Visão Espírita do Idoso
Visão Espírita do
Idoso.
Leda Marques
Bighetti.
de Ribeirão
Preto, SP.
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As fases da vida
física e o que cada uma representa para o Espírito.
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O Idoso – quem é:
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Como é visto?
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Como ele se vê?
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A família –
cuidados – respeito – carinho – amor – ou abandono?
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As formas de
exteriorização desse abandono.
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Responsabilidade
– repercussões.
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O entendimento
espírita.
“(…) É justo que
os filhos cooperem com os pais, embora saibamos que os mais jovens de hoje
serão os mais velhos de amanhã tanto quanto os maduros de agora, desempenharão,
muito em breve o papel de jovens no futuro.
Tudo é sequência
na Lei”. Emmanuel – Reformador,
julho/76 – 22/4/51
“Antes de mais
nada, é necessário esclarecer cada uma das gerações que se cruzam na mesma
época reencarna tória sobre um princípio altamente funcional para o progresso
das coletividades (povos e nações). As atuais posições e funções específicas
das gerações de hoje já estiveram trocadas em vidas passadas. E ainda se
inverterão em vidas futuras. A geração mais velha de hoje em função educadora
foi a mais nova e educanda de ontem; e será a de amanhã.
Os papeis vão
sendo invertidos no suceder das exigências, para permitir um intercâmbio
salutar de experiências, de vivências e de conhecimento, de infusão recíproco
de valores em ampla e necessária complementaridade.
Essa contingência
está a apontar a todos o respeito mútuo, recíproca compreensão e liberdade a
ser mantida entre os mais velhos e os jovens em comunicação produtiva”.
Espiritismo e Educação, Ney Lobo – IX
As fases da vida física e o que cada uma representa para o Espírito
Dentro dos
objetivos da Doutrina Espírita – a renovação moral – encarnação, isto é, uso de
um corpo físico e o tempo que pode desfrutar dele, é altamente valorizado no
entender espírita.
“A passagem dos
espíritos pela vida corporal é necessária para que eles possam cumprir, por
meio de uma ação material, os desígnios cuja execução Deus lhes confia. É-lhes
necessária, a bem deles, visto que a atividade que são obrigados a exercer lhes
auxilia o desenvolvimento da inteligência. Sendo soberanamente justo Deus tem
de distribuir tudo igualmente por todos os seus filhos; assim é que estabeleceu
para todos o mesmo ponto de partida, a mesma aptidão, as mesmas obrigações a
cumprir e a mesma liberdade de proceder. Qualquer privilégio seria uma
preferência, uma injustiça. Mas, a encarnação para todos os espíritos é um
estado transitório. É uma tarefa que Deus lhes impõe, quando iniciam a vida,
como primeira experiência do uso do livre-arbítrio. Os que desempenham com zelo
essa tarefa transpõem rapidamente e menos penosamente os primeiros graus da
iniciação e mais cedo gozam do fruto de seus labores. Os que, ao contrário,
usam mal a liberdade que Deus lhes concede retardam sua marcha e, tal seja a
obstinação que demonstrarem, podem prolongar, indefinidamente, a necessidade da
reencarnação e é quando se torna um castigo”. 1
Desse modo é o
homem:
“Um Espírito
transeunte, reencarnado nesta Terra, peregrino imperfeito, em determinado grau
educativo em romagem da perfectibilidade para perfeição que, pela Educação
conquistada ou a conquistar em Reencarnações sucessivas e progressivas como ser
Pluriexistencial atingirá o estado de Puro Espírito, isto é totalmente
educado” 2
Entendida essa
premissa o Espírito precisa de um corpo físico para desenvolver seu potencial
perfectível, submetido ao ciclo da matéria que “nasce, cresce, desenvolve-se,
mantém determinado equilíbrio, desagrega-se e morre, qual a função de cada uma?
Há alguma coisa que seja superior, mais importante?
Recorde-se que na
perfeição do Pai, não existe acaso, supérfluo, ou algo sem função específica.
Desse modo, cada fase em que estagia o Espírito, tem ela uma função altamente
qualificada em preparações contínuas e sequentes onde o aprendizado, as
experiências, o processo educativo aí contido, vai ampliando o campo perceptivo
e irradiador do Espírito.
De passagem,
recorde-se que a infância etapa que vai desde o nascimento até a puberdade
configura-se como tempo de transição de uma existência para outra; período de
convalescença da árdua travessia da vida espiritual para a material, onde a
primeira função3, é o repouso e as faculdades em latência
encontrarão, no trabalho envidado pelos pais/responsáveis, os estímulos para
que se manifestem. Nesse campo, interligado, junto, paralelo ao
repouso/latência está a segunda função – a plasticidade, a maleabilidade”4 propiciadora
do campo aberto para se reformar, mudar. O exemplo, o desvelo, o carinho, a
firmeza, o empenho dos pais/responsáveis em trabalhar sem perder a dimensão de
que está diante de um Espírito imortal, dá sentido e entendimento as várias
situações com as quais se defrontarão.
Essa visão –
Imortalidade – em nenhum momento pode ser esquecida – pois se ela referência o
ser, com seu passado, aquisições, virtudes e problemas, também dá sentido a
todos os cuidados e trabalhos visando o futuro.
A adolescência,
puberdade, fase que adentra em tese, além um pouco dos vinte anos,
caracteriza-se pela descoberta e afirmação do EU, onde períodos de
egocentrismo, crises de irriquietude, irritabilidade, alternando-se com
períodos calmos, ou de entusiasmo e depressão são frequentes. Produzem tormento
interior, acrescido das dificuldades nas decisões, as desilusões, ou o contato
com a realidade mais evidente, onde o Espírito não se sente ainda com
estruturação de um Homem, mas também não se aceita mais como criança. Mendouse,
pensador francês classifica essa fase como “estado de anarquia das tendências”.
Sob o enfoque da
Imortalidade, tudo isso de um modo geral (pode haver exceções) tem razão de
ser. Agora, o esquecimento do passado é total, a potencialidade está voltada
para o futuro, mas esse Espírito é todo um aflorar de passado. A infância
acenou-lhe com novas propostas, ideais. Nessa luta (quase sempre inconsciente)
entre o que não mais quer se repetir, rescindir e o que almeja, sente ou
deseja, o objetivo que é justamente a emancipação, quase sempre exterioriza-se
através de conflitos a representar verdadeiro grito de socorro onde a atitude
atuante dos pais/responsáveis – conversando, dialogando, refletindo juntos será
de capital importância para a fisionomia espiritual desse futuro homem,
totalmente diferente do que já fora em passado, da “criança” dessa existência,
dos pais ou familiares.
No mesmo enfoque
e importância esse Espírito imortal alcança, atinge (na tese de uma sequência
lógica) a maturidade onde pressupõe-se o equilíbrio físico e emocional no vigor
e a energia que esplendem. O Espírito se exteriorizaria aí em toda solidez, firmeza,
precisão e desenvolvimento. A segurança, a justeza, a reflexão dão real
colorido as propostas e decisões “Se realmente a idade madura é menos
primaveril que a adolescência; se as flores decaíram do seu colorido e perfume,
os frutos igualando-se aos frutos de uma árvore começam a aparecer na
extremidade da alma pois é a idade madura, por excelência, o período da
plenitude; é o rio que corre a toda força e espalha pela campina a riqueza e a
fecundidade”. 5
A arte da vida,
portanto, consistirá em justamente se entender porquês e funções, e se preparar
para elas e nelas, qual trabalhador que após os serviços devidos se prepara
para a colheita.
Essa fase madura
onde “(…) o nascer do sol é logo de manhã, o poente é radioso e as noites
sempre alumiadas maravilhosamente, suntuosamente por milhares de estrelas (…)6,
o trabalho, a inspiração, o desprendimento e o amor preparam para a fase que se
seguirá – a do envelhecimento da matéria.
Por que a do
envelhecimento da matéria?
“(…) teu corpo é
uma veste que se apodrece (…)”7
Mantidas as
condições gerais de vida, isto é, ar, luz, calor, alimento, cuidados
necessários, por que a energia vital que mantém a Vida se desagrega?
Gabriel Delanne8 representa
essa resposta com a analogia de uma pedra lançada ao ar em sentido vertical.
Impulsionada pela força dos músculos, a despeito da força centrípeta, eleva-se
rapidamente até que as duas forças contrárias se equilibram. Depois, a atração
predomina, a pedra cai e quando chega ao ponto de partida toda energia a ela
comunicada terá desaparecido.
Pode-se fazer
paralelo com o ser vivo – a energia potencial proveniente dos pais e que se
encontra na célula original, transforma-se em energia natural à medida em que
se organiza a matéria. De começo a ação é altamente enérgica – a assimilação
ultrapassa a desassimilação – o indivíduo cresce (infância e juventude). A
seguir vem o equilíbrio das perdas e ganhos – é a maturidade, a estabilidade da
matéria. Cessado, rompido esse equilíbrio, os tecidos não mais convenientemente
alimentados, esvai-se a força vital até a exaustão completa. Caracterizou-se a
velhice dessa matéria até o sobrevir de extinção completa, no caso, na morte. A
matéria agora desagregada retorna ao mundo inorgânico.
Essa matéria em
desagregação influencia o Espírito?
Sem dúvida. Ela
limita sua exteriorização, sua expansão, impõe-lhe ritmo diferente. Os
instrumentos para a manifestação da alma estão limitados, e o Espírito não mais
consegue dinamizar sua pujança.
Acredita-se que
esse processo natural do envelhecimento da matéria apresente menos problemas ao
Espírito quando se faz acompanhar desse conhecimento e do fruto das atitudes
positivas e condutas corretas no dia-a-dia, desde a mocidade e que as funções
biológicas e psicológicas são alteradas com maiores repercussões diante dos
comportamentos sem disciplina em todos os setores.
Daí entender,
compreender essa fase natural da existência e trabalhar nela para que o
Espírito se mantenha ativo, lúcido, entusiasmado e permanentemente livre,
embora limitado pela matéria que o restringe.
A História mostra
que o envelhecimento da matéria não se processou em paralelo, para quem soube
cultivar o Espírito ou em outras palavras, a idade cronológica não representou
barreiras para Verdi, compositor italiano, que aos sessentas anos compõe
“Aída”; com mais de setenta e quatro “Otelo” e aos oitenta e quatro completa
três imorredouras páginas religiosas: “Ave Maria”, “Stabat Mater” e “Te Deum”.
Picasso, o genial pintor espanhol aos noventa e um anos cria; Churchill
septuagenário foi a alma da resistência na Segunda Grande Guerra e morre aos
noventa e um anos em plena contribuição social. Que falar ainda de Einsten,
Edison, Albert Schwtzer, Pasteur, Fleming, Adenahuer, Bertrand Russell
espíritos altamente produtivos aos setenta, oitenta, noventa anos de idade
física, que não se entregando a vida contemplativa permanecem vivos até hoje
quando pelos efeitos de suas descobertas, invenções, ideais e ideais se
mantiveram produtivos, interessados, interessantes e atuantes, apesar, do
envelhecimento físico.
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