CAPÍTULO XXVII. PEDI E
OBTEREIS.
AÇÃO DA PRECE-TRANSMISSÃO DE
PENSAMENTO.
Esta escrito aqui, que a prece vem a ser uma
invocação, mediante a qual o ser humano entra,
pelo pensamento, em comunicação com o ser que se dirige. Explica também, que
ela pode ter por objetivo um pedido, um agradecimento ou um louvor. E que podemos
orar também por nós mesmos ou pelos outros, pelos vivos ou pelos mortos. Também
explica que as preces dirigidas a Deus são ouvidas pelos Espíritos encarregados
da execução dos seus desígnios, e as que são dirigidas aos Bons Espíritos vão
também para Deus. Esclarece que, quando oramos para outras entidades e não para
Deus, aquelas que nos servem, são apenas intermediárias, e intercessoras,
porque nada pode ser feito sem à vontade de Deus.
Aqui no Evangelho explica que o Espiritismo nos faz compreender a ação da
prece, ao explicar a forma de transmissão do pensamento, seja quando o ser a
quem oramos atende ao nosso apelo, seja quando o nosso pensamento eleva-se a
ele. E que para se compreender o que ocorre nesse caso, é necessário imaginarmos
os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no fluido universal que
preenche o espaço, assim como na Terra estamos envolvidos pela atmosfera. Torna-nos
claro que esse fluido é impulsionado pela vontade, pois é o veículo do
pensamento, como o ar é o veículo do som, com a diferença de que as vibrações
do ar são circunscritas, enquanto as do fluido universal se ampliam ao
infinito. Também nos orienta, que quando, pois, o pensamento se dirige para
algum ser na terra ou no espaço, de encarnado para desencarnado, ou vice-versa,
uma corrente fluídica se estabelece de um a outro, transmitindo o pensamento,
como o ar transmite o som.
Esclarece-nos também, que a energia da corrente está na razão direta da energia
do pensamento e da vontade, e que é assim que a prece é ouvida pelos Espíritos,
onde quer que eles se encontrem; e que é assim que os Espíritos se comunicam
entre si, e nos transmitem as suas inspirações, e que as relações se
estabelecem à distância entre os próprios encarnados.
Esta
explicação é mais dirigida, sobretudo, aos que não compreendem a utilidade da
prece puramente mística, e não tem por fim materializar a prece, mas tornar
compreensíveis os seus efeitos, ao mostrar que ela pode exercer ação direta e
positiva. E que nem por isso está menos sujeita à vontade de Deus, juiz supremo
em todas as coisas, e único que pode dar eficácia à sua ação.
Outra coisa que nos esclarece que é pela prece, que o ser humano atrai o
concurso dos Bons Espíritos, que o vêm sustentar nossas boas resoluções e inspirar-nos
bons pensamentos. E que é assim que nós adquirimos a força moral necessária
para vencer as dificuldades e voltarmos ao caminho reto, quando dele se afastamos;
e que é assim também podemos desviar de nós os males que atrairíamos pelas
nossas próprias faltas. E nos da como exemplo, um ser humano, que sente a sua
saúde arruinada pelos excessos que cometeu, e arrasta, até o fim dos seus dias,
uma vida de sofrimento. Daí pergunta-nos, se ele tem o direito de queixar-se,
se não conseguir a cura? Responde que não, porque poderia ter podido encontrar
na prece a força para resistir às tentações.
Esta
escrito também, que para melhor compreendermos, é dividido os males da vida em
duas categorias, sendo uma a dos que o ser não pode evitar, e outra a das
atribuições que ele mesmo provoca, por sua incúria e pelos seus excessos, onde
veremos que esta última é muito mais numerosa que a primeira. Tornando-se assim,
pois evidente que o ser humano é o autor da maioria das suas aflições, e que
poderia poupar-se, se agisse sempre com sabedoria e prudência.
Também informa-nos que é certo, que essas misérias resultam das nossas
infrações às leis de Deus, e que, se as observássemos rigorosamente, seríamos
perfeitamente felizes. Isto é, se não ultrapassássemos os limites do
necessário, na satisfação das nossas exigências vitais, não sofreríamos as
doenças que são provocadas pelos excessos, e as vicissitudes decorrentes dessas
doenças. E que se limitássemos as nossas ambições, não temeríamos a ruína. E se
não quiséssemos subir mais alto do que podemos, não recearíamos a queda. Se
fossemos humildes, não sofreríamos as decepções do orgulho abatido. Se
praticássemos a lei de caridade, não seríamos maledicentes, nem invejosos, nem
ciumentos, e evitaríamos as querelas e as dissensões. E se não fizéssemos nenhum
mal a ninguém, não teríamos de temer as vinganças, e assim por diante.
Daí esta escrito também, que é levantado uma hipótese,
e uma pergunta, se o ser humano nada pudesse fazer contra os outros males; e
que todas as preces fossem inúteis para livrar-se deles; se já não seria muito,
poder afastar todos os que decorrem da sua própria conduta? Pois bem, ai
esclarece: que neste caso concebe-se facilmente a ação da prece, que tem por
fim atrair a inspiração salutar dos Bons Espíritos, e pedir-lhes a força
necessária para resistirmos aos maus pensamentos, cuja execução pode nos ser
funesta. E, para nos atenderem nisto, não é o mal que eles afastam de
nós, porém, sim desviar-nos do mau pensamento que nos podem causar dano; não
embaraçam em nada os desígnios de Deus, nem suspendem o curso das leis
naturais, mas nos impedem de infringirmos as leis, orientando o nosso livre
arbítrio. Mas o fazem, contudo a nossa revelia, de maneira
imperceptível, para não prejudicarem a nossa vontade. O Evangelho esclarece,
que o ser humano se encontra então na posição de quem solicita bons conselhos e
os segue, mas conservando a liberdade de segui-los ou não. E informa que Deus
quer que assim seja, para que ele tenha a responsabilidade dos seus atos e para
lhe deixar o mérito da escolha entre o bem e o mal. E que é por aí, que o ser
humano sempre receberá se pedir com fervor, e ao que se pode, sobretudo aplicar
estas palavras: “Pedi e obtereis”.
Daí surge uma pergunta, se a eficácia da prece, mesmo reduzida a essas
proporções, não daria imenso resultado? La esclarece que ao Espiritismo foi
reservado provar a sua ação, pela revelação das relações entre o mundo corpóreo
e o mundo espiritual. Porém que não se limitam a isso os seus efeitos. Esclarece
também, que a prece é recomendada por todos os Espíritos, e que renunciar a ela
é ignorar a bondade de Deus; é rejeitar para si mesmo a sua assistência; e para
os outros, o bem que se poderia fazer.
Também aqui é explicado, que ao atender
ao pedido que lhe é dirigido, Deus tem frequentemente em vista recompensar a
intenção, o devotamento e a fé daquele que ora. Sendo o porquê a prece do ser
do bem tem mais merecimento aos olhos de Deus, e sempre maior eficácia. E porque
o ser humano vicioso e mau, não pode orar com o fervor e a confiança que só o
sentimento da verdadeira piedade pode dar. Também explica que do coração do
egoísta, daquele que só ora com os lábios, não poderiam sair mais do que palavras,
e nunca os impulsos da caridade, que dão à prece toda a sua força. Daí é
recomendado que, instintivamente é preferido recomendar-se às preces daqueles
cuja conduta nos parece que deve agradar a Deus, pois que são melhores escutadas.
Explica-nos
ainda, que se a prece exerce uma espécie de ação magnética, podemos supor que o
seu efeito estivesse subordinado à potência fluídica. Entretanto, não é assim.
Desde que os Espíritos exercem esta ação sobre os seres, eles suprem, quando
necessário, a insuficiência daquele que ora, seja através de uma ação
direta em seu nome; seja ao lhe conferirem momentaneamente uma
força excepcional, quando ele for julgado digno desse benefício ou quando isso
possa ser útil.
Também orienta-nos, que o ser humano que não se julga suficientemente bom para
exercer uma influência salutar, não deve deixar de orar por outro, por pensar
que não é digno de ser ouvido. E que a consciência de sua inferioridade é uma
prova de humildade, sempre agradável a Deus, que leva em conta a sua intenção
caridosa. E que seu fervor e sua confiança em Deus constituem o primeiro passo
do seu retorno ao bem, que os Bons Espíritos se sentem felizes de estimular. Explica-nos
ainda, que a prece que é repelida é a do orgulhoso, que só tem fé no
seu poder e nos seus méritos, e julga poder substituir-se à vontade do Eterno.
Por
último nos explica que o poder da prece está no pensamento, e não depende nem
das palavras, nem do lugar, nem do momento em que é feita. Pode-se, pois, orar
em qualquer hora, a sós ou em conjunto. A influência do lugar ou do tempo só se
faz sentir nas circunstâncias que possam favorecer o recolhimento. A
prece em comum tem ação mais poderosa, quando todos os que a fazem se associam
de coração num mesmo pensamento e têm a mesma finalidade, porque então
é como se muitos clamassem juntos e em uníssono. Mas que importaria estarem
reunidos em grande número, se cada qual agisse isoladamente e por sua própria
conta? Cem pessoas reunidas podem orar como egoístas, enquanto duas ou três,
ligadas por uma aspiração comum, orarão como verdadeiros irmãos em Deus, e sua
prece terá mais força do que a daquelas cem. (Ver cap. XXVIII, nº 4 e 5
) .
Bibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Mensagem lida e escrita pelo Médium Getu
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