Reflexões
sobre a vida a dois
A primeira questão
é a pessoa com quem dividiremos a nossa caminhada. Deve ser mais igual ou mais
diferente do que nós? O diferente complementa e o igual une… Penso que os dois
aspectos são importantes, mas que devemos buscar o que temos de mais igual. Não
nos aspectos do gosto e das vontades, que são da superfície. Devemos buscar a
afinidade em fatores mais profundos, como os princípios e valores. Esses
precisam se encontrar várias vezes na caminhada da vida a dois.
Outro ponto
interessante é o respeito à individualidade. Termos nosso espaço é necessário!
Não podemos sentir-nos sufocados. Mas essa visão de respeito a individualidade,
por vezes, confunde-se com culto ao individualismo. Loteamos horários e
espaços, achamos que respeitar o outro é ter o dia do futebol e o dia do chá com
as amigas. É mais do que isso! É entender os projetos do outro, as visões e
fazer com que o espaço coletivo tenha espaço para cada um, inclusive os filhos.
Não podemos deixar
de falar da rotina. A rotina é boa, pois as surpresas podem ser desagradáveis.
A rotina encaminha-nos a reclamação sistemática, às frustrações que são comuns
a vida, oriundas da nossa vontade de controlar o mundo. É preciso lidar com as
frustrações, convivendo com a alegria do possível e a luta pelo impossível.
Da reclamação deve
surgir o diálogo resolutivo. As frustrações fazem-nos lembrar que não se pode
ter tudo na vida, independente se a vida é a dois ou não, e que existem
conquistas individuais e coletivas. A rotina não pode ser culpada da nossa
ausência de capacidade de enxergar que cada dia é um dia novo, com desafios e
oportunidades.
Os desafios, essa é
uma reflexão muito interessante. Não nos preparamos para a vida a dois.
Pensamos apenas nos momentos idílicos ou nos assustamos de forma maniqueísta
com a possibilidade do casamento. A vida tem desafios – a subsistência, a
doença, o desencarne, as ilusões – e os desafios demandam maturidade, coragem e
solidariedade. Existirão dias de prosperidade, mas também dias de luta.
Perceber isso é um grande sinal de maturidade.
Remete-nos essa
questão que a vida a dois nos faz protagonistas, deixamos de ser adolescentes e
somos agora adultos responsáveis – respondemos pela nossa vida. Precisamos
romper os liames com os nossos pais, seguir adiante, mantendo a boa relação sem
dependência. Está aí mais um segredo da vida a dois! Ter uma vida a dois é ter
o desejo de construir uma relação. É mais do que consumir em outro nível. É dar
de si, abrir mão em torno de um novo instituto que receberá em breve novos
espíritos, dando prosseguimento ao ciclo da vida.
E, às vezes, é do
ciclo da vida as relações terminarem. Esse processo nos demanda civilidade,
respeito e acima de tudo uma postura cristã. Separar é uma arte quase tão
sublime quanto se unir. O respeito, o cuidado com as crianças, o atendimento
aos compromissos materiais assumidos e o clima de paz, devem ser situações
observadas, onde a religião nos auxilia nesse processo.
Por fim, na nossa
reflexão de ideias encadeadas, podemos asseverar que uma vida a dois, saudável,
não prescinde de uma religião. A religião é que nos permite trabalhar a
espiritualidade, nos relacionar com outros planos da vida, sem esquecer a vida
no Planeta Terra. A religião brinda-nos com a profundidade dos valores e os
alicerces da fé nos sustentam nos momentos difíceis, naturais da vida a dois.
Refletir sobre a
vida a dois, o que ela significa, é caminho de amadurecimento. Mais do que
festas, cerimônias, imóveis e móveis, a decisão de trilhar caminhos conjuntos
traz consequências para a nossa encarnação atual e para as futuras.
Consequências felizes, mas por vezes desastrosas.
Marcus Braga
MENSAGEM DIVULGADA
PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.
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