O IDOSO
Antenor Chinato
Ribeiro
O tempo limita as
condições motoras do corpo carnal, os órgãos se movimentam lentamente, porém o
espirito é o mesmo, necessita de carinho e atenção.
- O homem tem
direito ao repouso em sua velhice?
- Sim, ele não está obrigado senão segundo suas forças.
-Mas que recurso
tem o velho necessitado de trabalhar para viver e não o pode?
-O forte deve trabalhar pelo fraco; na falta da família, a
sociedade deve lhe tomar o lugar: é a lei da caridade.[1]
Como estão vivendo
nossos idosos, no Brasil?
Nos parece, sempre,
que o Brasil é um país de jovens. No entanto, segundo a Organização Mundial da
Saúde, a partir de 2025 a população idosa brasileira será a sexta maior do
mundo.
Dados da Pastoral
da Pessoa Idosa (PPI) criada pela Confederação Nacional dos Bispos do
Brasil, mostram que "na realidade, milhares de pessoas idosas vivem em
situação de isolamento, abandono, risco social, fisicamente fragilizadas,
negligenciadas e sofrem maus-tratos".[2]
O Instituto
Israelita de Responsabilidade Social Albert Einstein, nos anos 2005 e 2006,
realizou estudo com mais de 500 idosos, analisando processos e fatores
determinantes do envelhecimento da população com mais de 60 anos de idade.
Abordou a
religiosidade, qualidade de vida, independência, cognição, depressão, nutrição,
atividade física, exames laboratoriais, aplicou questionários, etc.
A conclusão foi
preocupante, pois essa população, numa média alta, vive em estado de risco,
pelo tabagismo, alcoolismo, residindo em instituições de longa permanência
(casas de repouso, asilos).
Os que moram em
instituições de longa permanência representam o dobro daqueles
que vivem nas suas próprias casas ou com parentes, fator este determinante para
a demência.
A depressão incide
indiferentemente sobre homens e mulheres. Dos pesquisados, 33% são depressivos
e não têm atividade religiosa e nem amigos nas atividades comunitárias.
Dos que não são
deprimidos, 80% possuem compromissos com crenças, religiões ou possuem
vida espiritualizada.[3]
No estado de Santa
Catarina, por exemplo, a política Nacional do idoso identificou que pessoas com
mais de 60 anos de idade já são mais de 45% da população, desse total, 12,6%
dos idosos moram sozinhos - são independentes. Mostra, também, que entre os
anos de 2000 e 2010, o número de idosos neste Estado cresceu 84,5%.[4]
Isso significa que
a população brasileira está ficando velha?
De modo geral, por
hábito, costume, desconhecimento do real significado das palavras usamos como
sinônimo de idoso, o termo velho. Os dicionaristas mostram que:
Velho - adjetivo -
gasto pelo uso, antigo, usadíssimo, desusado, antiquado, obsoleto, arcaico.
Idoso - substantivo masculino - que tem muita
idade.
O vocábulo velho
sendo adjetivo, indica qualidade, caráter, modo de ser ou estado do ser ou dos
objetos nomeados pelo substantivo. [5]
Assim, ser idoso
(para quem chega a essa condição) é contingência, porém, ser velho é arbítrio,
decisão pessoal.
Desse modo é velho
quem perdeu a jovialidade, quem só dorme, quem nada ensina ou se recusa
aprender. É velho aquele que somente descansa, que vive no passado e se
alimenta de saudades, na vida que se acaba a cada noite que termina sem planos
e sonhos para o amanhecer, em que os dias são tolerados como se fossem os
últimos de uma longa jornada num calendário só de ontens.
O idoso, aquele que
se entende na bênção de viver uma longa vida, compreendendo o desgaste natural
das células do seu corpo físico, não se permite a degenerescência, o
decaimento, o definhamento a alteração dos caracteres do Espírito, a mudança de
um padrão para outro funcionalmente inferior.
Nesse aspecto, o
idoso sonha, aprende, exercita-se, faz planos, povoa a vida de ocupações
pessoais interessantes; renova a cada aurora que surge entendendo o hoje sempre
como o tempo bendito de atualizar algo, rever um aspecto, apreender melhor isto
ou aquilo num calendário repleto de amanhãs. [
Simão, o Zelote,
manifesta preocupação acerca da velhice a Jesus, e o Mestre Nazareno ensina que
"Em verdade, Simão, ser moço ou velho, no mundo, não interessa!...
Antes de tudo, é preciso ser de Deus!..." (Humberto Campos -
espírito - em Boa Nova, cap. 9, pag. 67).
Indagando-se a um
Oriental acerca da sua saúde ou sua idade, responderá, por certo: "meu
corpo está são" ou "meu corpo está doente"; "meu corpo está
velho" ou "meu corpo está novo". Sua cultura lhe permite viver
bem com essa dualidade - corpo-espírito. Não lhe afligem o envelhecimento e a
morte.
No Ocidente ocorre
o contrário. Doenças, velhice e morte são vistas, por vezes, como castigo. As
doenças, epidemias, seriam sanções divinas; a morte, um pavor, pelo temor dos
castigos eternos - resultado dos ensinos desavisados do cristianismo, onde o
corpo era tido como principal, tendo uma alma que, após a morte, seria enviada
ao suplício ou ao gozo eterno.
Para nós,
ocidentais, esse equívoco cultural e a globalização, somados a nossa fraca
cultura, nos empurrou para o consumismo, valorizando os jovens com corpos
sarados, atléticos, aventureiros, como que só tais condições servissem à
sociedade.
Seguimos, via de
regra, uma visão hedonista, onde "a dor é o único mal, e o prazer o único
bem", tal qual nas antigas Grécia e Roma (apoiavam a eutanásia para os
velhos já não mais úteis). Nestas, porém, como noutras nações, principalmente
na Idade Média, apesar dessa filosofia, os anciãos, enquanto saudáveis,
compunham o "Conselho dos Anciãos", que tinha relevante papel na
estrutura de Estado.
O Espiritismo nos
esclarece que Mocidade e velhice são apenas etapas passageiras do
progresso do Espírito.
Emmanuel ensina que
"não podem significar senão meras expressões de uma vida física que finda
com a morte. Não há moços nem velhos e sim almas jovens no raciocínio ou
profundamente enriquecidas no campo das experiências humanas".
Manoel Philomeno
de Miranda nos diz que "os Espíritos são as almas dos homens com as
suas qualidades e imperfeições".
Para Joanna de
Angelis "O espírito é a soma das suas vidas pregressas".[7]
Os Espíritos,
"Deus os criou simples e ignorantes e a todos concedeu as mesmas
oportunidades, não obstante as diferenças das missões individuais, a fim de
alcançarem a perfeição pelo conhecimento da verdade". (questão 115 de o
Livro dos Espíritos)
Todos os Espíritos,
pois, foram criados por Deus na mais absoluta igualdade (questão 803 LE), e o
progresso de cada um é encargo apenas seu, sem exceções ou privilégios
(questões 117 e 803 LE). Por isso, crianças, via de regra, serão jovens,
adultos, idosos, sendo todos, em qualquer desses tempos, Espírito de Deus. Os
primeiros poderão chegar à velhice e todos, idosos ou não, retornarão à
infância em nova jornada terrena.
Assim, diante da
certeza de que, se não desejamos para nós, quando idosos (lei de ação e
reação), é injustificável:
1. a prolongada e
desnecessária permanência do idoso enfermo em hospital (para os parentes se
verem livres dele);
2. a constante
falta de tempo para conversar com ele;
3. a ausência
sistemática de paciência para compreendê-lo;
4. o desinteresse
pelos seus problemas;
5. a tendência de
ignorá-lo, de considerá-lo verdadeiro objeto descartável; e
6. o
desconhecimento da solidão que o aflige, que nem sempre significa estar
sozinho, mas o sentir-se só e indesejável.
É preciso sempre
lembrar que as fases da vida são transitórias. Assim, as crianças de hoje serão
os jovens de amanhã; os jovens serão os adultos; e, estes, os idosos. A
condição de idoso de cada um requer, pois, planejamento e compreensão para as
mudanças e desafios a serem enfrentados.
[1] Do livro dos
Espiritos, questão 685
[2] Diário
catarinense, 01 Out. de 2014 – Valorização do Idoso (Osvaldina Zucco Weber -
Coord. estadual da PPI)
[3] Folha
espírita, de janeiro de 2007 - Os Idosos e a qualidade de vida.
[4] Jornal Hora
de Santa Catarina, 26 out. 2016 – Política Nacional do Idoso (Mário Mota -
Jornalista).
[5] Dicionário
Aurélio.
[6] Marianna
(Colaboradores Mundo Divino) - Visão Espírita do Idosos II - 08/dez/2009.
[7] Reformador,
Nov/2005 - O Idoso.
MENSAGEM DIVULGADA
PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.
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