quarta-feira, 17 de março de 2021

PENAS TEMPORAIS.

 O LIVRO DOS ESPÍRITOS. CAPÍTULO V.PENAS TEMPORAIS.

O Espírito que expia as suas culpas numa nova existência, passa apenas por sofrimentos materiais. Assim, não será exato dizer que após a morte a alma só tem sofrimentos morais.

É bem verdade que, reencarnada, a alma encontra nas tribulações da vida o seu sofrimento; mas apenas o corpo sofre materialmente. Dizemos em geral que o morto já não sofre mais, mas isso nem sempre é verdade. Como Espírito, não sofre mais dores físicas, mas, segundo as faltas que tenha cometido, pode ter dores morais mais cruciantes, e numa nova existência pode ser ainda mais infeliz. O mau rico passará a esmolar e estará submetido a todas as privações da miséria; o orgulhoso, a todas as humilhações; aquele que abusa de sua autoridade e trata os seus subordinados com desprezo e dureza será forçado a obedecer a um senhor mais duro do que ele tenha sido. Todas as penas e atribulações da vida são expiações de faltas de outra existência, quando não se trata de consequências das faltas da existência atual. Ao sairmos daqui compreenderemos bem. O ser humano que se crê feliz na Terra porque pode satisfazer suas paixões, e o que faz menos esforços para se melhorar. Em geral, ele começa a expiar essa felicidade efêmera na própria vida que leva, mas certamente a expiará numa outra existência tão material como essa.

As vicissitudes da vida não são sempre a punição das faltas atuais. Já foi dito que: são provas impostas por Deus ou escolhidas por ser mesmos quando no estado de Espírito e antes da sua reencarnação, para expiar as faltas cometidas numa outra existência. Porque jamais a infração das leis de Deus, e sobretudo da lei de justiça, fica impune; se a punição não é feita nesta vida, será necessariamente em outra. E por isso que aquele que é justo aos seus olhos vê-se frequentemente atingido pelo seu passado.

A reencarnação da alma num mundo menos grosseiro é a consequência de sua purificação. Porque, à medida que os Espíritos se purificam, vão se encarnando em mundos mais e mais perfeitos, até que se tenham despojado de toda matéria e lavado de todas as manchas, para gozarem eternamente da felicidade dos Espíritos puros no seio de Deus.

Comentário de Kardec: Nos mundos em que a existência é menos material do que neste, as necessidades são menos grosseiras e todos os sofrimentos físicos são menos vivos. Os seres humanos não mais conhecem as más paixões que, nos mundos inferiores, os fazem inimigos uns dos outros. Não tendo nenhum motivo de ódio ou de ciúme, vivem em paz porque praticam a lei de justiça, amor e caridade. Não conhecem os aborrecimentos e os cuidados que nascem da inveja, do orgulho e do egoísmo, e que constituem o tormento de nossa existência terrena.

O Espírito que progrediu na sua existência terrena pode às vezes reencarnar no mesmo mundo, se não pôde cumprir a sua, ele mesmo pedir para completá-la numa nova existência. Mas então não será mais para ele uma expiação.

O que acontece com o ser humano que, sem praticar o mal, nada fez para se libertar da influência da matéria, desde que não deu nenhum passo na direção da perfeição, deve recomeçar uma existência semelhante a que deixou. Fica estacionário e é assim que pode prolongar os sofrimentos de sua expiação.

Há pessoas para as quais a vida flui numa serenidade perfeita; que, não tendo necessidade de fazer qualquer coisa para si mesmas, estão livres de cuidados. Essa existência feliz é uma prova de que nada têm a expiar de uma existência anterior. Em geral essa serenidade não é mais do que aparente. Podem ter escolhido essa existência, mas, quando a deixam, percebem que ela não os ajudou a progredir; então, como os preguiçosos, lamentam o tempo perdido. Devemos saber que o Espírito não pode adquirir conhecimento e se elevar senão através da atividade; se ele adormece na despreocupação, não se adianta. É semelhante àquele que, de acordo com os seus costumes, tem necessidade de trabalhar e vai passear ou dormir para nada fazer. Devemos saber também que cada qual terá de prestar contas da inatividade voluntária durante a sua existência; essa inutilidade é sempre fatal à felicidade futura. A soma da felicidade futura está na razão da soma do bem que tiver feito; a da infelicidade, na razão do mal e dos infelizes que se tenham feito.

 Há pessoas que, sem serem positivamente más, tornam infelizes em virtude de seu caráter, todos os que as rodeiam. A consequência disso para elas, é que seguramente não são boas e expiarão pela visão daqueles que se tornaram infelizes, cuja presença constituirá para elas uma repreensão. Depois, numa outra existência, sofrerão aquilo que fizeram sofrer.

MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.

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