quarta-feira, 6 de novembro de 2024

CAPÍTULO XXIV. NÃO POR A CANDEIA DEBAIXO DO ALQUEIRE.OS SÃOS NÃO PRECISAM DE MÉDICO.

 


CAPÍTULO XXIV. NÃO POR ACANDEIA DEBAIXO DO ALQUEIRE.

OS SÃOS NÃO PRECISAM DE MÉDICO.

 

Mais uma vez São Mateus no capítulo IX, versículo 10 e 12, comenta que aconteceu que, estando Jesus assentado à mesa numa casa, eis que, vindo muitos publicanos e pecadores, se assentaram a comer com Ele e com os seus discípulos. E vendo isto os fariseus, diziam aos seus discípulos: Por que come o vosso mestre com os publicanos e pecadores? E ouvindo isto, Jesus lhes respondeu: Os sãos não têm necessidade de médico, mas sim os enfermos.

Pois é, Jesus costumeiramente dirigia-se, sobretudo aos pobres e aos deserdados, porque são eles os que mais necessitam de consolação; e aos cegos humildes e de boa fé, porque eles pedem que lhes abram os olhos; e não os orgulhosos, que creem possuir toda a luz e não precisar de nada.

Estas palavras, como tantas outras, podem ser aplicadas ao Espiritismo, que às vezes admira-se de que a mediunidade seja concedida a pessoas indignas, e por isso mesmo capazes de a empregarem mal. Isto porque geralmente, costuma-se dizer, que uma faculdade tão preciosa deveria ser atributo exclusivo de pessoas de maior merecimento.

Mas digamos antes de tudo, que a mediunidade é inerente a uma disposição orgânica, de qualquer homem pode ser dotado, como a de ver, ouvir e falar. Portanto não há nenhuma de que o homem, em consequência do seu livre arbítrio, não possa abusar. E, se Deus não tivesse concedido a palavra, por exemplo, senão aos que são incapazes de dizer coisas más, haveria mais mudos do que falantes. Deus outorgou as faculdades ao homem, dando-lhe a liberdade de usá-las como quiser, mas pune sempre aqueles que delas fazem mau uso.

Se o poder de comunicar-se com os Espíritos só fosse dado aos mais dignos, qual aquele que ousaria pretendê-lo? E onde estaria o limite da dignidade e da indignidade? A mediunidade é dada sem distinção, a fim de que os Espíritos possam levar a luz a todas as camadas, a todas as classes da sociedade, ao pobre ao rico: aos virtuosos, para os fortalecer no bem, e aos viciosos, para os corrigir. Estes últimos não são os doentes que precisam de médico?

Por que Deus que não quer a morte do pecador, o privaria do socorro de poder tirá-lo da lama? Os Bons Espíritos vêm assim em seu auxílio e seus conselhos, que ele recebe diretamente, são de natureza a impressioná-lo mais vivamente, do que se os recebesse de maneira indireta. Deus, na sua bondade, poupa-lhe a pena de ir procurar a luz à distância, e lhe mete nas mãos. Não será ele bem mais culpado, se não atentar para ela? Poderia escusar-se com a sua ignorância, quando ele mesmo escreveu, viu com os próprios olhos, ouviu com os seus ouvidos e pronunciou com sua própria boca a sua condenação? Se ele não aproveitar, então será punido com a perda ou a perversão da sua faculdade, de que os maus Espíritos se apoderarão, para o obsedar e enganar, sem prejuízo das aflições comuns com que Deus castiga os servos indignos e os corações endurecidos pelo orgulho e o egoísmo.

A mediunidade não implica necessariamente as relações habituais com os Espíritos superiores. É simplesmente uma aptidão, para servir de instrumento, mais ou menos dócil, aos Espíritos em geral. O bom médium não é, portanto, aquele que tem facilidade de comunicação, mas o que é simpático aos Bons Espíritos e só por eles é assistido. É neste sentido, unicamente, que a excelência das qualidades morais é de importância absoluta para a mediunidade.

Bibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Mensagem lida e divulgada pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.

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