terça-feira, 7 de janeiro de 2020


O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPITULO IX. LEI DE IGUALDADE. DESIGUALDADE DAS RIQUEZAS.
A desigualdade das riquezas tem e não tem sua origem na desigualdade das faculdades, que dão a uns mais meios de adquirir do que outros.
A prova disto esta na astúcia e do roubo, onde a riqueza hereditária pode ser fruto das más paixões ou não. Para se assegurar disso, deve-se remontar à origem e ver se é sempre pura. Deve-se também saber se no princípio não foi o fruto de uma espoliação ou de uma injustiça. Mas deixando de falar em origem, que pode ser má, deve-se crer que a cobiça de bens, mesmo os melhores adquiridos, e os desejos secretos que se concebem de possuir o mais cedo possível, sejam sentimentos louváveis. Isso é o que Deus julga, e é assegurado que o seu julgamento é mais severo que o dos seres humanos.
Se uma fortuna foi mal adquirida, os herdeiros serão responsáveis por isso, eles não são responsáveis pelo mal que outros tenham feito, tanto mais que o podem ignorar, mas fica sabendo que, muitas vezes, uma fortuna se destina a um ser para lhe dar ocasião de reparar uma injustiça. Feliz dele se o compreender! E se o fizer em nome daquele que cometeu a injustiça, a reparação será levada em conta para ambos, porque quase sempre é este último quem a provoca.
Sem fraudar a legalidade, podemos dispor dos nossos bens de maneira mais ou menos equitativa. Quem assim o faz é responsável, depois da morte, pelas disposições testamentárias, onde toda ação traz os seus frutos; os das boas ações são doces e os das outras são sempre amargos.
A igualdade absoluta das riquezas não é possível e não existiu alguma vez, porque a diversidade das faculdades e dos caracteres se opõe a isso.
Há seres humanos, entretanto, que creem estar nisso o remédio para os males sociais, que são
 os sistemáticos ou ambiciosos e invejosos. Eles não compreendem que a igualdade seria logo rompida pela própria força das coisas. E é se combatendo o egoísmo que vem a ser a chaga social, e não atrás de quimeras.
Se a igualdade das riquezas não é possível, isto não acontece com o bem-estar, mas o bem-estar é relativo a cada um poder gozá-lo, se todos se entendessem… Porque o verdadeiro bem-estar consiste no emprego do tempo de acordo com a vontade, e não em trabalhos pelos quais não se  tem nenhum gosto. Como cada um tem aptidões diferentes, nenhum trabalho útil ficaria por fazer. O equilíbrio existe em tudo, e é o ser humano quem o perturba.
Todos se entenderão quando praticarem a lei da justiça.
Há pessoas que caem nas privações e na miséria por sua própria culpa, onde a sociedade pode ser responsabilizada por isso. Ela é sempre a causa primeira dessas faltas; pois não lhe cabe velar pela educação moral de seus membros, sendo esta frequentemente a má educação que falseia o critério dessas pessoas, em lugar de aniquilar-lhes as tendências perniciosas.

No mundo de hoje, este problema já vem provocando tentativas de solução. Trata-se do aproveitamento das vocações, cujo desperdício sistemático acarreta perdas consideráveis à economia social e profundo desequilíbrio na estrutura das sociedades.
BIBLIOGRAFIA: O LIVRO DOS ESPÍRITOS.





























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