quinta-feira, 4 de abril de 2024

ADMINISTRANDO A SAUDADES.

 


Administrando a saudade

Mariana estava sumida do grupo de recreação. Isolara-se, nos últimos meses, e a ninguém queria receber.

Em tarde ensolarada, uma das amigas resolveu visitá-la, sem avisar com antecedência.

A acolhida foi fria. Mas, depois, sentaram ambas na sacada e iniciaram uma conversa amigável.

Mariana confidenciou que estava passando por um período muito difícil. Saudades antigas torturavam seu coração.

Quando, sozinha, deito minha cabeça no travesseiro, e as coisas começam a fervilhar na mente, tudo me leva a pensar nos acontecimentos passados.

É assim que fatos ocorridos, relembrados, me encheram de saudades, tirando-me a alegria de viver.

Há alguns anos, meu filho de oito anos morreu, depois de ficar por meses, doente. Pareceu-me, à época, que eu também iria morrer.

Depois foi a vez de meu pai partir. E senti que essas duas dores se somaram, para me derrubar de uma vez.

Pensei que havia superado, mas estou tendo uma séria recaída. Ocorreu-me a ideia de procurar alguém para desabafar e chorar a saudade que me tortura, mas não tive coragem.

Ouvindo o relato, a amiga lembrou de que lera, certa vez, que saudade significa a memória de algo que aconteceu aliada à intensa vontade de reviver certos momentos.

Este é o motivo pelo qual sentimos saudade de um amigo que partiu dos pais que morreram da família distante.

Não que a saudade precise sempre estar ligada a acontecimentos ruins.

Mas, os sentimentos por aqueles que não estão mais aqui, conseguem ir além do que imaginamos.

Levando em conta tudo isso, a amiga sugeriu que Mariana utilizasse um método especial, para amenizar aquela avalanche de saudade que a estava angustiando.

Iriam juntas a um abrigo de menores.

Lá, ela poderia eleger uma criança, e dedicar-lhe, num sistema de apadrinhamento, todo o amor que sentia pelo filho.

Depois, seguiriam ao asilo de idosos, onde, de igual forma, ela poderia escolher um deles, como se fosse seu próprio pai retornando à sua ternura.

Os olhos de Mariana se encheram de lágrimas. Passados alguns dias, ela se declarou pronta para a experiência.

Entre gestos e palavras de carinho, ela elegeu os seus escolhidos.

Se a experiência foi boa para um coração saudoso, o mais importante foi que o grupo de amigas aderiu à ideia.

Hoje, todas têm filhos ou pais apadrinhados, no abrigo e no asilo.

Oferecem alegria, companhia, suprem pequenas necessidades e recebem em troca a imensa satisfação de saber que estão propiciando felicidade a alguém.

*  *  *

Somos imortais. Os que não estão mais ao nosso lado, neste mundo, e nos fazem falta, ficam alojados num cantinho do coração e da memória.

A saudade vai apertar, muitas vezes, dentro do peito. Sempre haverá a vontade de ouvir aquelas vozes novamente...

Contudo, a vida nos oferecerá a possibilidade de encontrar novos amigos, um outro filho, uma nova mãe.

Não deixemos que nossa existência passe em branco e que as adversidades nos congelem os sentimentos, nem sejam causa de grandes sofrimentos.

Saiamos de nós mesmos para amar.

Redação do Momento Espírita.
Em 12.9.2015.

MENSAGEM COMPARTILHADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.

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