Algo sobre a depressão
Andrew Solomon define a depressão como sendo a
imperfeição do amor. Ou como o sofrimento emocional que se impõe sobre nós
contra a nossa vontade.
Reflete esse autor que o amor é o que tranquiliza a mente e a protege de
si mesma.
Como Espíritos imortais que somos, trazemos nossa própria bagagem
emocional, fruto de experiências passadas, marcadas em nosso inconsciente de
maneira mais ou menos traumática.
Resultado disso são as distonias e limitações emocionais que carregamos,
muitas sem causas aparentes nesta vida.
Por isso, determinadas situações que deveriam apenas nos trazer um leve
desconforto, algum pesar, nos arrastam para a depressão, porque se conectam com
as marcas deixadas por experiências frustrantes, vividas anteriormente e ainda
vivas em nossa intimidade.
Por desconhecermos nosso passado, e não sabermos o que a vida nos
oferecerá no futuro, nenhum de nós pode se dizer livre de uma depressão.
Porém, Andrew
Solomon, que chegou a ser vítima de severa depressão, insiste: O amor é
a melhor ferramenta para lidar com nossos problemas emocionais.
Assim, de forma preventiva ou mesmo durante o processo depressivo,
exercitar o amor será sempre uma terapia efetiva.
Isso porque o amor nos leva a enxergar o outro. Para isso é preciso sair
de nós mesmos, esquecer, pelo menos, momentaneamente, nossas próprias
dificuldades para nos solidarizarmos com a dor e as necessidades alheias.
Funciona como autoterapia para nos entendermos, para nos aceitarmos,
para nos curarmos e ainda nos fortalece para enfrentarmos com serenidade as
problemáticas emocionais que a vida poderá nos oferecer.
Conta Solomon o caso de Phaly Nuon, vítima de severos abusos durante o
regime comunista, no Camboja.
Após vagar fugitiva, por três anos, nas florestas do seu país, ver seu
filho de poucos meses morrer à fome em seus braços, ela foi abrigada em um
campo de refugiados.
Ali encontrou várias mulheres que, sobreviventes à guerra, não falavam,
não se alimentavam, morrendo lentamente de depressão pelo estresse
pós-traumático.
Por amor, no intuito de auxiliar a essas pobres mulheres, Phaly Nuon
começou a desenvolver sua própria terapia.
Principiou por ensinar a esquecer, envolvendo meditação.
Em um segundo passo, instituiu o trabalho como terapia, dizendo que é
necessário aprender a fazer coisas, e se orgulhar delas.
Numa terceira etapa, estabeleceu a necessidade de amar.
A proposta era que as mulheres começassem a cuidar de si mesmas, fazendo
as unhas dos pés e das mãos, umas das outras.
Essas pequenas ações aproximam, levam à confiança, à amizade, à
intimidade. Então, mesmo sem ser percebido, o amor floresce.
E quando isso acontece, tudo muda em nossas vidas.
Esquecer, trabalhar, amar. Eis a tríade da proposta.
* * *
Busquemos amar. Sirvamo-nos dessa ferramenta preventiva, remédio para
nossas almas.
Olhemos em torno. Haverá sempre alguém que necessite da nossa palavra,
de um conselho, de alguns minutos de companhia, do relato de uma história bela,
construtiva, emocionante.
Algo que faça bem à alma.
Serão esses pequenos exercícios de amor, frequentemente alimentados por
nossas ações, que ajudarão a curar as feridas que trazemos na alma, algumas
desde muito tempo.
Ponhamo-nos em
ação.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 1, do livro
O demônio do meio-dia: uma anatomia da depressão,
de Andrew Solomon, da ed. Companhia das Letras.
Em 21.4.20
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.
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