescência. Os
temas da juventude que ainda não foram bem resolvidos podem ser retomados
agora em um esforço profundo de compensação. 8) Entre
49 e 56 anos de idade a alma já tem uma grande quantidade de
experiência de vida e ainda está no auge da capacidade de trabalho. Embora
seu corpo físico continue envelhecendo e requeira cautela crescente no seu
manejo, a verdade é que a capacidade de trabalho intelectual está num patamar
mais alto que o das faixas etárias anteriores. Ao mesmo tempo, é cada dia
mais importante cortar formas de desperdício da energia vital e adequar
a alimentação e outros hábitos pessoais para que haja menos desgaste da
saúde. É aconselhável ler, escutar música, meditar, refletir sobre a vida e
participar de trabalhos voluntários. A volta à simplicidade preparará uma
velhice feliz, fator importante para que a vida após a morte e as próximas
vidas sejam mais agradáveis. Os anos da velhice podem ser mais dourados que
os da juventude, e poucos velhos gostariam, de fato, de voltar à
situação de trinta ou quarenta atrás. Eles sabem que a sabedoria e a
experiência adquiridas são o seu bem mais precioso. 9) Entre
56 e 63 anos, ingressamos
na idade madura. Os efeitos da segunda volta de Saturno se dão entre os 57 e
60 anos, trazendo novas possibilidades de grandes transformações. Há um
exame cármico geral e rigoroso e uma severa avaliação dos rumos da vida. É
possível que ocorram tempestades e mudanças estruturais. Se não houver
necessidade de grandes guinadas no rumo da vida, a renovação será
interior e a alma avançará produtivamente para a longa reta final que levara
à culminação da existência física. Do ponto de vista prático, estas são
algumas das recomendações mais cruciais a partir de agora: *Ter
uma meta nobre de vida, e preservar a capacidade de aprender com cada fato
novo; *
Buscar a sabedoria, agir moderadamente, e ajudar a Causa da evolução humana; *Aproveitar
o que cada momento traz de bom e de útil; *Dedicar
uma boa parte do dia a pensar no que é eterno e infinito; *Caminhar
todos os dias meditativamente, junto à natureza ou em local tranqüilo; *Evitar
dívidas e outras situações econômicas complicadas; *Manter
atividades produtivas, seja profissionalmente, seja como voluntário; *Desarmar
os conflitos emocionais e os rancores em cada relacionamento pessoal e
profissional; *Manter
o humor leve, apreciar a beleza do céu, sorrir para a vida. Esses
itens são recomendáveis para qualquer tempo. Agora, no entanto, eles ganham
importância decisiva. Quando nosso corpo é velho e frágil, é indispensável
ter sabedoria interior e juventude de espírito. Porém há um desafio
nisso. Quanto mais idade temos, mais difícil é fazer mudanças. Por isso é
aconselhável aproveitar as fases da vida em que ainda somos
suficientemente maleáveis para educar a nós próprios e criar hábitos que
levam a uma existência fisicamente longa e espiritualmente correta. 10) Os
períodos setenários que vão de 63 até 70 anos, e 77; e ainda 84, 91, 98
e 105 anos de idade, já não são épocas propícias para inovações desnecessárias. No entanto,
a atividade profissional e intelectual vivida com serenidade é perfeitamente
possível até muito além dos 80 anos. Viver
intensamente o presente é fundamental, mas evite dar importância
desnecessária a conflitos. A vida deve ser dedicada cada vez mais à paz
interior e aos estados contemplativos. Os assuntos humanos de curto
prazo precisam ser tratados com moderação, reconhecendo-se que são coisas de
importância passageira. A prioridade é a ampliação dos horizontes e a
compreensão das verdades eternas. Já podemos admirar os resultados da
nossa vida, mas ainda é possível ampliar o trabalho realizado, aumentando
nossa capacidade de amar e de fazer o bem. Estamos
livres de amarras: podemos viver cada dia com intensidade. Assim avançamos
harmoniosamente - talvez até além dos cem anos de idade. E quando largarmos
definitivamente o nosso velho corpo, iremos para o longo e
glorioso período de descanso entre duas vidas, que a filosofia esotérica
chama de Devachan. E ali teremos uma existência abençoada até que o
ciclo do renascimento comece outra vez. Consciente
da natureza cíclica da vida universal, Benjamin Franklin, o bem-humorado
pensador e líder político norte-americano, escreveu ainda jovem o seguinte
epitáfio para si mesmo: “O
corpo de Benjamin Franklin, impressor - como a capa de um velho livro, com
seu conteúdo gasto e já sem títulos dourados - aqui jaz na condição de
alimento para os vermes. Mas o trabalho não estará perdido, pois, segundo ele
acreditava, reaparecerá mais uma vez, em uma nova e elegante edição, revista
e corrigida pelo Autor.” [3] A vida
é infinita, e só as formas são passageiras. Temos todos os elementos para
construir com eficácia a grande obra de arte que é nossa existência atual.
Não há conhecimento mais importante do que essa ciência de viver. A
tranquilidade do estudante de filosofia esotérica surge do fato de que ele
conhece e compreende uma lei essencial: na natureza nada se perde, nada se
cria, tudo se transforma. Tudo se recicla. A cada final corresponde um
descanso, e também um novo começo. A cada plantio, uma colheita, e a colheita
ocorrerá segundo a Lei do Equilíbrio e da Justiça. O universo é simétrico:
cada noite tem uma única função, que é preparar o amanhecer. A
concepção realista de uma existência humana como um conjunto perfeito do
início ao final é algo que nos permite atuar com sabedoria nas diferentes
situações específicas. Deste modo fica mais fácil transformar cada dia da
vida em uma pequena mas valiosa obra de arte. MENSAGEM
DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO |
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