quinta-feira, 23 de agosto de 2018

É PERMITIDO REPREENDER OS OUTROS?


CAPÍTULO X. BEM AVENTURADOS OS MISERICORDIOSOS.
É PERMITIDO REPREENDER OS OUTROS?

            O irmão São Luiz em Paris, no ano de 1.860, respondeu a pergunta, que partindo do principio de que ninguém é perfeito, se a pessoa tem a moral e o direito de repreender o próximo, ele deixou dito:                           
            Que certamente que não, pois cada um deve trabalhar para o progresso de todos, e, sobretudo dos que estão sob a sua tutela. Mas isso é também uma razão para ser feito com moderação, e com uma intenção útil, e não como geralmente é feito, pelo prazer de denegrir a imagem do outro. Neste último caso, a censura é uma maldade; no primeiro, é um dever que a caridade manda cumprir com todas as cautelas possíveis; e ainda assim, a censura que se faz a outro deve ser endereçada também a quem reprende, para ver se não a merece.
            Já com respeito à pergunta, se será repreensível observar as imperfeições dos outros, quando disso não possa resultar nenhum benefício para eles, e mesmo que não seja divulgada, a resposta foi a seguinte:
            Que tudo depende da intenção. Certamente que não é proibido se ver o mal, quando o mal existe. Seria mesmo inconveniente ver-se por toda a parte somente o bem: essa ilusão prejudicaria o progresso. O erro está em fazer essa observação em prejuízo do próximo, desacreditando-o sem necessidade na opinião pública. Seria ainda repreensível fazê-la com um sentimento de malevolência, e de satisfação por encontrar os outros em falta. Mas dá-se inteiramente o contrário, quanto, lançando um véu sobre o mal, para ocultá-lo do público, limitamo-nos a observá-lo para proveito pessoal, ou seja, para estudá-lo e evitar aquilo que nos censuramos nos outros. Essa observação, aliás, não é útil ao moralista? Como descreveria ele as extravagâncias humanas, se não estudasse os seus exemplos?
              Na pergunta subsequente se há casos em que seja útil descobrir o mal alheio, ele salienta que esta questão é muito delicada, e precisa-se recorrer à caridade bem compreendida. Se as imperfeições de uma pessoa só prejudicam a ela mesma, não há jamais utilidade em divulgá-las. Mas se elas podem prejudicar a outros, é necessário preferir o interesse do maior número ao de um só. Conforme as circunstâncias, desmascarar a hipocrisia e a mentira pode ser um dever, pois é melhor que um ser humano caia, do que muitos serem enganados e se tornarem suas vítimas. Em semelhante caso, é necessário balancear as vantagens e os inconvenientes.

Bibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Mensagem lida e interpretada pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.

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