Quando deixamos de ser crianças?
Todos nascemos bebê, passamos pela
fase da infância, alcançamos a juventude e amadurecemos, no contar dos anos.
O que é inusitado no processo é que,
apesar de termos tido as mesmas experiências da inocência infantil, da ignorância
de tantas coisas, ao nos tornarmos adultos, é como se esquecêssemos do que
fizemos, do que éramos.
É de nos perguntarmos: quando foi que
deixamos de ser crianças? Quando foi que assumimos o papel do adulto de
carantonha, parecendo zangado com o mundo?
Quando foi que deixamos de apreciar
algumas coisas simples, mas que nos davam tanto prazer?
Lembramos que, em dias chuvosos,
fazíamos questão de andar pelas sarjetas inundadas, para sentir a água da chuva
subindo além dos tornozelos.
E, ainda, tínhamos o capricho de ir
chutando, para vê-la erguer-se, ofendida, e depois cair sobre nossos pés.
Fazíamos isso, a caminho da escola,
sem nos importarmos em ficarmos com o uniforme molhado, na sala de aula. Valia
o prazer da aventura.
E, era bom enfrentar no retorno ao
lar, às ruas enlameadas, onde nos permitíamos ir deslizando, deslizando, não
raro caindo.
Tudo era risos, divertindo-nos uns
com os outros. Sabíamos que uma bela bronca nos aguardava ao chegar em casa.
Mas, o importante era a diversão.
Coisas simples, de meninos do
Interior, de anos passados.
Quando foi que esquecemos disso?
Quando foi que esquecemos de como era
fácil, sem dinheiro algum, nos divertirmos?
Apostar corrida da casa ao armazém,
com os irmãos. Apostar quem chegaria primeiro, quem conseguiria levar mais
sacolas na sua bicicleta.
Bolinha de gude, coleção de
figurinhas. A reunião com a turma antes do cinema do domingo, para trocar as
figurinhas duplas, para se conseguir aquela bolinha de gude especial, colorida,
bem lisinha, que o nosso amigo possuía.
E aguardávamos o dia certo do gibi
chegar na banca. Quem tivesse dinheiro, comprava e lia com os amigos. Era
importante porque algumas histórias eram divididas em episódios.
Não se poderia perder a continuação.
Aprendíamos a emprestar, a dividir.
Por que será que agora, maduros,
esquecemos de como é bom compartilhar, ceder?
Que o bom é ter amigos, muitos amigos
para rir de coisas boas, para conversar do que se fez, da tolice que cometemos,
sobre o negócio que não vai muito bem.
Quando foi que deixamos de ser
crianças e começamos a guardar tudo para nós: o bom que vivemos, o mal que nos
alcança?
Quando foi que esquecemos que fomos
crianças?
* * *
Todos os dias, a vida nos brinda com
suas surpresas. A natureza nos oferece o sol, o vento, o perfume das flores.
Também a chuva, o frio, a neve.
Alimentemos a criança que dormita em
nós e utilizemos, ao menos uma parte do nosso dia, para as coisas importantes:
admirar o nascer do sol, uma flor, dia a dia, desabrochando, abrindo a sua corola,
pétala a pétala.
Os pássaros em algazarra nas árvores,
o gato que se espreguiça ao sol, ainda sonolento.
A borboleta que visita nosso jardim,
o beija-flor em seu voo ligeiro, recolhendo o néctar das flores.
Comecemos hoje a despertar a nossa criança,
e verificaremos como seremos muito mais felizes, mesmo que as tarefas sejam
muitas, que a conta bancária esteja quase no vermelho, que a enfermidade nos
abrace.
Retornemos a sentir prazer nas coisas
simples, nas coisas grandiosas com que Deus nos brinda a cada dia.
Redação do Momento Espírita.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 26, ed. FEP.
Em 9.9.2014.
Disponível no CD Momento Espírita, v. 26, ed. FEP.
Em 9.9.2014.
Mensagem compartilhada pelo médium
Getulio Pacheco Quadrado
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