Influência do Espiritismo no Progresso
O Espiritismo
se tornará uma crença comum ou será apenas a de algumas pessoas?
– Certamente ele se tomará uma
crença comum e marcara uma nova era na História da Humanidade, porque
pertence à Natureza e chegou o tempo em que deve tomar lugar entre os
conhecimentos humanos. Haverá, entretanto grandes lutas a sustentar, mais
contra os interesses do que contra a convicção porque não se pode
dissimular que há pessoas interessadas em combatê-lo, umas por
amor-próprio e outras por motivos puramente materiais. Mas os seus
contraditares, ficando cada vez mais isolados, serão afinal forçados a
pensar como todos os outros, sob pena de se tornarem ridículos.
Comentário de
Kardec: As ideias só se transformam com o tempo e não subitamente; elas
se enfraquecem de geração em geração e acabam por desaparecer com os que as
professavam e que são substituídos por outros indivíduos imbuídos de novos
princípios, como se verifica com as idéias políticas. Vede o paganismo; não há
ninguém, certamente que professe hoje as ideias religiosas daquele tempo; não
obstante, muitos séculos depois do advento do Cristianismo, ainda haviam
deixado traços que somente a completa renovação das raças pôde apagar. O mesmo
acontecerá com o Espiritismo; ele faz muito progresso, mas haverá ainda,
durante duas ou três gerações, um fenômeno de incredulidade que só o tempo fará
desaparecer. Contudo, sua marcha será mais rápida que a do Cristianismo porque
é o próprio Cristianismo que lhe abre as vias sobre as quais ele se
desenvolvera. O Cristianismo tinha que destruir; o Espiritismo só tem que
construir(1).
De que maneira o
Espiritismo pode contribuir para o progresso?
— Destruindo o materialismo, que
é uma das chagas da sociedade, ele faz os homens compreenderem onde está o
seu verdadeiro interesse. A ‘vida futura não estando mais velada pela
dúvida, o homem compreenderá melhor que pode assegurar o seu futuro
através do presente. Destruindo os preconceitos de seita, de casta e de
cor, ele ensina aos homens a grande solidariedade que os deve unir como
irmãos.
Não é de temer que
o Espiritismo não consiga vencer a indiferença dos homens e o seu apego às
coisas materiais?
—Seria conhecer bem pouco os homens,
pensar que uma causa qualquer pudesse transformá-los como por encanto. As ideias
se modificam pouco a pouco, com os indivíduos, e são necessárias
gerações para que se apaguem completamente os traços dos velhos hábitos. A
transformação, portanto, não pode operar-se a não ser com o tempo,
gradualmente, pouco a pouco. Em cada geração uma parte do véu se dissipa.
O Espiritismo vem rasgá-lo de uma vez; mas mesmo que só tivesse o efeito
de corrigir um homem de um só dos seus defeitos, isso seria um passo que
ele afaria dar e por isso um grande bem, porque esse primeiro passo lhe
tornaria os outros mais fáceis.
Por que os
Espíritos não ensinaram desde todos os tempos o que ensinam hoje?
— Não ensinais às crianças o que
ensinais aos adultos e não dais ao recém-nascido um alimento que ele não
possa digerir. Cada coisa tem o seu tempo. Eles ensinaram muitas coisas
que os homens não compreenderam ou desfiguraram, mas que atualmente podem
compreender. Pelo seu ensinamento, mesmo incompleto, prepararam o terreno para
receber a semente que vai agora frutificar.
Desde que o
Espiritismo deve marcar um progresso da Humanidade, por que os Espíritos não
apressam esse progresso através de manifestações tão gerais e patentes que
pudessem levar a convicção aos mais incrédulos?
— Desejaríeis milagres, mas Deus
os semeia a mancheias nos vossos passos e tendes ainda homens que os
negam. O Cristo, ele próprio, convenceu os seus contemporâneos com os
prodígios que realizou? Não vedes ainda hoje os homens negarem os fatos
mais patentes que se passam aos seus olhos? Não tendes os que não
acreditariam, mesmo quando vissem? Não, não é por meio de prodígios que
Deus conduzirá os homens. Na sua bondade, ele quer deixar-lhes o mérito de
se convencerem através da razão.
(1) O transcurso do primeiro século do
Espiritismo, a 18 de abril de 1957 veio confirmar plenamente essa
extraordinária previsão de Kardec. No primeiro século do seu desenvolvimento o
Cristianismo era ainda uma seita obscura e terrivelmente perseguida. Somente
nos fins do terceiro século atingiu as proporções de desenvolvimento e
universalização que o Espiritismo apresenta no seu primeiro século. A marcha do
Espiritismo se fez com muito maior rapidez e sua vitória brilhará mais rápida
do que se espera. (N. do T.)
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHEC QUADRO.
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