NA HORA DA MORTE
Na hora do adeus, não existe nada, que se possa comparar com a surpresa da continuidade da vida.
Ainda hoje, passados mais de quarenta anos da hora do meu adeus, e por mais que eu esteja adaptado do lado de cá, e estou, repercute em meu coração, quando lembro, o momento daquele “adeus”, que hoje eu sei, que foi um até breve!
A morte é tão surpreendente, porque quando você faz a passagem, permanece aquele sentimento de querer revelar ao mundo, o seu profundo mistério para os que ficaram na estação material.
Me recordo que em alguns momentos da minha mudança para cá, nas horas mais difíceis eu me pus a gritar: “Estou vivo, eu vejo vocês, sinto saudades...”
Desejo explicar isso de maneira mais simples: é como se existissem “fios” invisíveis de amor que não se rompem, quando não fazemos mais parte do grupo dos “vivos”, aqueles que ficaram na “estação do adeus”.
Funciona assim: Quando alguém pensa na gente com amor e carinho, esses “fios” vibram de ambos os lados e experimentamos alegria e paz, embora exista a saudade.
Quando os pensamentos são de desespero, esses “fios invisíveis” se tornam densos e elásticos e nos arrastam pelas vias da amargura, das lágrimas e da revolta.
É como sentir um puxão bem forte e por mais que se queira fica difícil resistir.
Só mesmo o tempo para ajustar esses “fios invisíveis”.
A aceitação com gratidão acomoda tudo no devido tempo.
O que mais venho observando nesses dias de transição é a falta de espiritualidade no coração das pessoas.
Muitos jovens chegam do lado de cá com vínculos densos a lhes prenderem na retaguarda dos prazeres e vícios.
Além das lutas intensas para superar a revolta dos familiares, o mais grave é a falta de preparo para se viver a hora do adeus.
Será que o homem ainda não compreendeu que ele não está na Terra para ficar?
Todos irão viver o seu adeus, porque faz parte da vida esse momento.
Alguns têm seu momento de forma repentina e surpreendente, outros dão adeus, à medida que a enfermidade vai vencendo as forças físicas.
Ter consciência da partida a qualquer instante, deveria ampliar o sentido de fraternidade entre as pessoas.
Deveríamos aproveitar todos os instantes, para amar sem cobranças e sem exigências.
Quantas dores, quantas lágrimas, quanta revolta na vida daqueles que se acreditam detentores das coisas do mundo.
Equipes espirituais se desdobram em ações emergenciais para minimizar a loucura que se abate sobre uma família quando alguém vivencia a hora de dar adeus.
Sempre falta alguma coisa, um abraço que não foi dado, um sentimento mal resolvido, uma palavra esquecida.
Estou aqui sem o corpo físico e o que nos une é o psiquismo do médium que escreve o que lhe passo, acredite nessas palavras.
Não desdenhe desses sinais de alerta.
Viva com profundo respeito pela vida, pelas pessoas a sua volta, pelo planeta que te acolhe.
Nunca se imagine superior a quem quer que seja, quanto mais nos acreditamos superiores aos outros, maior será a nossa decepção ao descobrir que temos de verdade apenas o amor que carregamos em nosso coração.
Cada palavra, cada gesto infeliz bate às portas da nossa consciência na hora do adeus.
É algo surpreendente a rapidez dos nossos pensamentos, e a capacidade do espírito em rever seus registros emocionais.
Nesse exato momento, no instante em que você lê essa mensagem, milhares de pessoas pelo mundo estão vivendo o momento do seu adeus.
Talvez até alguém que você conheça.
Procuremos viver em plenitude, em comunhão com Deus, em sintonia com o bem.
Quando chegar o momento de atravessar as aduanas da morte, o que carregarmos dentro do coração será o passaporte para a paz.
Na hora do adeus você virá sozinho para sua pátria verdadeira.
Aproveite cada novo dia, pois ninguém sabe quando será o momento de dizer adeus.
Viva na fé, viva no bem!
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