Sofrimentos cotidianos, provas e expiações na visão espírita.
O sofrimento acomete a sociedade
mundial desde os primórdios da humanidade, somos sempre vitimados por
dificuldades, dores e provações e estamos envoltos por problemas dos mais
variados tipos, não importando a classe social, grau de instrução e o gênero, somos
todos passíveis de sofrimentos, de quedas e de dificuldades, afinal estamos num
mundo imperfeito, com pessoas imperfeitas e cheio de contradições.
A Doutrina Espírita
nos traz uma visão nova sobre a questão do sofrimento humano, vivemos num mundo
de provas e de expiações e neste mundo somos muito atraídos pelo sofrimento e
pelas dores do cotidiano. Na questão 931 de O livro dos
Espíritos, Allan Kardec pergunta ao Espírito da Verdade: Por que
são mais numerosas, na sociedade, as classes sofredoras do que as felizes? E
recebe a seguinte resposta: “Nenhuma é perfeitamente feliz e o que julgais ser
a felicidade muitas vezes oculta pungentes aflições. O sofrimento está por toda
parte. Entretanto, para responder ao teu pensamento, direi que as classes a que
chamas sofredoras são mais numerosas, por ser a Terra lugar de expiação. Quando
a houver transformado em morada do bem e de Espíritos bons, o homem deixará de
ser infeliz aí e ela lhe será o paraíso terrestre”.
A Doutrina Espírita
nos mostra claramente que os momentos de alegrias e de dificuldades se alternam
na vida dos seres humanos, nenhum destes são totalmente felizes, alternamos
momentos de felicidades, de alegrias e sorrisos sinceros com momentos de decepções,
dores e dificuldades. As alegrias eternas ainda não pertencem ao mundo atual,
mas num futuro próximo poderemos vivenciá-la, desde que entendamos a realidade
da vida e passemos a trabalhar intimamente visando um progresso e uma evolução
constantes, para isso devemos viver em concomitância com as Leis divinas.
Num mundo marcado
pelo crescimento das tecnologias, as redes sociais ganharam espaço e relevância
nesta sociedade e passou a moldar comportamentos e atitudes, muitos indivíduos
colocam fotos nas redes destacando sorrisos e alegrias, muitas delas
artificiais e momentâneas, criando para outrem a ilusão de uma felicidade
inexistente, atraem com isso olhares de inveja e de cobiça, em muitos casos, de
rancor e de ressentimento de pessoas invejosas e infelizes, que ambicionam e
invejam a felicidade alheia, incapazes de construir para si uma felicidade
verdadeira, sólida e consistente.
Muitas pessoas
ricas e profissionalmente de destaque, indivíduos que conseguiram acumular um
patrimônio vultuoso, com recursos para viagens e passeios paradisíacos,
detentoras de famílias estruturadas, muitas vezes se queixam de sofrimentos, de
dores emocionais e de vazios espirituais e existenciais, são indivíduos que
possuem tudo para serem considerados felizes, mas se declaram depressivos e
excessivamente melancólicos, males modernos que acometem a sociedade mundial e
vitima milhões de pessoas no mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS), mais de 350 milhões de indivíduos sofrem de depressão no mundo, a
chamado moléstia da alma e, da forma como a sociedade global está caminhando,
muitos outros serão afetados por esta doença, cujas dores são imensas e exigem
tratamentos médicos e espirituais.
O sofrimento, como
nos disse o Espírito da Verdade, está por todos os lados e afeta todas as
pessoas, independe de classes sociais, etnias e preferências sexuais, isto
acontece porque somos passageiros de uma sociedade caracterizada como de provas
e de expiações, onde as felicidades são passageiras e os amores materiais são
temporários e inconsistentes, numa sociedade marcada pelas contradições e os
indivíduos pelas incertezas e instabilidades crescentes. O Espiritismo nos
mostra ainda, que os sofrimentos humanos estão inscritos no subconsciente de
cada indivíduo, todos sabemos os motivos de nossas infelicidades e de nossas
dores, a explicação está dentro de cada pessoa, no interior de cada indivíduo,
mas para podermos acessar estas dores necessitamos refletir sobre nossos
comportamentos, refletir sobre nossas vidas e sentimentos mais íntimos e, numa
sociedade como a nossa, termos tempos para nossas reflexões é um dos maiores
desafios da sociedade e do cidadão da contemporaneidade.
Numa sociedade
marcada pelas provas e pelas expiações, faz-se necessário que entendamos as
raízes das dificuldades do mundo, mesmo vivendo neste momento histórico e
caminhando para um mundo novo, como nos mostra os escritos de Transição
Planetária, ainda chafurdamos na lama e na pobreza de um mundo onde os odores
estão atrelados ao ressentimento, a inveja e ao egoísmo, sentimentos fortes e
dominantes que ainda não nos conduz a um crescimento mais sólido e consistente,
como o espiritismo nos mostra com clareza e maestria.
No mundo de
provações, nos mostra Joanna D Angelis no livro Plenitude, psicografia
de Divaldo Pereira Franco, os sofrimentos são vistos como instrumentos de
educação e de progresso espiritual, quando conseguimos vencer as dificuldades
damos um passo consistente para um progredir fundamental para nosso
desenvolvimento espiritual, ambicionados por todos os espíritos encarnados no
mundo material. As expiações servem para que nos reeduquemos enquanto
espíritos, ao passar por estas experiências dolorosos conseguimos melhorar
nossos comportamentos e, em muitos casos, voltamos para um momento anterior,
quando cometemos equívocos e degradamos nossos passos para o progresso, como um
suicida que ao se entregar aos deslizes do suicídio engendra dores imensas em
seu caminhar, para estes, as expiações servem para reconstruir o caminho
perdido anteriormente.
As dores das
provações, segundo os bons espíritos são agressivas e violentas, mas são
suportadas pelo indivíduo, são dores que lhe acometem o corpo físico ou os
vazios do espírito, mas que, com força de vontade, perseverança e fé em Deus
são suportados e superados. As expiações são mais severas e agressivas, muitas
vezes aparecem como dores morais ou deficiências e limitações físicas que
impõem aos indivíduos grandes dificuldades, obrigando-o a uma grande força de
vontade para superar este momento de dores, lágrimas e intensas desesperanças.
Nas provações os
espíritos que estão reencarnando podem participar dos planejamentos para a
reencarnação ou são representados por espíritos amigos ou protetores
espirituais que trabalham com o objetivo de auxiliar para que a reencarnação
atinja seus mais auspiciosos êxitos e o irmão em prova consiga crescer
espiritualmente e se desenvolver moralmente, angariando novos e consistentes
valores. Nos sofrimentos de expiação percebemos uma outra realidade, estes
irmãos são obrigados a aceitar o que lhe é imposto pelo plano superior, estes
indivíduos ao reencarnar tendem a passar por uma situação que lhe é imposta
pela espiritualidade como forma de se reeducar e construir novos espaços de
consolidação espiritual.
As expiações são
muito mais severas para o espírito, neste processo ele perde a condição de
escolha e tudo lhe é imposto, obrigando-o a aceitar e buscar trabalhar para que
seu espírito consiga se reeducar das agruras e dos desequilíbrios anteriores,
fruto da imperícia do espírito que, mesmo cometendo equívocos severos não está
sendo condenado ao degredo eterno, isto não existe nas Leis de Deus, mas o
espírito precisa se reeducar para trilhar novos momentos de crescimento
espiritual e de desenvolvimento moral.
No livro Memórias
de um suicida, psicografia de Yvonne do Amaral Pereira, Camilo
Cândido Botelho e seus amigos descobrem na vivência no Instituto Maria de
Nazaré, que suas próximas encarnações seriam marcadas por dores acerbas, nesta
situação muitos deles não poderiam escolher quais seriam suas limitações
físicas ou emocionais, numa próxima vida. Todos sabiam das limitações que
seriam obrigados a conviver, mas nenhum deles poderia influir nas escolhas e
nas imposições da espiritualidade maior, imposições estas com um único
objetivo, o de levar estes indivíduos novamente ao caminho do progresso,
caminho este por eles abandonados no momento do suicídio.
No livro Ação
e Reação, ditado pelo espírito de André Luiz e psicografado pelo
médium mineiro Francisco Cândido Xavier, nos deparamos com as experiências de
vida de Adelino Correia, hoje um espírita consciente e devotado ao estudo e as
atividades doutrinárias, cuja história nos mostra equívocos e dificuldades em
vidas anteriores quando como Martin mandou matar seu pai para casar com sua
madrasta. O crime se efetivou, mas a perseguição sofrida foi tão intensa que
Martin nunca conseguiu ser feliz no casamento, as lembranças do ato insano e a
perseguição de seu pai desencarnado o levaram a loucura e, posteriormente, no
mundo espiritual passou a sofrer as agruras de suas atividades na matéria, mas
trabalhou incansavelmente para se melhorar e conseguir progressos e avanços
espirituais. No retorno ao corpo físico Martin reencarna como Adelino Correa e
traz no corpo físico as marcas de um eczema agressivo, como conseguiu algum
avanço no mundo espiritual os espíritos superiores o auxiliam para que o eczema
se concentrasse apenas em uma parte de seu corpo material, isto porque
anteriormente esta doença cobriria todo seu corpo físico.
O livro nos mostra
como muitas de nossas atitudes pode reduzir nossas dores, Adelino Correia como
trabalhador dedicado e imensamente caridoso, onde auxiliou muitos enfermos e
crianças abandonadas, dentre elas algumas que, em vidas anteriores os
auxiliaram em seus desatinos e, principalmente, aquele que foi seu genitor,
tendo com isso, méritos suficientes para ter suas dificuldades reduzidas e seu
amparo cada vez maior e mais consistente. O livro Ação e
Reação nos mostra que em todas as ações que engendramos na vida
somos impactados por uma reação, quando nossas ações são positivas e
edificantes recebemos da própria espiritualidade maior, reações saudáveis,
equilibradas e positivas, com isso, a Doutrina dos Espíritos nos mostra que os
chamados carmas são conceitos imprecisos, acreditar que estamos condenados numa
encarnação nos parece muito equivocado, temos sim as dificuldades, mas se
agirmos de forma concernente as Leis de Deus os nossos “carmas” serão, com
certeza, reduzidos e minimizados pelos espíritos de luz.
No estudo dos
sofrimentos humanos, encontramos na literatura espírita muitas obras de vulto,
nelas descobrimos que nos momentos de dores e dificuldades, muitas pessoas se
colocam como vítimas, bradam contra Deus e acreditam não ter escolhido passar
por aquelas situações de sofrimentos. A Doutrina nos mostra que, se não
escolhemos nos foi imposto, aí percebemos ser uma expiação, o que é muito pior
e preocupante, agora, na imensa maioria dos casos, foram os encarnados que
pediram, melhor, suplicaram por aquelas provações como forma de educação e
posterior progresso espiritual.
Os sofrimentos e as
dificuldades da vida sempre existiram e sempre existirão para os seres humanos,
a forma como a encaramos estas dificuldades é de fundamental importância para
que consigamos extrair delas, instrumentos de progresso e de aprendizado, para
que construamos um mundo íntimo mais consistente e vinculado aos mais nobres
sentimentos e valores emanados pelo Cristo, este sim os valores eternos da
vida.
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM
GETULIO PACHECO QUADRADO.
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