O Que é O Espírito
Santo?
Artigo do Jornal: Jornal Novembro 2015
Quem se defronta com os textos
bíblicos sem os subsídios proporcionados pela Doutrina Espírita, fica confuso,
em muitas situações, como, por exemplo, no entendimento da identidade do
chamado “Espírito Santo”. Em verdade, o Mestre Jesus, sabendo que suas
instruções seriam falseadas, esquecidas e mal compreendidas, prometeu enviar, e
assim o fez, o Consolador, a excelsa Doutrina Espírita que faz lembrar os seus
sublimes ensinamentos. Ao mesmo tempo, revelou que todos os esclarecimentos
seriam ofertados (“vos ensinará todas as coisas”), deixando evidente à
posteridade que não pode dizer tudo devido ao intenso atraso evolutivo das
criaturas daquela época (João XIV: 15-26).
Infelizmente, as traduções das letras
do Evangelho não foram fiéis aos textos antigos, em grego, desde que é
importante mencionar que o professor de Grego e Latim Carlos Torres Pastorino,
na obra Sabedoria do Evangelho, ensina que, no idioma grego, a expressão “tò
pneuma tò hágion” quer dizer “o Espírito, o Santo”, enquanto que “pneuma
hágion”, sem o artigo definido “tò”, se refere a “um espírito santo”. O artigo
indefinido não existe na língua grega.
Quando não há artigo definido,
deve-se ler, em português, com artigo indefinido. Consequentemente, nesse caso,
o certo é dizer “um Espírito Santo” e não “o Espírito Santo”. Em verdade, “um
santo Espírito” está se referindo a um espírito superior, um bom espírito,
tanto encarnado como desencarnado. Quando as letras bíblicas trazem, no grego,
a expressão “tò pneuma tò hágion”, está havendo referência à presença de Deus
em cada um de nós e em tudo, a centelha, o “Reino de Deus” ou emanação divina
que nos possibilita a vida imortal.
Quase na sua totalidade, os escritos
em grego do Evangelho que não apresentavam o artigo definido foram traduzidos
erroneamente, sendo colocados os mesmos indevidamente. Em alguns casos, nem
mesmo a expressão “pneuma hágion” estava presente e foi inserida
equivocadamente, até mesmo acrescentando, além disso, o artigo definido, como
no seguinte texto grifado: “Se me amais, guardai os meus mandamentos. E eu
rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador, para que fique eternamente
convosco, o Espírito da Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque não o
vê, nem o conhece. Mas vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará
em vós. – Mas o Consolador, que é o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu
nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho
dito. (João, XIV: 15 a 17 e 26). Trata-se, portanto, de uma glosa marginal,
também verificada nos versículos 7 e 8 do capítulo 5 da 1ª Epístola de João,
com o propósito de tornar escriturística a asserção dogmática da chamada
Santíssima Trindade.
Quanto a ser o “Espírito Santo” o
próprio “Espírito da Verdade” ou o “Consolador”, deve-se ressaltar que o
erudito professor Pastorino nega terminantemente essa possibilidade, alicerçada
no Evangelho de João 14:26, relatando que a expressão grega “tò pneuma tò
hágion” (“o Espírito Santo”) aparece apenas uma vez no Evangelho de João e,
segundo ele, “assim mesmo, em apenas alguns códices tardios, havendo forte
suspeição de haver sido acrescentada posteriormente” (Sabedoria do Evangelho,
5º vol., Pregar sem Medo). A identidade entre o Espírito Santo e o Espírito da
Verdade ou o Consolador é, portanto, segundo Pastorino, uma farsa, relatando
que no texto de João não há a expressão “Espírito Santo” nem, menos ainda, as palavras
“um espírito santo”.
O que se verificou, em Pentecostes,
foi um fenômeno mediúnico de grande porte
Já no episódio a respeito do dia de
Pentecostes, a presença do “Consolador”, igualmente, não se verificou,
porquanto a expressão grega “tò pneuma tò hágion” (“o Espírito Santo”) não é
achada nos textos gregos de “Atos dos Apóstolos”, enquanto que “pneuma hágion”,
sem artigo definido, correspondendo a “um santo Espírito”, é encontrado. Logo,
os apóstolos não ficaram, conforme está escrito: “cheios do Espírito Santo”,
porquanto o certo é “cheios de um santo espírito”, caracterizando, deste modo,
um fenômeno mediúnico de grande porte, assinalando a presença marcante de Jesus
em espírito e a pujante faculdade paranormal verificada em seus discípulos, proporcionando
o marcante intercâmbio com o além, inclusive se verificando a xenoglossia ou
mediunidade poliglota, expressando os discípulos por meio de idiomas que não
conheciam e pelo fato de os estrangeiros presentes em Jerusalém entenderem em
seu próprio idioma o que estes diziam: "porque cada um os ouvia falar na
sua própria língua" (Atos dos Apóstolos II: 6).
O Consolador Prometido veio,
portanto, para que o entendimento das coisas espirituais não ficasse estagnado
no tempo e no espaço, aprisionado nas teias retocadas das letras bíblicas (“a
letra que mata”). Portanto, um dos princípios básicos do Espiritismo, a
mediunidade, surge cristalina, ressurgindo das cinzas do dogmatismo. Em Éfeso,
Paulo desenvolveu o intercâmbio mediúnico dos discípulos que já tinham sido
batizados por João Batista: “Impondo-lhes as mãos, veio sobre eles um santo
Espírito” (espíritos superiores). O texto é assaz esclarecedor: “e tanto
falavam em línguas (fenômeno conhecido como xenoglossia) como profetizavam”
(Atos 19:1-7). Houve a incorporação de entidades espirituais que, em transe
mediúnico, discorriam em determinado idioma estrangeiro, em língua estranha ao
conhecimento daqueles homens. Assim, igualmente, aconteceu no dia de
Pentecostes, com todos os discípulos do Cristo.
O que é “o Espírito Santo”?
Segundo o saudoso escritor Herculano
Pires, “O Espírito a que a Bíblia se refere em numerosos tópicos e que nos
Evangelhos toma o nome de Espírito Santo é o Espírito de Deus em sua
manifestação universal” (Livro Agonia das Religiões, cap. VII). A entidade
espiritual Emmanuel relata que o Espírito Santo é “a centelha do espírito
divino, que se encontra no âmago de todas as criaturas” (O Consolador, questão
303). Portanto, cada criatura alberga a Luz de Deus, “O Reino de Deus”, dentro
de si mesmo (Divindade Imanente). Em verdade, o Espírito Santo é a presença de
Deus em cada um de nós e em tudo. O espírito, no momento de sua formação
cósmica, é contemplado com potencialidades cedidas pelo Criador, as quais
deverão ser exteriorizadas durante o seu percurso evolutivo.
Jesus, Interrogado pelos fariseus,
quando viria o reino de Deus, respondeu-lhes e disse: "Não vem o reino de
Deus de modo ostensível, nem dirão: ei-lo aqui ou ali; eis porque: o reino de
Deus está dentro de vós" (Lucas 17:20-21).
Manifestação do Espírito Santo pela
intuição
Um exemplo bem significativo da
presença do Pai dentro de nós é observado quando no indivíduo, apresentando
avanço na evolução, aflora uma faculdade intuitiva bem relevante. No Evangelho
de Mateus está descrito um diálogo assaz esclarecedor, travado entre o Mestre e
os apóstolos. Jesus pergunta: “Quem diz o povo ser o filho do homem?
Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros,
Jeremias, ou algum dos profetas. Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que
eu sou? Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e
sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus (Cap. XVI: 13-17).
Naquele momento, em Pedro,
manifestava-se a intuição. O “Eu Interior” ou “Eu Superior” ou “Reino de Deus”
ou “Centelha Divina em Nós” exteriorizava-se, testemunhando a realidade da
presença do “Ungido”, o Messias prometido no seio terreno.
O livro de Lucas cita um episódio
ocorrido no interior do Templo de Jerusalém, no qual um homem portador de
mediunidade – “Um santo espírito estava com ele” –, foi levado por seu guia
espiritual – “movido pelo espírito” –, ao encontro com o menino Jesus e seus
pais.
Importante destacar a tradução de
Pastorino do grego, assim transcrito: “Havia em Jerusalém um homem chamado
Simeão, homem esse justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel, e
estava sobre ele um espírito santo, pelo qual espírito santo lhe fora revelado
que não morreria antes de ver o Cristo do Senhor. E com o espírito foi ao
templo; e quando os pais trouxeram o menino Jesus, para fazer por este o que a
lei ordenava”. Portanto, nos textos antigos em grego, não há o artigo definido
“tò” e as traduções, relatando a presença de “O Espírito Santo”, estão
equivocadas. O certo é “um espírito santo”, isto é, um ser espiritual superior,
acompanhando Simeão.
Ao tomar o menino nos seus braços,
Simeão atinge os píncaros da intuição, deixando exteriorizar, naquele momento o
“Cristo Interno” ou o “Eu Divino” ou o “Espírito Santo dentro de si”, louvando
a Deus, em um cântico, dizendo que já poderia morrer em paz, porquanto seus
olhos “contemplaram a salvação de todos os povos, luz para revelação dos gentios
e glória de Israel!”
Voltando-se para Maria, diz “este
menino está destinado para queda e levantamento de muitos em Israel e para ser
alvo de contradição”. Acrescenta, a seguir, que “uma espada de dor transpassará
o coração da mãe de Jesus”. Simeão, em profundo êxtase, expande sua
consciência, rompendo as fronteiras do tempo e do espaço, deixando exteriorizar
o Espírito de Deus dentro de si (Lucas II: 25-35).
Paulo de Tarso, o grande Apóstolo dos
Gentios, na Primeira Epístola aos Coríntios, arremata: “Acaso não sabeis que o
vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual tendes da
parte de Deus e que não sois de vós mesmos?” (1-Co. VI: 19).
O Consolador veio para os homens não
ficarem mais órfãos, abrindo o horizonte da libertação humana, através do
conhecimento da verdade que liberta, retirando as apertadas algemas da
ignorância espiritual. “A Doutrina do Cristo não é mais prisioneira das
Escrituras, mas ressonância das vozes do céu” (O Evangelho Segundo o
Espiritismo, introdução, item I). O próprio Mestre disse que voltaria na glória
de seu Pai, acompanhado de seus anjos (espíritos superiores) para restabelecer
todas as coisas. Ora, diz Kardec que “só se restabelece o que foi desfeito”.
Certamente, já começamos a vislumbrar o tempo no qual “Deus porá sua lei no
interior dos homens, a escreverá em seus corações e todos o conhecerão, desde o
menor até o maior” (Jeremias 31:33).
DIVULGADA PELO MÉDIUM GETULIO PACHECO
QUADRADO.
0 comentários:
Postar um comentário
ESTAMOS DISPOSIÇÃO DOS AMIGOS PARA ESCLARECER QUALQUER DÚVIDA.