Sexualidade
Gostaria de saber o que a Doutrina Espírita fala a
respeito do homossexualismo. É a favor ou contra?
- Inicialmente vamos examinar a questão do
homossexualismo à luz da nossa consoladora Doutrina Espírita. Ao final,
propomos algumas reflexões e damos sugestões que esperamos possam ajudar.
Na questão 202 de O Livro dos Espíritos, Allan
Kardec pergunta: "Quando errante, que prefere o Espírito: encarnar no
corpo de um homem, ou no de uma mulher?" A resposta: "Isso pouco lhe
importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar".
Os Espíritos superiores querem dizer com isto que,
escolhida a opção, deve-se enfrentar as provas referentes a tal opção. Se a
escolha for o corpo masculino, deverá enfrentar as experiências reservadas ao
homem; se a encarnação ocorrer no vaso feminino, as provas serão as reservadas
às mulheres, como, por exemplo, a maternidade. Em consequência, devem suportar
com resignação as provas que dizem respeito ao sexo escolhido.
Segundo o pensamento espírita, o homossexual é um
espírito que enfrenta momento de provação, e que deve estar vigilante para que
saia vitorioso desta provação, em vez de agravar os seus débitos perante a lei
divina. Você deve estar se perguntando: E o que é estar de acordo com a lei
divina? A resposta foi dada por Jesus: Fazer aos outros todo o bem que
gostaríamos que nos fizessem. Certamente que isso se manifesta também em nossos
relacionamentos afetivos, através de gestos de respeito e carinho por aqueles
seres com quem nos relacionamos. Então, o equilíbrio sexual (que se manifesta
por um comportamento que não é promíscuo e nem desrespeitoso para com os
sentimentos alheios) é caminho seguro tanto para homossexuais como para
heterossexuais.
Todos nós, somos seres em busca do equilíbrio
espiritual. A maior parte de nós traz graves comprometimentos no que diz
respeito no campo sexual. O Espírito Emmanuel, em sua obra "Vida e
Sexo", psicografada por Chico Xavier, nos informa que, quase sempre, os
que chegam no além-túmulo, sexualmente desequilibrados, depois de longas
perturbações, renascem no mundo tolerando moléstias insidiosas, ou em condição
homossexual, amargando pesadas provas como consequência dos excessos que
cometeram no passado.
Depreende-se, portanto, que os homossexuais são
Espíritos que podem ter cometido abusos sexuais em sexo diferente do atual,
respondendo, tal comportamento no passado, pela atual atração que sente por
pessoas do mesmo sexo, devendo resistir a esses apelos instintivos em prol do
seu aperfeiçoamento moral.
Ainda o Espírito Emmanuel, em O Consolador, nos
mostra que Deus não extermina as paixões dos homens, mas fá-las evoluir,
convertendo-as pela dor em sagrados patrimônios da alma, competindo às
criaturas dominar o coração, guiar os impulsos, orientar as tendências, na
evolução sublime dos seus sentimentos.
Informa Emmanuel que observamos almas numerosas
aprendendo, entre as angústias sexuais do mundo, a renúncia e o sacrifício, em
marcha para as mais puras aquisições do amor divino.
A recomendação do Espiritismo para o respeito e a
compreensão para com os irmãos que transitam em condições sexuais inversivas
(homossexualismo) ocorre em função do sentimento de fraternidade ou caridade
que deve presidir o relacionamento humano, mas igualmente pelo fato de que
nenhum de nós tem autoridade suficiente para condenar quem quer que seja, pois
todos temos dificuldades morais e/ou materiais graves que precisam de educação.
A esse respeito, Emmanuel finaliza o livro Vida e Sexo com a seguinte
recomendação: "Diante de toda e qualquer desarmonia do mundo afetivo, seja
com quem for e como for, colocai-vos, em pensamento, no lugar dos acusados,
analisando as vossas tendências mais íntimas e, após verificardes se estais em
condições de censurar alguém, escutai no âmago da consciência, o apelo
inolvidável do Cristo: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei".
O escritor e médico psiquiatra Jorge Andréa, no seu
livro Forças Sexuais da Alma, editado pela FEB, considera que o homossexual, ao
atender os sentidos em satisfação sexual, não estará em processo de realização
plena. Na homossexualidade, como em qualquer outro processo provacional,
sofremos as consequências de nossos atos anteriores. Então, se reencarnamos com
uma distonia relacionada a área sexual, isso nos deve ser encarado como
sinalizador de que cometemos deslizes graves nessa área e que necessitamos de
ajustes, principalmente no setor moral. Segundo Jorge Andréa, a falta de
sintonia entre o ser e o querer ser, ou entre o que se é e o que se pensa ser,
transforma o homossexual, masculino ou feminino, num ser frustrado (ainda que a
negativa seja comum, num mecanismo psicológico por demais conhecido),
atormentado por ilusões e anseios de consumação às vezes impossível e que o
debilitam moralmente, abrindo porta larga a graves obsessões (obsessão é a
influenciação negativa de um espírito desencarnado sobre uma pessoa).
Para o homossexual há necessidade intransferível de
vivência equilibrada no campo sexual a fim de encontrar a harmonia para as
futuras reencarnações. Tanto o homossexual como o heterossexual devem buscar a
sua reforma interior, não cedendo aos arrastamentos provocados pelos impulsos
instintivos e sensuais. Ensinam-nos os espíritos que a energia sexual é criação
divina e que o sexo em bases de amor e carinho, respeito e atenção pelo
sentimento alheio, é força maravilhosa.
A Doutrina Espírita não condena a pessoa do
homossexual. Ao contrário, recomenda que tenhamos para com ele todo o respeito,
a consideração e o carinho, uma vez que é um espírito que atravessa momento
difícil (até mesmo tormentoso) em que necessita promover a sua edificação
moral, através de uma conduta sexual equilibrada. O que não é lícito ao hetero,
também não pode ser ao homossexual. Para ambos, os abusos, tais como as orgias,
o sadomasoquismo, a necrofilia, a pedofilia e outros, são práticas que
comprometem o equilíbrio no manuseio das forças genésicas e são contrárias às
leis naturais, dando uso aos órgãos sexuais de maneira diversa do que recomenda
a sua natureza.
O Espírito André Luiz, no seu livro Conduta
Espírita, psicografado por Chico Xavier, recomenda "distinguir no sexo a
sede de energias superiores que o Criador concede à criatura para
equilibrar-lhe as atividades, sentindo-se no dever de resguardá-la contra os
desvios suscetíveis de corrompê-la".
Geziel Andrade, autor de "Doenças, Cura e
Saúde à Luz do Espiritismo", em consonância com André Luiz, Jorge Andréa e
Ney Prietto Peres, afirma que a sexualidade desvirtuada conduz a graves consequências,
ocasionando repercussões dolorosas para o Espírito no Além e na própria
reencarnação.
Bem, essa é a visão do Espiritismo a respeito da
questão. Se ele não aprova a prática desregrada do sexo, tanto por parte do
homossexual, quanto pelo heterossexual, também é certo que ele não condena
ninguém pelas escolhas que fizer em sua Vida. Apenas nos alerta a respeito da
Lei de Ação e Reação, segundo a qual recebemos de volta os efeitos de nossa
própria conduta. Conforme asseverou Jesus: "A semeadura é livre, mas a
colheita é obrigatória".
Recomendamos a você que procure uma instituição
espírita idônea no local onde mora, para um diálogo maior com os dirigentes
responsáveis, assistir às reuniões doutrinárias e, se necessário, tomar passes,
além de procurar o estudo da literatura espírita, que certamente tirará as suas
dúvidas. Lembre-se que o coração que respira amor, caridade, paz e bem vai se
auto-educando e é merecedor de toda assistência espiritual. Por outro lado, a
energia sexual não precisa ser utilizada necessariamente em atos sexuais. Ela é
energia criadora e pode ser usada para o estudo, para o trabalho e para as
obras de caridade no Bem.
De nossa parte, estaremos aqui ao seu inteiro
dispor, caso queira nos procurar novamente. Procure fazer de seu lar um
ambiente onde reine a paz e a serenidade. Recomendamos a boa leitura, tanto das
obras básicas da Doutrina Espírita, quanto os inúmeros livros de mensagens
edificantes que chegam a nós através de abnegados médiuns trazendo consolo ao
coração. Recomendamos principalmente a leitura do Evangelho no Lar. É um
trabalho simples: escolhemos alguns minutos por semana e nos reunimos com todos
aqueles que vivem conosco, para o aprendizado das lições de Jesus. Recomendável
seja feito esse estudo no mesmo dia da semana e horário. Iniciamos com uma
prece espontânea, abrimos uma página do Evangelho e lemos, em voz alta, alguns
trechos, comentando-os em seguida. Se seus familiares não quiserem participar
da leitura, não desanime. Prossiga fazendo a leitura e reflexão do Evangelho,
pois os bons espíritos e Jesus estarão te amparando.
Jamais se imagine abandonado por Deus. Todos somos
criaturas amadas pelo Criador. Ao nosso lado, bons espíritos, verdadeiros anjos
de bondade, estão permanentemente nos aconselhando, sussurrando aos nossos
ouvidos boas sugestões que nos conduzirão à paz e à felicidade interior.
Lembre-se permanentemente que Jesus e sua bondade infinita estão ao nosso lado,
nos encorajando, e que Deus jamais coloca fardos excessivamente pesados sobre
nossos ombros.
Logo abaixo colamos um texto do pensador espírita
Hernani Guimarães Andrade, presidente do Instituto Brasileiro de
Psico-Biofísica. Também colamos para você um outro texto explicativo do
escritor Richard Simonetti. Ambos os textos trazem explicações muito profundas
sobre o homossexualismo.
TEXTOS ANEXOS:
A) "Não ignoramos que há inúmeras formas de
manifestação do homossexualismo. Entre elas, a mais marcante (...) é o
"transexualismo". O transexual poderia ser descrito como aquele
indivíduo que possui a alma de um dado sexo, inserida no corpo de um outro
sexo. Por exemplo, uma alma feminina habitando um corpo masculino, e
vice-versa".
Esse fato "(...) favorece a hipótese de que
pelo menos o transexualismo seja motivado por uma herança reencarnatória. Neste
caso, se um indivíduo, que se reencarnou reiteradas vezes com um determinado
sexo, vem a renascer com um sexo oposto, ele provavelmente sofrerá problemas do
gênero transexualismo. Pelo menos há uma grande possibilidade de isto ocorrer.
A troca de sexo de uma encarnação para outra pode
não ser exclusivamente a causa do homossexualismo, pois vários fatores
educacionais poderiam contribuir para despertar no indivíduo as tendências
sepultadas nas profundezas de seu inconsciente espiritual. Deve ter-se em
conta, também, outras variáveis que possam influir na equação que define o
homossexualismo (...). Assim, por exemplo, apontamos duas imediatamentes
evidentes: 1) o tempo que o indivíduo passou desencarnado (intermissão); 2) o
número de vezes que ele renasceu e viveu tendo determinado sexo. (...) É
possível que as fortes características sexuais se atenuem com uma demorada
intermissão.
Por outro lado, a reiterada repetição de um mesmo
tipo de sexo pode contribuir para acentuar as tendências do indivíduo a determinado
comportamento sexual. Se, em sucessivos renascimentos, ele alternou os sexos,
talvez seu comportamento sexual venha a depender sobretudo da educação recebida
durante a infância e a juventude. Isto porque ele é portador aproximadamente de
igual carga de sexualidade masculina e feminina.
Talvez seja este o motivo pelo qual o número de
homossexuais parece aumentar à medida que o meio social se torna mais tolerante
e menos repressivo. Os indivíduos com maior tendência em relação a um dado
comportamento sexual e que poderiam proceder normalmente, serão estimulados
pelas facilidades do meio social a mudar de atitude. Antigamente a educação
muito rígida e repressiva contribuía para enquadrar o indivíduo ambisséxuo, em
seu sexo natural.
O homossexualismo não deve, pois, ser classificado
como uma psicopatia ou como um comportamento merecedor de discriminação ou
medidas repressivas. O homossexual, especialmente o "transexual",
merece toda a nossa compreensão e ajuda, para que ele possa vencer sua luta de
adaptação ao novo sexo adquirido com o renascimento. Alguns homossexuais
poderão ser reorientados, de maneira a se comportarem normalmente dentro dos
padrões impostos pelo meio social. Entretanto, igual reorientação é necessária
aos indivíduos normais para que se compenetrem da necessidade de tolerar e
aceitar fraternalmente os homossexuais". (Hernani Guimarães Andrade)
B) "Reencarnando como mulher ou como homem,
consoante contingências evolutivas, o Espírito desenvolve paulatinamente, em
sua psicologia, a masculinidade e a feminilidade. No estágio humano sempre
haverá predominância de uma delas, segundo suas próprias opções. Portanto, não
há masculinidade plena, nem plena feminilidade na Terra. Tanto a mulher tem
algo de viril, quanto o homem de feminil. Na reencarnação há o que se costuma
definir como polarização, fazendo sobressair no indivíduo as características do
sexo escolhido. (...) Em circunstâncias especiais não se dá essa polarização,
estabelecendo um confronto entre o sexo espiritual e o físico.
"Isto pode ocorrer como uma opção do Espírito
quando, em missão, pretenda dedicar-se a determinadas tarefas, optando por esta
‘anomalia’ que inibirá seus impulsos de acasalamento. Com uma psicologia que
não se ajusta à morfologia, tenderá a sentir atração por indivíduos do mesmo
sexo. Como sua consciência não lhe permitirá um envolvimento desse tipo, que
sente contrário à Natureza, optará pela solidão afetiva, com o que passará a
dedicar-se inteiramente às tarefas a que se propôs, desdobrando sacrificial existência.
Encontramos, na História, inúmeras personalidades de destaque nos domínios da
Cultura, da Arte, da Filosofia, da Ciência, da Religião, que viveram essa
contingência. Passaram incompreendidos, ridicularizados e caluniados por seus
contemporâneos quanto à sua posição em relação ao sexo, mas, mantendo severas
disciplinas de castidade, canalizaram suas forças genésicas para gloriosas
realizações em favor da humanidade.
"A inversão resulta, também, de expiação,
envolvendo Espíritos comprometidos em abusos sexuais. (texto de Richard
Simonetti, no livro "Quem tem medo dos Espíritos?")
O homossexualismo é certo ou errado? Pode ser uma
influência de Espíritos desencarnados ou energias negativas?
- A sexualidade foi criada por Deus para a
procriação, e o prazer que o sexo proporciona existe no corpo para que ele
possa ser atraído para a reprodução. Através dos séculos, os homens muitas
vezes vêm usando a sexualidade somente para o prazer. Se alguém traz em si a
marca da homossexualidade, seja masculina ou feminina, deverá perguntar a si
mesmo se aquilo é apenas uma necessidade de prazer. Essa necessidade é tanto
mais contínua quanto seja a ligação do indivíduo com o aspecto físico, com a
matéria. Ele poderá dizer a si mesmo: "Isso já está começando a ser modificado
em mim." O prazer do sexo pode ser substituído por outras formas de
prazer, mais distanciadas das coisas da matéria: o prazer do abraço, da
companhia, da amizade, da alma. São forças que vão se transformando.
A lei divina determina que vivamos dentro da lei de
amor, desprendendo-nos de todas formas de egoísmo. Portanto, todas condutas em
nossas vidas devem ser analisadas sob esse prisma, inclusive o comportamento
sexual. Por exemplo, por que motivo devemos evitar um comportamento sexual
promíscuo e devasso? Porque isso nos aproximaria do estado da animalidade, onde
a satisfação dos instintos físicos é o único motivador. Outras pessoas adotam
uma vida de castidade, canalizando a energia sexual para atividades criativas e
a prática de caridade. Pela lei de amor ao próximo, isso demonstra um
desprendimento louvável.
Provavelmente o amigo internauta gostaria de obter
respostas mais simples sobre o que é certo e o que é errado. O homossexualismo
é uma questão complexa. Para orientar-se na sua busca por respostas, você deve
fazer alguns autoquestionamentos e meditar sobre eles:
- Com que finalidade encarnou num corpo masculino,
tendo uma alma predominantemente feminina?
- A finalidade seria desenvolver em sua alma as
características do gênero biológico masculino, da presente encarnação?
- Seria conveniente desperdiçar essa oportunidade,
deixando-se levar pelas tendências psicológicas inatas?
- Haveria um rompimento dos compromissos assumidos
no planejamento encarnatório?
- A opção por manter uma vida homossexual
representaria uma recusa inconsciente de constituir família, gerar filhos e
assumir a missão de acolher Espíritos necessitados de reencarnação?
- Não haveria nessa decisão um traço de egoísmo, de
falta de capacidade de dividir?
- A opção pelo homossexualismo não representa um
sinal de apego exagerado às sensações da matéria?
São apenas questões a serem respondidas de si para
consigo. É importante ter a consciência de que o homossexualismo é uma escolha
do seu Espírito. Não é uma imposição. Você será homossexual até o dia em que
resolver que não tem de ser. Existem outras opções de vida.
A definição de felicidade, do ponto de vista moral,
é a fé no futuro e a consciência tranquila. Se, após refletir todas as questões
acima, você estiver com a consciência tranquila, siga o que diz a sua
consciência. Tenha sempre em mente que todos somos Espíritos imortais, e que o
sexo é apenas uma situação provisória, do mundo corporal.
Quanto à sua pergunta se o homossexualismo pode ser
uma influência de Espíritos desencarnados ou energias negativas, é importante
saber que o homossexualismo é uma escolha do próprio Espírito do indivíduo. Não
obstante, pode ocorrer a atração de Espíritos que tenham afinidade.
Sou homossexual e estou em conflito entre a posição
espírita e a posição assumida pela psicologia. Como resolver este conflito?
- A Doutrina Espírita é libertadora por excelência.
Ela não tem o caráter amesquinhador de impor seus postulados às criaturas,
tornando-as infelizes e deprimidas. Ao contrário: busca esclarecer os
espíritos, informando-os de onde vêm, para onde vão, qual a razão de estarem
encarnados na Terra e o porquê do sofrimento.
Em relação a psicologia, certamente o conflito a
que você se refere seria o da Doutrina recomendando-lhe equilíbrio e a Psicologia
sugerindo-lhe a libertação das supostas amarras a fim de vivenciar plenamente
sua sexualidade.
Preliminarmente, entretanto, cremos ser importante
lembrá-lo que a nossa resposta não tem por objetivo sugerir-lhe normas de
conduta nem impor opiniões pessoais, uma vez que o Espiritismo respeita
profundamente o livre arbítrio das criaturas. Por isso, esta nossa mensagem
fraternal tem o objetivo de consolá-lo, esclarecê-lo mais e fornecer-lhe
material para pensar ainda mais profundamente sobre o assunto. Nossa única
sugestão direta é que, ao fazer suas escolhas, você busque comprometer-se
espiritualmente o menos possível - uma sugestão válida para todo e qualquer
indivíduo encarnado na Terra, e não apenas para os que vivenciam a experiência
da homossexualidade.
Assim, iniciemos falando sobre a tese da libertação
do indivíduo. Necessário meditar, querido irmão, no que é, de fato, libertar-se
de amarras constritoras. No seu caso, libertar-se e ser feliz corresponderia
simplesmente a ter uma vida sexual ativa? Fosse assim, todos os homossexuais do
mundo seriam felizes e realizados. O mesmo se poderia dizer dos heterossexuais.
Porventura todos os que têm vida sexual ativa são completamente felizes? Você
sabe perfeitamente que não. É que está no ser humano a busca permanente pela
satisfação de desejos sem conta. Essa procura sem fim por algo que nos complete
e nos faça plenos. E a felicidade na Terra, quase sempre, é eivada de elementos
materiais (bens, status, beleza física, viagens, festas). Como o espírito está
além dessas pequenas coisas, tão logo satisfeitas as necessidades físicas chega
novamente a sensação de que algo nos falta, e surge a necessidade de buscar
novos prazeres, novas viagens, novas noitadas. O que nos sobra depois de uma
noite de sexo quando não há amor? Mesmo os maiores prazeres físicos, as mais
belas viagens, tudo acaba e nos deixa somente lembranças e mais desejo por
novidades ou pela repetição. Por isso, Jesus, a Doutrina Espírita e todas as
grandes tradições orientais nos estimulam a combater os desejos escravizantes,
seja o desejo de coisas, de pessoas, de ser amado, de ser reconhecido, de ser
aceito. O desapego, o desprendimento e a busca dos tesouros da alma são os
caminhos apontados por Jesus, Buda, Khrisna, Francisco de Assis e todos os Espíritos
orientadores da Doutrina codificada por Allan Kardec. Ora, meditemos juntos: se
uma tese surge em diversos pontos do globo, se é expressa por seres de tanta
sabedoria, ela toma caráter de universalidade e deve merecer nossa atenção.
Então, parece-nos que assumir a homossexualidade é
uma questão importante, mas secundária. Sim, secundária porque assumir a
homossexualidade não significa mergulhar em um universo de atitudes extremadas
e desafiadoras perante seu grupo de relacionamento familiar ou profissional,
mas fazer um profundo exercício de auto aceitação, asserenar-se por dentro a
fim de poder reconhecer perante si mesmo e todo seu círculo de amigos e
parentes que você vive uma situação conflitante. O verdadeiro desafio é a
construção interna para superar os desejos. E não estamos aqui referindo-nos
exclusivamente a desejo sexual e sim a toda espécie de desejos que comandam a
vida das criaturas. Por isso, amigo, utilize a Psicologia que é sua profissão,
para alcançar essa libertação mais profunda. Lembre-se: na raiz de todo
sofrimento há uma causa moral. Certamente você conhece a causa moral de seu
sofrimento. Busque extirpá-la acumulando os tesouros de sua alma. A vida no
corpo é fugaz. Tudo passa tão rápido na Terra. De que nos vale uma vida de diversão
e gozos materiais se a alma está abatida, aniquilada, insatisfeita? Morto o
corpo, restará a frustração da alma. "Não acumuleis tesouros na
terra", advertiu Jesus sabiamente. Libertar-se é viver em paz, sem
precisar satisfazer ninguém, sem necessitar da aprovação alheia, sem sofrer
pelo que os demais estão pensando, sem precisar tomar esta ou aquela atitude
porque esperam isso de nós. Observe que Gandhi, Francisco de Assis, Jesus e
Buda despojaram-se de toda amarra material antes de alçar voo. "O filho do
homem não tem onde repousar a cabeça", disse Jesus sobre si mesmo. No
nosso caso - que não somos tão evoluídos espiritualmente - vale a pena iniciar
o processo de desapego libertando-nos da ditadura dos modismos, das
expectativas deste ou daquele parente/amigo/colega de trabalho, e até das
teorias desta ou daquela escola de pensamento que nos afligem e cobram posturas
que nos violentam e angustiam.
Querido irmão, uma outra frase de Jesus que nos
cabe lembrar é que Deus jamais põe cargas pesadas sobre ombros frágeis. Deus é
a inteligência suprema do universo. Bondade e amor inesgotáveis. Nosso Pai, que
nos criou para sermos felizes, para amarmos, para sorrirmos. Ele não é
torturador de suas criaturas, não se compraz com nossas dores e nem sorri de
nossas lágrimas. Se ele nos põe diante de determinadas provações, cabe-nos
lembrar que estamos naquela situação a fim de retirar aprendizados importantes
que não soubemos receber quando nos foram oferecidos pela lei de amor.
Aproveite portanto essa chance que a vida lhe oferece a fim de redescobrir-se
como espírito. Para que estou vivenciando isso? Quem sou eu? Como posso sair
dessa existência mais sábio e fortalecido? Como o amor, o desprendimento e a
inteligência me podem auxiliar a ser feliz?
Muitas vezes, tangidos pelas teorias humanas,
imaginamos que seremos felizes apenas se alcançarmos a satisfação que o mundo
espera que tenhamos. Não é assim, como nos revela a realidade espiritual. Além
do corpo vive a alma, que almeja realizar-se espiritualmente. A alegria, a paz
íntima, a auto-realização dependem de nosso trabalho de aprimoramento
espiritual. Não se deixe impressionar por teorias puramente humanas. Lembre-se
que você tem acesso ao conhecimento espírita, capaz de fornecer-lhe explicações
profundas e dar-lhe oportunidade de crescimento espiritual. Tranquilize-se,
antes de tudo. Mergulhe em si mesmo, enamore-se de sua alma, descubra quanta
beleza existe em você. Utilize as técnicas que a Psicologia lhe oferece para
descobrir que você pode ser feliz, independentemente de quaisquer convenções,
teorias ou necessidades puramente físicas. A energia sexual não encontra
realização apenas no campo físico. Ela é energia que pode reger poderosas
criações no campo da beleza, da cultura e do conhecimento humano. Sugerimos a
você a leitura de alguns livros que consideramos excelentes: são os da série
psicológica do Espírito Joanna de Angelis (Autoconhecimento, Dias Gloriosos, o
Despertar do Espírito, Amor Imbatível Amor, etc.) e um livro de autoria do
espírito Manoel Philomeno de Miranda intitulado "Sexo e Obsessão".
Todos foram psicografados por Divaldo Pereira Franco. Por outro lado, busque na
prece o bálsamo para as suas dificuldades. O Evangelho no Lar, a prece diária,
as boas leituras, a busca da tranquilidade serão fortes aliados em sua busca.
- O Espiritismo não condena, tampouco enaltece a
homossexualidade.
As obras básicas da Doutrina Espírita não abordam diretamente a questão. Por
isso, não podemos dizer que haja uma orientação doutrinária explícita sobre
este assunto. Para buscar um entendimento maior, recorremos aos pensadores
espíritas, dos séculos passados e do presente, que expressaram suas
considerações sobre o tema da homossexualidade, tomando por base fundamentos
espíritas, além das suas convicções pessoais.
Não há uma posição uníssona entre os adeptos do Espiritismo sobre a questão da
homossexualidade; entretanto há uma convergência de entendimento sobre os
principais aspectos. Citaremos alguns pensadores espíritas que consideramos
mais significativos neste assunto.
O codificador espírita Allan Kardec, em artigo publicado na Revista Espírita,
em janeiro de 1866, teceu as seguintes considerações (grifos nossos):
“As almas ou Espíritos não têm sexo. As afeições que os unem nada têm de carnal
e, por isto mesmo, são mais duráveis, porque fundadas numa simpatia real e não
são subordinadas às vicissitudes da matéria. (...) Os sexos só existem no
organismo; são necessários à reprodução dos seres materiais. Mas os Espíritos,
sendo criação de Deus, não se reproduzem uns pelos outros, razão pela qual os
sexos seriam inúteis no mundo espiritual. (...) Os Espíritos se encarnam nos
diferentes sexos; aquele que foi homem poderá renascer mulher, e aquele
que foi mulher poderá nascer homem, a fim de realizar os deveres de cada uma
dessas posições, e sofrer-lhes as provas.
A Natureza fez o sexo feminino mais fraco que o outro, porque os deveres que
lhe incumbem não exigem igual força muscular e seriam até incompatíveis com a
rudeza masculina. Nela a delicadeza das formas e a finura das sensações são
admiravelmente apropriadas aos cuidados da maternidade. Aos homens e às
mulheres, são, pois, atribuídos deveres especiais, igualmente importantes na
ordem das coisas; são dois elementos que se completam um pelo outro.
Sofrendo o Espírito encarnado a influência do organismo, seu caráter se
modifica conforme as circunstâncias e se dobra às necessidades e exigências que
lhe impõe esse mesmo organismo. Esta influência não se apaga imediatamente após
a destruição do envoltório material, assim como não perde instantaneamente os
gostos e hábitos terrenos. Depois, pode acontecer que o Espírito percorra uma
série de existências no mesmo sexo, o que faz que, durante muito tempo, possa
conservar, no estado de Espírito, o caráter de homem ou de mulher, cuja marca
nele ficou impressa. Somente quando chegado a um certo grau de adiantamento e
de desmaterialização é que a influência da matéria se apaga completamente e,
com ela, o caráter dos sexos. Os que se nos apresentam como homens ou como mulheres,
é para nos lembrar a existência em que os conhecemos.
Se essa influência se repercute da vida corporal à vida espiritual, o
mesmo se dá quando o Espírito passa da vida espiritual à vida corporal.
Numa nova encarnação ele trará o caráter e as inclinações que tinha como
Espírito; se for avançado, será um homem avançado; se for atrasado, será um
homem atrasado. Mudando de sexo, sob essa impressão e em sua nova
encarnação, poderá conservar os gostos, as inclinações e o caráter inerentes ao
sexo que acaba de deixar. Assim se explicam certas anomalias aparentes que se
notam no caráter de certos homens e de certas mulheres.”
O autor espírita Francisco Cândido Xavier, entrevistado no programa
“Pinga-Fogo” da TV Tupi, em 1971, respondeu da seguinte forma:
“O homossexualismo, tanto quanto a bissexualidade ou bissexualismo, como a as
sexualidade, são condições da alma humana. Não devem ser interpretados como
fenômenos espantosos, como fenômenos atacáveis pelo ridículo da humanidade.
Tanto quanto acontece com a maioria que desfruta de uma sexualidade dita
normal, aqueles que são portadores de sentimentos de homossexualidade ou de
bissexualidade são dignos do nosso maior respeito. Nós temos um problema em
matéria de sexo na Humanidade que precisaríamos considerar com bastante
segurança e respeito recíproco. Vamos dizer, se as potências do homem na visão,
na audição, nos recursos imensos do cérebro, nos recursos gustativos, na
tatilidade com que as mãos executam trabalhos manuais, nos pés, se todas essas
potências foram dadas ao homem para a educação, para o rendimento no bem, isto
é, potências consagradas ao bem e à luz, em nome de Deus, seria o sexo, em suas
várias manifestações, sentenciado às trevas?”
O autor espírita Divaldo Pereira Franco, em palestra sobre o seu livro “Sexo e
Obsessão”, expressou as seguintes considerações:
“O homossexualismo não é uma tara, não é uma doença, não é um castigo divino. O
fato de um indivíduo ser homossexual não quer dizer que ele é um pervertido,
como o fato de alguém ser heterossexual não quer dizer que seja um depravado. O
uso que cada um faça da sua homo ou da sua heterossexualidade é que lhe dará
dignificação ou que lhe dará manifestações de desvio de conduta.”
Em outra entrevista, este mesmo autor espírita respondeu sobre o fato de uma
pessoa seguir a sua tendência homossexual ser um desvio moral ou não:
“Não diria que é um desvio moral. Um indivíduo masculino com tendências
femininas e a recíproca, um indivíduo feminino com tendências masculinas,
trata-se de uma experiência do Espírito. O Espírito é assexuado. Durante um
largo período, ele vem na masculinidade ou na feminilidade. Quando ele muda de
uma polaridade para outra, ele leva o conteúdo psicológico da anterior. O
indivíduo deve portar-se de maneira que se sinta feliz. Se ele opta, por
direito que lhe é concedido pelo livre-arbítrio, por exercer a sua tendência
psicológica, ele é digno de todo o respeito. Ele tem o direito de ser feliz
conforme os seus padrões. Então, nós respeitamos todas as opções sexuais e
comportamentais. E, naturalmente, divulgamos que o indivíduo deve evitar a
promiscuidade de qualquer natureza, sob qualquer aspecto.”
Seu pensamento sobre o direito de herança entre parceiros homossexuais:
“Parece muito justo que, se duas pessoas trabalham vinculadas com um sentimento
fraternal ou um sentimento sexual, para granjear determinados recursos, e morre
um deles, por que este ser que lhe deu a mão durante tantos anos, que foi o seu
estímulo, que foi a sua inspiração, não merece ser parceiro também daquilo que
lhe fica? É uma atitude que a mim, pessoalmente, me parece muito justa, muito
nobre.”
O autor espírita José Raul Teixeira, em palestra, afirmou:
“A homossexualidade é uma realidade psicológica. Ao longo do mundo, nos 42
países que tive a alegria de conhecer, tenho encontrado homossexuais. Eles me
dizem, imaginando cometer um grande pecado pelo que sentem. Não são pederastas
obrigatoriamente, não são lésbicas obrigatoriamente, mas têm o pendor de se
apaixonar por outras criaturas da mesma morfologia. O conflito não é da forma,
é da mente. São homens e mulheres carregando essa marca, que não seria nenhum
problema se a sociedade hipócrita e alienada não quisesse apedrejar.”
Seu pensamento sobre adoção de crianças por casais homossexuais:
“Alguém pergunta: ‘Mas os homossexuais podem adotar criança? A criança não
corre o risco de ficar gay também?’ E os benfeitores espirituais nos chamam a
atenção para o fato de que em toda a história da humanidade houve homossexuais,
todos filhos de casais hetero. Então é preciso que nós paremos para refletir,
para pensar e sair da tolice.”
Da mesma forma, somos da opinião de que a homossexualidade não é uma doença,
tampouco uma delinquência; é apenas uma tendência circunstancial do Espírito
encarnado. É algo que a alma vivencia, de acordo com a sua característica
psicológica, e que posteriormente irá avaliar o que houver colhido de positivo
ou de negativo para si mesma nessa experiência, decidindo como conduzir as suas
futuras existências terrenas.
Ao final do seu percurso milenar, através das incontáveis reencarnações, o
Espírito acumulará a totalidade das aquisições pertinentes à feminilidade, como
também as da masculinidade. Acreditamos que o preconceito e a hostilidade que
uma parte da sociedade atual ainda dirige aos homossexuais serão gradualmente
eliminados, à medida que a humanidade evolua moralmente. E isso certamente se
refletirá também na legislação e nos costumes.
Como fica espiritualmente um indivíduo homossexual
masculino, ao fazer uma cirurgia de mudança de sexo, retirando os seus órgãos
sexuais? Ele vai adquirir uma dívida com a lei divina, por mutilar o seu corpo?
- Os homossexuais, assim como os heterossexuais,
são espíritos em processo de evolução. Eles apresentam tendências de atração
sexual pelo mesmo gênero e representam uma pequena parcela da população, cerca
de 1% a 3% do total. Isto não é motivo para serem discriminados pela imensa
maioria da população, que é heterossexual; ao contrário, as minorias devem ser
respeitadas, porque, também elas buscam a felicidade e o progresso espiritual.
Antes de reencarnar, o Espírito passa por
planejamento reencarnatório em que pode escolher (se for merecedor) os tipos de
provas e expiações pelas quais passará, a fim de acelerar o seu processo
evolutivo. A escolha do gênero e das demais características corporais faz parte
desse planejamento e pode representar uma provação mais ou menos dura para o
Espírito reencarnante. Dessa forma, há indivíduos homossexuais que aceitam bem
a sua morfologia corporal e conseguem ter uma vida saudável, seja assumindo uma
relação homoafetiva, seja optando pelo celibato. Por outro lado, há indivíduos
homossexuais que não conseguem se conformar com o corpo que possuem e
desenvolvem desordens de transtorno de identidade. Para estes casos, a
psicoterapia é um tratamento que auxilia o indivíduo a superar a sua
insatisfação e aceitar-se como é. Entretanto, com o avanço da medicina e das
técnicas cirúrgicas, a genitoplastia – cirurgia plástica reconstrutiva dos
órgãos sexuais – passou a ser uma alternativa médica autorizada como parte do
tratamento para essa desordem psicológica.
Ao optar por tal cirurgia, o indivíduo vai adquirir
uma dívida com a lei divina, por mutilar o seu corpo? Primeiramente, é preciso
refletir sobre o conceito de automutilação. Este ato consiste num comportamento
intencional de agressão direta ao próprio corpo, sem intenção de suicídio. Um
exemplo disso é a prática da autoflagelação, que, entre certos grupos
religiosos, é considerada um ato de purificação, por meio da dor e do castigo
físico, após o indivíduo ter cometido um ou vários pecados. Isto era comum
entre os católicos da Idade Média, mas ainda existe nos dias de hoje, em
diversos segmentos religiosos. Pensando justamente nessa crença polêmica, Allan
Kardec formulou a questão n° 725 em “O Livro dos Espíritos”:
“725. Que se deve pensar das mutilações operadas no
corpo do homem ou dos animais?
- Com que propósito, semelhante pergunta? Estais
perguntando, novamente, se uma coisa é útil. O que é inútil não pode ser agradável
a Deus e o que é nocivo sempre lhe é desagradável; pois ficai sabendo que Deus
só é sensível aos sentimentos que elevam a alma para ele; é praticando sua lei
que podereis livrar-vos da vossa matéria terrestre e, não, a violando.”
Dessa forma, a Doutrina Espírita explica que a dor
e o castigo físico aplicado a si mesmo não é útil, nem agradável aos olhos de
Deus, ao contrário do que pregava a crença antiga. Contudo, o caso da
genitoplastia não pode ser considerada uma automutilação, porque o objetivo do
indivíduo não é provocar dor, nem agressão a si mesmo. Trata-se de uma cirurgia
plástica com objetivo de tratar os transtornos de identidade do indivíduo e
aumentar a sua autoestima.
Podemos também refletir sobre a validade de
qualquer tipo de cirurgia plástica. Por exemplo, o que pensar de uma mulher que
possua seios de tamanhos medianos e decida submeter-se a uma cirurgia para
aumentar o volume dos seus seios? Seria frívola vaidade para aumentar a
autoestima? E o que pensar de uma mulher que perdeu os seios devido a um
tratamento contra o câncer e decide submeter-se a uma cirurgia plástica para
reconstituição das mamas? Este caso estaria justificado perante Deus, devido à
doença do corpo? Mas ambos casos não envolvem unicamente o tratamento da autoestima?
O ato de julgar é sempre complexo e geralmente falho.
Em “O Livro dos Espíritos”, os benfeitores
espirituais nos esclarecem sobre a busca da felicidade:
“ 719. O homem merece censura por procurar o
bem-estar?
- O bem-estar é um desejo natural; Deus só proíbe o
abuso, porque este é contrário à conservação; ele não condena a procura do
bem-estar, se este bem-estar não tiver sido conseguido às custas de alguém e se
não vier a enfraquecer vossas forças morais, nem vossas forças físicas.”
Vamos refletir um pouco sobre este conceito,
analisando o bem-estar proporcionado pela cirurgia plástica. Ele é conseguido
às custas de alguém, isto é, prejudicando terceiros? Assumindo que o dinheiro
gasto na cirurgia tenha sido obtido pelo trabalho honesto e que todos estejam
agindo de boa vontade, não podemos considerar que terceiros tenham sido
prejudicados. Esse bem-estar vem enfraquecer as forças morais do indivíduo?
Este é um julgamento de foro íntimo, pois somente o próprio indivíduo poderá
dizer se esse bem-estar atiça a sua vaidade, luxúria, ambição, orgulho ou
outros sentimentos moralmente inferiores. Por fim, esse bem-estar vem
enfraquecer as forças físicas do indivíduo? Toda cirurgia envolve algum risco,
e temos visto relatos de procedimentos malsucedidos que levam a complicações e
até mesmo ao óbito. Mas, com o avanço da medicina, podemos dizer que os riscos
cirúrgicos vão sendo reduzidos com o passar dos tempos.
Como fica espiritualmente esse indivíduo
homossexual que decidiu passar por uma genitoplastia? Conforme explicamos nos
parágrafos acima, há muitos aspectos a se considerar. O julgamento não é
simples.
As obras básicas da Doutrina Espírita não abordam
diretamente a questão, por isso, não podemos dizer que haja orientação
doutrinária explícita sobre este assunto. Para buscar entendimento maior,
sugerimos recorrer a obras específicas que indicamos abaixo e que foram
produzidas por pensadores espíritas clássicos e contemporâneos.
- “Revista Espírita”, janeiro de 1866 – Allan
Kardec;
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO
PACHECO QUADRADO.
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