Vida e
morte: De onde viemos e para onde vamos?
Conheça os conceitos de vida e morte
segundo as religiões Católica, Espírita, Candomblé e Protestante
Por: 17/01/2018 -
17:18 - Atualizado em: 18/01/2018 - 10:00
Conheça os conceitos de vida e morte segundo
as religiões Católica, Espírita, Candomblé e Protestante/Pixabay.
Por
Rafaella Sabino.
De onde viemos e para onde vamos são dois grandes
questionamentos que perseguem a humanidade, a filosofia e a ciência há séculos.
E, para muitos, são incógnitas que só têm resposta nas religiões. A fé funciona
como um ponto de apoio para saber lidar com dúvidas e, principalmente, com
as perdas.
A relação entre morte e vida sempre foi e será
muito estreita. Mesmo com dogmas distintos, todas as religiões pregam coisas
boas como o amor ao próximo e a paz. E viver dessa forma garante uma “boa
partida” para cada um, independente da crença. Hoje, na última matéria do
especial Intolerância Religiosa, vamos conhecer a visão de quatro crenças sobre
a temática morte e vida.
Catolicismo:
o céu começa aqui na Terra
Ter empatia e amor ao próximo são alguns preceitos
pregados pelo catolicismo para serem colocados em prática por seus fiéis e os
tornarem verdadeiros merecedores do céu. Para o padre Pedro Cabelo, reitor do
Santuário Mãe Rainha, em Ouro Preto, Olinda/PE, a fé deve transcender os muros
da igreja. “Não podemos mais agir como antigamente, em que a fé era vivida
apenas dentro da igreja. Temos que levá-la conosco para a vida cotidiana, pois
essa será a última prova que vamos passar e Jesus vai nos questionar”, afirma.
O padre alerta que muitas vezes o pedido de ajuda
está mais próximo do que achamos. “Basta olhar ao nosso redor. Às vezes o
problema está dentro de casa ou em nossa vizinhança. Quantas pessoas em nosso
bairro dependem dos outros?”, questiona. Os ensinamentos católicos dizem que a
forma como se vive na terra rege como será o pós morte. Os seres morrem apenas
uma vez e são julgados por seus atos na Terra. A partir disso, vão para o céu,
purgatório ou inferno.
O religioso destaca que esse é um tema tabu entre
os seguidores do catolicismo. “Cada vez mais nos afastamos do fenômeno morte.
Mas toda a nossa vida e fé se encaminham para o momento da partida para a casa
definitiva. Temos que tomar consciência de que a vida do ser humano, por ser
criação, tem um começo e um fim. Não acreditamos em reencarnação”, afirma.
Espiritismo:
A morte é apenas uma passagem
O Livro dos Espíritos, publicado em 1857, é
considerado o marco de fundação do Espiritismo. A obra, escrita pelo educador e
tradutor francês Allan Kardec, reúne mais de mil princípios doutrinários da
religião. Os praticantes acreditam que os seres humanos são espíritos
reencarnados na Terra em busca de constante evolução. O livro é composto de
perguntas e respostas que Kardec fez aos espíritos sobre temas universais como
morte, vida, relações familiares, dentre outras.
A religião acredita que Deus criou os espíritos sem
discernimento do bem e do mal. Quando estes vêm a Terra, passam por provações
e, devido ao livre-arbítrio, tem o direito de escolher como querem viver. Com a
morte física, o espírito segue uma jornada de evolução. Os que praticam o “mal”
recebem novas chances, por meio das encarnações, e os que fazem o “bem”,
evoluem mais rapidamente. “Para Allan Kardec, o verdadeiro espírita é aquele
que luta para domar as suas más tendências, procurando ser melhor a cada dia”,
afirma Frederico Menezes, estudioso, que já lançou 14 livros relacionados ao
espiritismo e viaja o país realizando palestras sobre o assunto há 37 anos.
Para Frederico a evolução espiritual vem através
das reencarnações.“O espiritismo matou a morte. Tirou a visão macabra que os
estudiosos tinham dela. Mostrou que a morte é uma apenas uma passagem”,
finaliza.
Protestantismo:
A vida à luz das escrituras
O Protestantismo surgiu no século XVI, a partir uma
de ruptura com a Igreja Católica, feita pelo monge Martinho Lutero. Este criou
um documento com 95 teses que demonstravam as suas insatisfações diante da
religião. Dentre os motivos, estavam a venda de indulgências, a adoração de
imagens, missas em latim, celibato e a autoridade do Papa. Depois, vieram
muitas outras subdivisões. Mas, assim como no Catolicismo, os protestantes são
cristãos e seguem os preceitos da Bíblia. “Isso não diz respeito apenas à
questão interna da igreja, mas também como a pessoa deve viver em família, no
trabalho, em sociedade, nos relacionamentos, em todas as áreas. A Bíblia é o
nosso manual”, afirma o pastor Elcias Martins, da Igreja Batista do Barro, em
Recife/PE.
Sobre a morte, os religiosos também buscam
respostas nas escrituras. Segundo o pastor Elcias, o fenômeno foi inserido aos
humanos por causa do pecado de Adão. Tal crença pode ser encontrada no livro
Romanos 5:12, que diz: “Como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo
pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens”, afirma a
publicação. Os protestantes não acreditam em vida após a morte, para eles os
seres são julgados por Deus e podem ir ao céu ou ao inferno. “E a questão de ir
para um ou o outro está simplesmente na fé ou na rejeição do evangelho”,
complementa.
Candomblé:
da iniciação a Egun
O Candomblé é uma religião de ordem iniciática, e
como tal, tem várias determinações que direcionam a vida dos filhos-de-santo
(denominação dos praticantes). A maioria dos ensinamentos é passada de geração
para geração de forma oral: tanto pelos Ensinamentos Sagrados de Ifá, dividido
em 256 partes, que contém os princípios éticos da religião; quanto pelos mitos
dos 16 orixás, que são histórias contadas e recontadas, que sempre apresentam
uma lição. Os orixás são divindades das religiões de matriz africana. Eles
representam as forças da natureza, bem como virtudes e necessidades dos seres
vivos.
“Os candomblecistas devem viver de acordo com os
princípios das divindades sagradas, principalmente daquela que o rege. Por
exemplo, Ogum tem como princípio a verdade. Há um interdito de mentira para
seus filhos e filhas. Muito provavelmente, aqueles que não seguem esse caminho
serão punidos pelo próprio orixá”, conta a Yalorixá Denise Botelho, professora
associada do Departamento de Educação da Universidade Federal Rural de
Pernambuco. “Os praticantes também devem seguir as orientações dadas pelos
zeladores de orixás, babalorixás (pais-de-santo), yalorixás (mães-de-santo)”,
complementa.
Para o Candomblé, não existe uma concepção de céu
ou inferno. Após a morte física, o egun (alma do falecido) é encaminhado pelos
orixás Omulú e Iansã Igbale até o Órun (mundo espiritual). Ali, ele vai
permanecer junto a outros seres ancestrais, orixás e guias. “A morte é
demarcada com a cerimônia de Axexê, na qual os feitos e as boas coisas
realizadas pelos iniciados são glorificadas. Se criarmos bons feitos quando
vivos, seremos lembrados após a morte”, afirma Denise. “Há uma volta à massa
cósmica desse corpo terreno, mas o espírito continua vivo no coração de seus
descendentes”, finaliza.
Fé,
independe da religião
É impossível afirmar quantas religiões existem no
mundo. Somente no Brasil, de janeiro de 2010 até fevereiro de 2017, surgiram 20
novas organizações religiosas por dia, segundo dados da Receita Federal. E
ainda há aquelas pessoas que têm mais de uma crença. De acordo com estudo
divulgado no XI Congresso de Medicina e Espiritualidade (Mednesp), de mil
pessoas entrevistas, 44% se consideram seguidoras de duas ou mais religiões, e
49% nasceram em uma religião diferente da que têm hoje.
Grandes ou pequenas, crendo em um Deus único ou em
vários, a verdade é que, mesmo com preceitos distintos, as religiões existem
para esclarecer dúvidas e guiar seus seguidores espiritualmente pelos melhores
caminhos da vida. Independe da escolha, o importante é se sentir preenchido e
confiante.
DIVULGADO PELO
MÉDIUM GETULIO PACHECO QUADRADO.
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