O Mestre colocou
como ponto culminante de suas palavras a humildade ao lado do amor e do
respeito, porque só sabe respeitar quem é humilde, pois este consegue
visualizar o outro sem preconceitos. Só consegue ouvir quem é humilde, pois que
este sabe não possuir toda verdade. Só tem forças para não julgar quem é
humilde. Só se propõe a fazer, ou servir quem é humilde porque não se preocupa
com o julgamento dos outros. Não há privilégios na criação divina, por isso não
nos acreditemos maiores e melhores do que os outros.
Enquanto homens
dominados pela matéria disputam sobre a terra o status dos cargos, outros hão
que conscientes da necessidade de se espiritualizarem disputam o privilégio dos
encargos, ou seja, do trabalho construtivo, do bem servir. Jesus veio valorizar
o homem pelas suas virtudes e pelo seu real saber, e a seus discípulos que
queriam segui-lo disse: “Porque o Filho do Homem também não veio para ser
servido, mas para servir e dar a vida em resgate de muitos”.
O Mestre situou uns
hóspedes a mesa de um anfitrião, que os servia com a solicitude de um criado de
modo que na aparência, o anfitrião era o menor de todos que ali se achavam, mas
na verdade, era o maior, porque era o dono da casa. “Quem é o maior, quem está
à mesa ou quem serve? Não é quem está à mesa? Mas eu estou no meio de vós como
quem serve”. O Mestre quis nos ensinar que ninguém pode mandar sem saber fazer,
porque a condição essencial de quem manda é também fazer. Mandar fazendo e
fazer mandando. “O que manda seja como o que serve”. O que manda seja como o
que trabalha. Veja bem, Ele não disse: “O que trabalha seja como o que manda”.
Pregar ou falar de
humildade, não torna ninguém humilde, e também essa virtude nada tem a ver com
a presença ou ausência de bens materiais porque é uma forma de comportamento
íntimo. Ainda, confundimos humildade com inferioridade, submissão e pobreza, no
entanto, ela está relacionada com distinção, gentileza, lucidez, graciosidade e
simplicidade. Entre todas as virtudes, somente a humildade não realça a si
mesma porque o verdadeiro humilde não acredita que o seja. Só quem tem plena
consciência de seu valor pessoal é que não precisa se exaltar. Quando
adquirimos o auto descobrimento somos levados à verdadeira humildade perante a
vida; facultando-nos a simplicidade de coração e o respeito cultural por todas
as pessoas. Os humildes apreenderam com a introspecção, ou seja, auto
descobrimento, a fazer de si mesmos um “canal ou espaço transcendente”, por
onde flui silenciosamente a Inteligência Universal, instrumento pelo qual
retomamos a conexão com a causa primeira, Deus.
Esse auto
descobrimento não está confinado a nenhuma religião especificamente; ao
contrário, é acessível a todos os seres, contudo só se deixa penetrar por
aqueles que têm “simplicidade de coração e humildade de espírito”. Por meio de
seus recursos infinitos recebemos as mais sublimes contribuições: psicológicas,
filosóficas, artísticas, científicas, religiosas, alargando a compreensão da
vida dentro e fora de nós mesmos.
Ser humilde como
Jesus Cristo, Ghandi e Sócrates, não é alienar-se ou ser agressivo contra as
demais pessoas e apresentar-se descuidado, sem higiene, indiferente ao
progresso. Quem assim se comporta é preguiçoso e não humilde, da mesma forma
aquele que aceita todos os caprichos que se lhe impõem, esse se aproxima mais
daqueles que tem medo de enfrentamentos das lutas. Humildade não é conivente
com o erro ou com o mal, em silêncio comprometedor. Antes é ativa, combatente,
cativante, decidida, sendo mais um estado interior do que de aparência.
Os fariseus e
escribas surpreendiam continuamente Jesus com perguntas estapafúrdias,
armando-lhe ciladas e fingindo serem seus admiradores, mas a intenção era de
oprimi-lo, humilhá-lo e acusá-lo.
O que fazer diante
dessas oportunidades em que tentavam humilhá-lo injustamente? Deixar ser
menosprezado? Deixar ser esmagado, desmoralizado? Não, Jesus não era um
covarde, não era um tímido, não era um subserviente passivo. Sua humildade era
altaneira, sua mansidão era cheia de atividade e sua bondade não chegava ao
extremo de renunciar à seu espírito de justiça que o caracterizava. Além de
tudo devia defender sua integridade moral, precisava manifestar-se a altura de
sua doutrina, que não podia ser rebaixada na sua pessoa.
Então, não perdia a
ocasião de ensinar, não só a seus agressores, mas a todos modernos escribas e
fariseus de hoje que necessitam da mesma lição. Em outra oportunidade ensinava
que, “Aquele que se humilhar e se tornar pequeno como uma criança será o maior
no reino dos céus”. Continuando com seu pensamento acrescentou: “Todo aquele
que se eleva será rebaixado e todo aquele que se abaixa será elevado”.
A pureza de coração
é inseparável da simplicidade e da humildade como se mostram numa criança. O
Espiritismo a seu turno, vem falar que a Humildade é a virtude que nos aproxima
de Deus, já que “sem a simplicidade de coração e humildade de espírito ninguém
pode entrar no reino de Deus”. A humildade é, pois, a chave para se vencer o
orgulho e assim conhecer-se, reformar-se e desse modo evoluir.
por Adauto Reami
Fontes: Espírito do
Cristianismo – Cairbar Schutel; A Sabedoria de Sócrates e o Cristianismo
Redivivo – Leonardo Machado; Os Prazeres da Alma – Francisco do E. Santo Neto –
Hammed e Auto Descobrimento, uma Busca Interior – de Divaldo P.Franco)
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