quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

 MEDIUNIDADE GRATUÍTA.


CAPÍTULO XXVI. DAR DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBER.

MEDIUNIDADE GRATUITA.

 

No Evangelho Segundo o Espiritismo é comentado sobre a Mediunidade em si, que tanto os médiuns atuais como os apóstolos também tinham mediunidade. E que receberam igualmente de Deus um dom gratuito, que é o de serem intérpretes dos Espíritos, para instruírem os seres humanos, para lhes ensinarem o caminho do bem e levá-los à fé, e não para lhes venderem palavras que não lhes pertencem, pois que não se originam nas suas ideias, nem nas suas pesquisas, nem em qualquer outra espécie de seu trabalho pessoal. Também nos chama a atenção que Deus deseja que a luz atinja a todos, e não que o mais pobre seja deserdado e possa dizer: Não tenho fé, porque não pude pagar; não tive a consolação de receber o estímulo e o testemunho de afeição daqueles por quem choro, pois sou pobre. E salienta que a mediunidade não é um privilégio, e se encontra por toda parte. E que cobrar, seria, portanto desviá-la de sua finalidade providencial.

E afirma que qualquer pessoa que conheça as condições em que os bons Espíritos se comunicam sua repulsa a todas as formas de interesse egoísta, e saiba como pouca coisa basta para afastá-los, jamais poderá admitir que Espíritos Superiores estejam à disposição do primeiro que os convocar a tanto por sessão. E diz que o simples bom senso repele semelhante coisa. E lá pergunta- se não seria ainda uma profanação, evocar por dinheiro os seres que respeitamos ou que nos são caros? E ainda pergunta e diz que não há dúvida que se pode obter manifestações dessa maneira, mas quem poderia garantir a sinceridade? E que os Espíritos levianos, mentirosos e espertos, e toda a turba de Espíritos inferiores, muito pouco escrupulosos, atendem sempre a esses chamados, e estão prontos a responder ao que lhes perguntarem, sem qualquer preocupação com a verdade. E salienta que aquele, pois, que deseja comunicações sérias, deve primeiro procurá-las com seriedade, esclarecendo-se quanto à natureza das ligações do médium com os seres do mundo espiritual; e que, a primeira condição para se conseguir a boa vontade dos bons Espíritos é a que decorre da humildade, do devotamento e da abnegação: e o mais absoluto desinteresse moral e material.

La também está escrito que ao lado da questão moral, apresenta-se uma consideração de ordem positiva, não menos importante, que se refere à própria natureza da faculdade. A mediunidade séria não pode ser e não será jamais uma profissão, não somente porque isso a desacreditaria no plano moral, colocando os médiuns na mesma posição dos ledores da sorte, mas porque existe ainda uma dificuldade material para isso: e que se trata de uma faculdade essencialmente instável, fugida, variável, com a qual ninguém pode contar na certa. E lá é comentado que ela seria, portanto, para o seu explorador, um campo inteiramente incerto, que poderia escapar-lhe no momento mais necessário. E que é bem diversa, e é uma capacidade adquirida pelo estudo e pelo trabalho, e que, por isso mesmo, torna-se uma verdadeira propriedade, da qual é naturalmente lícito tirar proveito. E que a mediunidade, porém, não é nem uma arte nem uma habilidade, e por isso não pode ser profissionalizada. E salienta que só existe graças ao concurso dos Espíritos; se estes faltarem, não há mediunidade, pois embora a aptidão possa subsistir, o exercício se torna impossível. E que não há, portanto, um único médium no mundo, que possa garantir a obtenção de um fenômeno espírita em determinado momento. E deixa escrito que explorar a mediunidade, como se vê, é querer dispor de uma coisa que realmente não se possui e afirmar o contrário é enganar os que pagam. Mas há mais, porque não é de si mesmo, que se dispõe, e sim dos Espíritos, das almas dos mortos, cujo concurso é posto à venda. Este pensamento repugna instintivamente. Foi esse tráfico, degenerado em abuso, explorado pelo charlatanismo, pela ignorância, a credulidade e a superstição, que provocou a proibição de Moisés. O Espiritismo moderno, compreendendo o aspecto sério do assunto, lançou o descrédito sobre essa exploração, e elevou a mediunidade à categoria de missão. (Ver Livro dos Médiuns, cap. XXVIII, e Céu e Inferno, cap. XII).

Diz também, que a mediunidade é uma coisa sagrada, que deve ser praticada santamente, religiosamente. E se há uma espécie de mediunidade que requer esta condição de maneira ainda mais absoluta, é a mediunidade curadora. O médico oferece o resultado dos seus estudos, feitos ao peso de sacrifícios geralmente penosos; e que o magnetizador da ao seu próprio fluído, e por vezes  até sua saúde, podendo por preço. E que médium curador transmite o fluído salutar dos bons Espíritos, e não tem o direito de vendê-lo.  E que Jesus e os Apóstolos, embora pobres, não cobravam as curas que operavam.

Que aqueles, pois, que carece do que viver, procure outros cursos em qualquer parte, menos na mediunidade; e que não lhe consagre, se necessário, senão o tempo de que materialmente possa dispor. Os Espíritos levarão em conta o seu devotamento e os seus sacrifícios, ao passo que se afastam do que esperam fazer deles uma escada por onde subam.

Bibliografia: O Livro Evangelho Segundo o Espiritismo. Mensagem lida e divulgada pelo médium Getulio Pacheco Quadrado.

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