Amando a vida
Tem dias que a
gente se sente como quem partiu ou morreu...
Assim são os versos iniciais da
música de Chico Buarque de Holanda, Roda viva.
E é como muitas pessoas se sentem, em
alguns dias. Desesperançadas, descontentes, sem perspectivas de dias melhores.
Pessoas que acreditam que para ser
feliz há que se ter muito dinheiro para desfrutar de viagens, festas e ter tudo
que se deseje: de roupas, joias a carros importados e iates.
A mídia, de um modo geral, reforça
essas ideias, com seus apelos de marketing, novelas e filmes que mostram a
irrealidade da felicidade como consequência do ter.
Pessoas assim facilmente se sentem
infelizes. Se a festa não teve o brilho idealizado, se o amor partiu, se o
amigo não atendeu a um pedido, tudo é motivo para tristeza.
Acreditam que a vida não vai além de
uma feliz excursão pelo planeta, em venturoso período de férias.
Para quem, no entanto, tem a
consciência da real dimensão da vida, que é aprendizado e progresso, todo
esforço é valorizado e a superação é comemorada.
Um exemplo disso é Emmanuel, um jovem
iraquiano. Ele e o irmão foram encontrados por uma freira dentro de uma caixa
de papelão.
Certo dia, um anjo louro, conforme
ele narra, adentrou o orfanato onde se encontravam. Em princípio, o intuito era
de os conhecer e, talvez, financiar as cirurgias de que necessitavam.
Ao menos, assim pensavam os irmãos
que, por causa da guerra química, são portadores de graves defeitos físicos nos
membros.
Mas, àquela australiana se apaixonou
pelos meninos que sequer sabem ao certo sua idade, pois não têm certidão de
nascimento.
Emmanuel, que imagina ter em torno de
dezessete anos, tem um sorriso aberto, franco, contagiante.
Nada de tristezas alimentadas. Ele
sonha em ser cantor profissional e, tendo se apresentado em um show de
talentos, na Austrália, conquistou o público, com sua desenvoltura no palco.
A música que escolheu foi Imagine
de John Lennon.
Arrebatou o público ao convidar, em
excelente interpretação: Imagine que não há países... Nada porque matar
ou morrer.
Imagine todas as
pessoas vivendo a vida em paz.
Imagine nenhuma
propriedade. Nenhuma necessidade de ganância ou fome. Uma irmandade de homens.
Imagine todas as
pessoas compartilhando o mundo todo.
Você pode dizer que
sou um sonhador, mas eu não sou o único. Eu espero que algum dia você se junte
a nós e o mundo viverá como um só.
* * *
Enquanto Emmanuel persegue seu sonho,
ele continua sorrindo e amando a vida. Sobretudo a essa mãe que deu a ele e ao
irmão uma nova vida.
Para todos os que lamentam não ter roupas
de grife ou dinheiro para gastar, é bom recordar desses dois iraquianos: sem
identidade, sem família, com graves deficiências nos membros. E eles sorriem.
Sem apego ao passado de dores, sem
mergulho na tristeza pelas deficiências físicas, eles aproveitam intensamente a
vida com a mãe australiana que beijam e abraçam, mesmo que não tenham braços
perfeitos para envolver o pescoço amado.
Pensemos nisso.
Redação do Momento Espírita, com base
em dados biográficos de
Emmanuel Kelly, colhidos na Internet.
Mensagem compartilhada pelo médium
Getulio Pacheco Quadrado.
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