Administrando a saudade
Mariana estava sumida do grupo de recreação.
Isolara-se, nos últimos meses, e a ninguém queria receber.
Em tarde
ensolarada, uma das amigas resolveu visitá-la, sem avisar com antecedência.
A
acolhida foi fria. Mas, depois, sentaram ambas na sacada e iniciaram uma
conversa amigável.
Mariana
confidenciou que estava passando por um período muito difícil. Saudades antigas
torturavam seu coração.
Quando, sozinha, deito minha cabeça no
travesseiro, e as coisas começam a fervilhar na mente, tudo me leva a pensar
nos acontecimentos passados.
É assim que fatos ocorridos,
relembrados, me encheram de saudades, tirando-me a alegria de viver.
Há alguns anos, meu filho de oito
anos morreu, depois de ficar por meses, doente. Pareceu-me, à época, que eu
também iria morrer.
Depois foi a vez de meu pai partir. E
senti que essas duas dores se somaram, para me derrubar de uma vez.
Pensei que havia superado, mas estou
tendo uma séria recaída. Ocorreu-me a ideia de procurar alguém para
desabafar e chorar a saudade que me tortura, mas não tive coragem.
Ouvindo
o relato, a amiga lembrou de que lera, certa vez, que saudade significa a
memória de algo que aconteceu aliada à intensa vontade de reviver certos
momentos.
Este é o
motivo pelo qual sentimos saudade de um amigo que partiu dos pais que morreram
da família distante.
Não que
a saudade precise sempre estar ligada a acontecimentos ruins.
Mas, os
sentimentos por aqueles que não estão mais aqui, conseguem ir além do que
imaginamos.
Levando
em conta tudo isso, a amiga sugeriu que Mariana utilizasse um método especial,
para amenizar aquela avalanche de saudade que a estava angustiando.
Iriam
juntas a um abrigo de menores.
Lá, ela
poderia eleger uma criança, e dedicar-lhe, num sistema de apadrinhamento, todo
o amor que sentia pelo filho.
Depois,
seguiriam ao asilo de idosos, onde, de igual forma, ela poderia escolher um
deles, como se fosse seu próprio pai retornando à sua ternura.
Os olhos
de Mariana se encheram de lágrimas. Passados alguns dias, ela se declarou
pronta para a experiência.
Entre gestos e palavras de carinho,
ela elegeu os seus escolhidos.
Se a
experiência foi boa para um coração saudoso, o mais importante foi que o grupo
de amigas aderiu à ideia.
Hoje,
todas têm filhos ou pais apadrinhados, no abrigo e no asilo.
Oferecem
alegria, companhia, suprem pequenas necessidades e recebem em troca a imensa
satisfação de saber que estão propiciando felicidade a alguém.
*
* *
Somos
imortais. Os que não estão mais ao nosso lado, neste mundo, e nos fazem falta,
ficam alojados num cantinho do coração e da memória.
A
saudade vai apertar, muitas vezes, dentro do peito. Sempre haverá a vontade de
ouvir aquelas vozes novamente...
Contudo,
a vida nos oferecerá a possibilidade de encontrar novos amigos, um outro filho,
uma nova mãe.
Não
deixemos que nossa existência passe em branco e que as adversidades nos
congelem os sentimentos, nem sejam causa de grandes sofrimentos.
Saiamos
de nós mesmos para amar.
Redação do
Momento Espírita.
Em 12.9.2015.
Em 12.9.2015.
MENSAGEM COMPARTILHADA PELO MÉDIUM
GETULIO PACHECO QUADRADO.
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