CAPÍTULO XVIII. MUITOS OS
CHAMADOS, POUCOS OS ESCOLHIDOS.
DAR-SE-Á ÁQUELE QUE TEM.
O
irmão São Mateus, no capítulo XIII, V.10 A 14, ressalta as palavras do Mestre
Jesus aos seus adeptos: E chegando-se a Ele os seus discípulos, lhe
disseram: Por que razão lhes fala por parábolas? E Ele, respondendo, lhes
disse: Porque a vós vos é dado saber os mistérios do Reino dos Céus, mas a eles
não lhes é concedido. Porque ao que tem, se lhe dará e terá em abundância, mas
ao que não tem até o que tem lhe será tirado. Por isto é que eu lhes falo em
parábolas; porque eles, vendo, não veem, e ouvindo não ouvem, nem entendem. De
sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Vós ouvireis com os
ouvidos, e não entendereis; e vereis, e não vereis.
Já no
capítulo IV, v.24,25, salienta que Jesus também falou aos seus discípulos dizendo: Atendei ao que ides agora ouvir. Com
a medida com que medirdes aos demais, vos medirão a vós, e ainda se vos
acrescentará. Porque ao que já tem, dar-se-lhe-á, e ao que não tem ainda o que
tem se lhe tirará.
Já
um Espírito Amigo, em Bordeaux, no ano de 1.862, procura explicar o que Jesus quis
falar nas suas palavras: “Dá-se ao que tem e retira-se ao que não tem”. Este Espírito
amigo pede para meditarmos sobre esses grandes ensinamentos, que quase sempre nos
pareceram paradoxal. Aquele que recebeu é o que possui o sentido da palavra
divina. Ele a recebeu porque se esforçou para fazer-se digno, e porque o
Senhor, no seu amor misericordioso, encoraja-lhe os esforços em direção ao bem.
Esses esforços contínuos, perseverantes, atraem as graças do Senhor. São como
um ímã, que atraísse as melhoras progressivas, as graças abundantes, que nos
tornam fortes para a subida da montanha sagrada, em cujo cume encontraremos o
repouso que sucede ao trabalho.
“Tira-se
àquele que nada tem, ou que tem pouco”. Pede para tomarmos estas palavras como
um ensino figurado, porque Deus não tira das suas criaturas o bem que se dignou
conceder-lhes. E conclama: Seres humanos cegos e surdos! Abri vossas
inteligências e vossos corações, procurai ver pelo espírito; compreendei com a
alma; e não interpreteis de maneira grosseiramente injusta as palavras daquele
que fez resplandecer aos vossos olhos a Justiça do Senhor! Não é Deus quem
retira daquele que pouco havia recebido, mas é o seu próprio Espírito que,
pródigo e descuidado, não sabe conservar o que tem, e aumentar, fecundando-a, a
migalha que caiu no seu coração.
E
o bom Espírito também comenta:
O filho que não
cultiva o campo que o trabalho do pai conquistou, para deixar-lhe de herança,
vê esse campo cobrir-se de ervas daninhas. Será o seu pai quem lhe tira as
colheitas que ele não preparou? Se ele deixou a sementeira morrer nesse campo,
por falta de cuidado, deve acusar seu pai pela falta de produção? Não, não! Em
vez de acusar aquele que tudo lhe deu, como se lhe houvesse retomado os bens,
deve acusar-se a si mesmo, que é o verdadeiro responsável pela sua miséria, e
arrependido e ativo, entregar-se corajosamente ao trabalho. Que arroteie o solo
ingrato, com o esforço de sua própria vontade; que o lavre a fundo, com a ajuda
do arrependimento e da esperança; que nele atire confiante, a semente que
escolheu como boa entre as más; que o regue com o seu amor e a sua caridade; e
Deus, o Deus de Amor e Caridade, dará aquele que já tem. Então, ele verá os
seus esforços coroados de sucesso, e um grão a produzir cem, e outro, mil.
Coragem, trabalhadores! Tomai as vossas grades e charruas; arrotei os vossos
corações; arrancai deles o joio; semeai a boa semente que o Senhor vos confia,
e o orvalho do amor os fará produzir os frutos da caridade.
Bibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Mensagem lida e escrita
pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.
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