sexta-feira, 31 de agosto de 2018

A PIEDADE


CAPÍTULO XIII. NÃO SAIBA A VOSSA MÃO ESQUERDA O QUE DE A VOSSA MÃO DIREITA.
A PIEDADE.

                         Pois é, o Espírito do irmão Michel em Bordeaux, no ano de 1.862, deixou dito nesta mensagem, que a piedade é a virtude que mais nos aproxima dos anjos. E que ela é a irmã da caridade, e que nos conduz a Deus. E ressalta! Ah! Deixai vosso coração enternecer-se, diante das misérias e dos sofrimentos de vossos semelhantes. Onde as lágrimas serão um bálsamo que podem derramar nas nossas feridas. E diz também, que quando nos deixarmos tocar por uma doce simpatia, conseguiremos restituir a esperança e a resignação, que por ventura experimentaremos! Diz, que é verdade que essa ventura tem um certo amargor, porque surge ao lado da desgraça; mas não tendo o sabor acre dos gozos mundanos, e não traz as pungentes decepções do vazio deixado por estes; pelo contrário, tem uma penetrante suavidade, que encanta a alma.
            Também ressaltou que a piedade, quando profundamente sentida, é amor: e que o amor é o devotamento é o olvido por nós mesmos; e que é olvido também essa abnegação pelos infelizes, sendo uma virtude por excelência, aquela mesma que o Divino Messias praticou em toda a sua vida, e ensinou na sua doutrina tão santa e sublime. Deixou dito também que quando essa doutrina for devolvida à sua pureza primitiva, quando for admitida por todos os povos, ela tornará a Terra feliz, fazendo reinar na sua face à concórdia, a paz e o amor.
             Que o sentimento mais apropriado a nos fazer progredir, domando nosso egoísmo e o nosso orgulho, é aquele que dispõe a nossa alma à humildade, à beneficência e ao amor do próximo, é a piedade, essa piedade que nos comove até as fibras mais íntimas, diante do sofrimento de nossos irmãos, e que nos leva a estender-lhes a mão caridosa e nos arranca lágrimas de simpatia. Aconselha também que jamais a sofistiquemos, em nossos corações, essa emoção celeste, nem que façamos iguais a esses endurecidos egoístas que fogem dos aflitos, para que a visão de suas misérias não lhes perturbe por um instante a feliz existência. Que devemos temer em ficar indiferente, quando pudermos ser úteis! Também diz que a tranquilidade comprada à custa de um preço de uma indiferença culposa, é a tranquilidade chamada de Mar Morto, que oculta na profundeza de suas águas a lama fétida e a corrupção.
            Diz também quão longe, no entanto, se acha a piedade de causar o distúrbio e o aborrecimento de que se serve o egoísta! E que não há dúvida que ao contato da desgraça alheia, a alma voltando para si mesma, experimenta um estremecimento natural e profundo, que faz vibrar todo o nosso ser e nos afeta penosamente. Mas que a compensação é grande, quando conseguirmos devolver a coragem e a esperança a um irmão infeliz, que se comove ao aperto da mão amiga, e cujo olhar, ao mesmo tempo umedecido de emoção e recolhimento, se volta com doçura para nós, antes de se elevar ao céu, agradecendo por lhe haver enviado um consolador, um amparo. Também diz que a piedade é a melancólica, mas celeste precursora da caridade, esta primeira entre as virtudes, de que ela é irmã, e cujos benefícios prepara e enobrece.

Bibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Mensagem lida e divulgada pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.

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