Tato de mãe
Um menino, com um breve poe minha à mão, entrou
correndo pela porta do quarto dos pais, ansioso para que o lessem.
Encontrou os pais numa discussão acirrada a
respeito de um tema que desconhecia.
À maneira que só as crianças conseguem fazer, ficou
ali, ao lado, quase invisível, tentando ser escutado.
Pai, mãe, olha o que escrevi!
Repetiu esse acalanto algumas vezes, falando cada
vez mais alto, tornando a balbúrdia no aposento quase insuportável.
Ninguém se entendia e todos queriam ser ouvidos.
Repentinamente, o pai, já sem paciência, tomou a
folha de papel das mãos do filho, amassou com força e disse: Já não
expliquei que agora não posso?
Atirou o papelote na lixeira mais próxima, o que
deixou o filho sem chão e repleto de lágrimas.
Mais tarde, a mãe, que não havia ficado satisfeita
com a cena presenciada e se enchia de compaixão, procurou o menino.
Ela carregava na mão esquerda uma folha de papel
enrugada. Tinha a expressão emocionada e condoída.
Filho... Foi você quem escreveu este poema?
O menino, que
ainda estava cabisbaixo, apenas
acenou com a cabeça que sim.
Que coisa mais linda! Você é um poeta, meu filho! Você é um poeta! - E abraçou, carinhosamente, a criança.
A partir daquele dia, diz a história desse menino, ele resolveu
definitivamente ser poeta.
O relato é do próprio autor que conta que, se não fosse pela destreza e
tato de sua mãe, possivelmente não se dedicaria à poesia.
Assim, graças à sensibilidade daquela mulher, o mundo
pôde conhecer a arte e inspiração de Pablo
Neruda.
* * *
O tato é essa capacidade que temos, ou não, de
lidar com situações delicadas.
Saber dizer as coisas certas na hora certa. Saber
calar. Saber abraçar e chorar junto.
Para se ter tato faz-se necessário desenvolver a
empatia, essa capacidade sublime de colocar-se no sentimento do outro.
A amorosidade também faz parte da conquista do
tato, pois tudo aquilo que é dito com amor, com carinho, tem muito mais chance
de ser bem recebido pelo outro.
Ficamos a pensar quantos Neruda deixamos
de conhecer no mundo, pela simples falta de tato de pais e educadores, que não
promoveram o incentivo necessário ou que simplesmente abafaram, silenciaram
talentos tão importantes.
Assim, olhemos nossas crianças com atenção.
Operemos sempre com muito tato, psicologia, em tudo que façamos, falemos ou
deixemos de falar a eles.
Nem sempre serão grandes talentos ou gênios.
Porém, um incentivo aqui, um elogio ali são os
responsáveis primeiros pela formação de uma boa autoestima.
Tratemos o lar como a terra que necessita estar
sempre fértil preparada para receber as mudas da filiação bendita, que Deus nos
dá como presente e responsabilidade.
Redação do Momento Espírita.
Em 27.08.2012.
Em 27.08.2012.
MENSAGEM
COMPARTILHADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.
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