Dando a volta por cima
Havia tristeza nos
olhos de Eva. Ela adentrou a casa da amiga e chorou, sentada na cozinha.
Entre um gole de
chá e lágrimas, contou que seu filho David havia telefonado naquela manhã.
Era véspera do Ano
Novo. Eva e o marido estavam programados, como todos os anos, para visitar no
dia 10 de janeiro, o filho e a nora.
Mas o telefonema
fora para pedir justamente que eles não fossem.
David e a esposa
diziam precisar descansar, se recuperar do período de festas e pediam para não
serem visitados. Precisavam respirar.
Eva não se
conformava:
Que história era aquela de que precisavam se recuperar para receber pai
e mãe? Respirar? Isso queria dizer que ela e o marido eram um estorvo, um incômodo
quando visitavam o filho?
E o que aborrecia
ainda mais era pensar no seu marido. Ele desligara o telefone, e fora para seu
quarto sem dizer palavra. Estava arrasado.
A amiga a ouviu.
Serviu mais um chá e aconselhou: Amanhã, quando você
telefonar para ele, diga que você ficou decepcionada e triste.
Eva se
espantou: Quem disse que eu vou ligar? Ele se
quiser que telefone. Sabe o número do nosso telefone.
Havia doçura na voz
da amiga. Também ponderação e carinho quando voltou a aconselhar:
Eva, você não vai deixar de amar o seu filho porque ele a magoou. Você é
mãe.
E, além do que, pense que nenhuma de nós está ficando mais jovem. Não
percebe como o tempo escorrega por nossas mãos?
Que importa de quem é a vez ou o dever de telefonar? Se fôssemos viver
400 anos, talvez nos pudéssemos dar ao luxo de esperar que o outro telefone.
Mas, do jeito que as coisas são...
Eva foi se
acalmando. E, por fim, concordou em que o melhor era dar a volta por cima.
Além do que, finalizou, eu não suportaria não falar com meu David
no Ano Novo.
E um grande abraço
selou uma vez mais a amizade das duas almas.
* * *
Seria muito
saudável se, ante crises familiares, pudéssemos contar com pessoas assim
amigas. Pessoas que nos recordassem que a vida é breve, que tudo passa.
Passa a alegria,
passam as tristezas.
Seria bom ter
amigos que nos lembrassem que a vida é muito curta para se desperdiçar em
mágoas e picuinhas.
Hoje se está aqui,
amanhã podemos não nos encontrar mais. E o que fica, com o vazio da ausência, é
um grande remorso que corrói e destrói.
Por que não pedi desculpas? Por que não perdoei? Por quê...?
Não percamos as
horas de ser felizes porque alguém foi infeliz em uma frase. Ou indelicado em
suas expressões.
Ou ingrato, ou mau.
Sejamos sempre
aquele que perdoa, acolhe, abraça. Com essa atitude, com certeza, quebraremos
resistências, criaremos clima de harmonia e seremos felizes.
Porque ser feliz é
ter consciência de que não demos causa a distanciamentos familiares, nem
colocamos nuvens escuras nos relacionamentos.
Ser feliz é viver
cada dia, todos os dias, semeando afeições, entendimento, estreitando laços.
Pensemos nisso.
Redação do Momento
Espírita, com base no cap. 17 do livro
A doçura do mundo, de Thrity Umrigar, ed. Nova
Fronteira.
MENSAGEM
COMPARTILHADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUDRADO.
Em 07.11.2008.
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