O DESENCARNE NA INFÂNCIA
Apenas quem já perdeu
um filho na infância pode descrever a dor que se sente neste momento tão
doloroso. Como se o mundo girasse ao seu redor, você pensa estar vivendo um
pesadelo e que, ao acordar, tudo voltará ao normal. Mas a realidade se mantém e
você não entende o porquê de estar acontecendo tudo aquilo. Chega a duvidar da
justiça divina e as perguntas constantes permanecem: Porque meu filho se foi
tão jovem, cheio de vida, com um futuro promissor? Porque eu não fui em seu lugar?
As indagações são muitas, mas a resposta só vem com o tempo.
A família tem de
estar muita unida em um momento como esse. A religião é um bálsamo para a dor
que, em certos dias, parece ser infinita. Temos que ser fortes e acreditar que
nada acontece por acaso. A revolta e o descrédito em Deus não são justos. Há
momentos na vida em que precisamos passar por determinadas experiências, para
que possamos ter uma visão de vida diferente da que temos atualmente.
O desencarne de uma
criança comove até as pessoas que mal conhecemos. Richard Simonetti descreve em
seu livro Quem tem medo da morte? “o problema maior é a teia de retenção
formada com intensidade, porquanto a morte de uma criança provoca grande
comoção, até mesmo em pessoas não ligadas a ela diretamente. Símbolo da pureza
e da inocência, alegria do presente e promessa para o futuro, o pequeno ser
resume as esperanças dos adultos que se recusam a encarar a perspectiva de uma
separação”.
As lamentações, choro
e a fixação no ente querido que desencarnou prejudicam sua reabilitação no
Mundo Espiritual, fazendo com que ele sofra vendo tamanho desespero de seus
familiares. A oração é o melhor remédio para todos. Pedir a Deus que proteja e
auxilie seu filho no Mundo Espiritual é a maneira correta de lhe fazer o bem.
Reviver a tragédia
que ocorreu no Mundo Material pode ser um martírio, pois, no Mundo Espiritual,
há toda uma equipe de trabalhadores dando o suporte necessário ao desligamento
do Espírito do aparelho físico. Além do mais, conforme explica Simonetti, “o
desencarne na infância, mesmo em circunstâncias trágicas, é bem mais tranquilo,
porquanto nessa fase o Espírito permanece em estado de dormência e desperta
lentamente para a existência terrestre. Somente a partir da adolescência é que
entrará na plena posse de suas faculdades”.
Em O Livro dos
Espíritos, Allan Kardec pergunta: “por que a vida, frequentemente, é
interrompida na infância?” A resposta dos Espíritos Superiores é a seguinte: “a
duração da vida de uma criança pode ser, para o Espírito que está nela
encarnado, o complemento de uma existência interrompida antes do seu termo
marcado, e sua morte, no mais das vezes, é uma prova ou uma expiação para os
pais”.
Ernesto Bozzano, em
Enigmas da Psicometria, escreve que não são desconhecidos os casos de mortes
infantis nos quais o Espírito já tenha progredido bastante para suprimir uma
provação, mergulhando na Terra só com a finalidade de se revestir de elementos
fluídicos indispensáveis ao perispírito, desejoso de preparar-se para a próxima
reencarnação.
Com o tempo você vai
encontrando respostas para suas indagações. A lembrança daquele filho que se
foi talvez nunca saia da sua mente, mas sempre que pensar nele, pense com
carinho, enviando boas vibrações, para que, onde ele se encontrar, possa sentir
todo o amor que você emana.
Em entrevista
publicada na edição nº 11 da Revista Cristã de Espiritismo, Mauro Operti,
médium e orador espírita, quando perguntado sobre que mensagem daria às pessoas
que perderam seus entes queridos e acreditam que nunca mais irão encontrá-los,
respondeu para estas pessoas: eu diria que Deus não cometeria esta maldade de
separar definitivamente dois seres que se amam. A essência da vida é o outro.
Por que Deus juntaria num breve tempo de uma existência duas criaturas que se
sentem felizes de estar juntas e depois as separaria pela eternidade? A certeza
da sobrevivência que a prática espírita garante às criaturas está acompanhada
da certeza da reunião daqueles que se amam depois da perda do corpo físico.
Essa é a maior consolação que poderíamos desejar, mas não é só uma consolação
piedosa, é uma certeza proveniente da vivência que, aos poucos, vai nos
tornando mais seguros e menos propensos às crises de ansiedade e aflição que
são tão comuns às pessoas hoje em dia. Temos certeza e sabemos, não apenas
acreditamos’.
O Evangelho Segundo o
Espiritismo diz que quando Jesus falou “deixai vir a mim as criancinhas”, Ele
se referia ao fato de que “a pureza do coração é inseparável da simplicidade e
da humildade, excluindo todo pensamento egoísta e orgulhoso”. Explica ainda que
“é por isso que Jesus toma a infância como símbolo dessa pureza, como a tinha
tomado para o da humildade... Somente um Espírito que tivesse atingido a
perfeição poderia nos dar o modelo da verdadeira pureza. Mas ela é exata do
ponto de vista da vida presente, pois a criança, não podendo ainda manifestar
nenhuma tendência perversa, oferece-nos a imagem da inocência e da candura.
Além do que, Jesus não diz de uma maneira absoluta que o reino de Deus é para
elas, mas sim para aqueles que se lhes assemelham”.
Publicado na Revista
Cristã de Espiritismo, edição nº 13, ano 2001.
Marcadores: Autor: Marco Tulio Michalick, Infância, Morte
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO
QUADRADO.
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