quarta-feira, 5 de setembro de 2018

DAR-SE-Á ÀQUELE QUE TEM.


CAPÍTULO XVIII. MUITOS OS CHAMADOS, POUCOS OS ESCOLHIDOS.
DAR-SE-Á ÁQUELE QUE TEM.


            O irmão São Mateus, no capítulo XIII, V.10 A 14, ressalta as palavras do Mestre Jesus aos seus adeptos: E chegando-se a Ele os seus discípulos, lhe disseram: Por que razão lhes fala por parábolas? E Ele, respondendo, lhes disse: Porque a vós vos é dado saber os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não lhes é concedido. Porque ao que tem, se lhe dará e terá em abundância, mas ao que não tem até o que tem lhe será tirado. Por isto é que eu lhes falo em parábolas; porque eles, vendo, não veem, e ouvindo não ouvem, nem entendem. De sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Vós ouvireis com os ouvidos, e não entendereis; e vereis, e não vereis.
            Já no capítulo IV, v.24,25, salienta que Jesus também falou aos seus discípulos dizendo: Atendei ao que ides agora ouvir. Com a medida com que medirdes aos demais, vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará. Porque ao que já tem, dar-se-lhe-á, e ao que não tem ainda o que tem se lhe tirará.                      
            Já um Espírito Amigo, em Bordeaux, no ano de 1.862, procura explicar o que Jesus quis falar nas suas palavras: “Dá-se ao que tem e retira-se ao que não tem”. Este Espírito amigo pede para meditarmos sobre esses grandes ensinamentos, que quase sempre nos pareceram paradoxal. Aquele que recebeu é o que possui o sentido da palavra divina. Ele a recebeu porque se esforçou para fazer-se digno, e porque o Senhor, no seu amor misericordioso, encoraja-lhe os esforços em direção ao bem. Esses esforços contínuos, perseverantes, atraem as graças do Senhor. São como um ímã, que atraísse as melhoras progressivas, as graças abundantes, que nos tornam fortes para a subida da montanha sagrada, em cujo cume encontraremos o repouso que sucede ao trabalho.
            “Tira-se àquele que nada tem, ou que tem pouco”. Pede para tomarmos estas palavras como um ensino figurado, porque Deus não tira das suas criaturas o bem que se dignou conceder-lhes. E conclama: Seres humanos cegos e surdos! Abri vossas inteligências e vossos corações, procurai ver pelo espírito; compreendei com a alma; e não interpreteis de maneira grosseiramente injusta as palavras daquele que fez resplandecer aos vossos olhos a Justiça do Senhor! Não é Deus quem retira daquele que pouco havia recebido, mas é o seu próprio Espírito que, pródigo e descuidado, não sabe conservar o que tem, e aumentar, fecundando-a, a migalha que caiu no seu coração.

            E o bom Espírito também comenta:
                O filho que não cultiva o campo que o trabalho do pai conquistou, para deixar-lhe de herança, vê esse campo cobrir-se de ervas daninhas. Será o seu pai quem lhe tira as colheitas que ele não preparou? Se ele deixou a sementeira morrer nesse campo, por falta de cuidado, deve acusar seu pai pela falta de produção? Não, não! Em vez de acusar aquele que tudo lhe deu, como se lhe houvesse retomado os bens, deve acusar-se a si mesmo, que é o verdadeiro responsável pela sua miséria, e arrependido e ativo, entregar-se corajosamente ao trabalho. Que arroteie o solo ingrato, com o esforço de sua própria vontade; que o lavre a fundo, com a ajuda do arrependimento e da esperança; que nele atire confiante, a semente que escolheu como boa entre as más; que o regue com o seu amor e a sua caridade; e Deus, o Deus de Amor e Caridade, dará aquele que já tem. Então, ele verá os seus esforços coroados de sucesso, e um grão a produzir cem, e outro, mil. Coragem, trabalhadores! Tomai as vossas grades e charruas; arrotei os vossos corações; arrancai deles o joio; semeai a boa semente que o Senhor vos confia, e o orvalho do amor os fará produzir os frutos da caridade.
Bibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Mensagem lida e escrita pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.


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