II – Influência Oculta dos Espíritos Sobre os Nossos
Pensamentos e as Nossas Ações
Os Espíritos
influem sobre os nossos pensamentos e as nossas ações?
— Nesse sentido a sua influência
é maior do que supondes, porque muito frequentemente são eles que vos
dirigem.
Temos pensamentos
próprios e outros que nos são sugeridos?
— Vossa alma é um Espírito que
pensa; não ignorais que muitos pensamentos vos ocorrem, a um só tempo,
sobre o mesmo assunto, e frequentemente bastante contraditórios. Pois bem,
nesse conjunto há sempre os vossos e os nossos, e é isso o que vos deixa
na incerteza, porque tendes em vós duas idéias que se combatem.
Como distinguir os
nossos próprios pensamentos dos que nos são sugeridos?
— Quando um pensamento vos é
sugerido, é como uma voz que vos fala. Os pensamentos próprios são, em
geral, os que vos ocorrem no primeiro impulso.
De resto, não há grande interesse
para vós nessa distinção e é freqüentemente útil não o saberdes: o homem
age mais livremente; se decidir pelo bem, o fará de melhor vontade; se
tomar o mau caminho, sua responsabilidade será maior.
Os homens de
inteligência e de gênio tiram sempre suas ideias de si mesmos?
— Algumas vezes as ideias surgem
de seu próprio Espírito, mas frequentemente lhes são sugeridas por outros
Espíritos, que os julgam capazes de as compreender e dignos de as
transmitir. Quando eles não as encontram em si mesmos, apelam para a
inspiração; é uma evocação que fazem, sem o suspeitar.
Comentário de
Kardec: Se fosse útil que pudéssemos distinguir os nossos próprios pensamentos daqueles
que nos são sugeridos. Deus nos teria dado o meio de fazê-lo, como nos deu o de
distinguir o dia e a noite. Quando uma coisa permanece vaga, é assim
que deve ser para o nosso bem.
Diz-se algumas
vezes que o primeiro impulso é sempre bom; isto é exato?
— Pode ser bom ou mau, segundo a
natureza do Espírito encarnado. É sempre bom para aquele que ouve as boas
inspirações.
Como distinguir se
um pensamento sugerido vem de um bom ou de um mau Espírito?
— Estudai a coisa: os bons Espíritos
não aconselham senão o bem; cabe a vós distinguir.
Com que fim os
Espíritos imperfeitos nos induzem ao mal?
— Para vos fazer sofrer com eles.
– a ) Isso lhes
diminui o sofrimento?
— Não, mas eles o fazem por
inveja dos seres mais felizes.
Que espécie de
sofrimentos querem fazer-nos provar?
— Os que decorrem de pertencer a
uma ordem inferior e estar distante de Deus
Por que permite
Deus que os espíritos nos incitem ao mal?
— Os espíritos imperfeitos são os
instrumentos destinados a experimentar a fé e a constância dos homens no bem.
Tu, sendo Espírito, deves progredir na ciência do infinito, e é por isso que passas
pelas provas do mal para chegar ao bem. Nossa missão é a de colocar-te no bom
caminho, e quando más influências agem sobre ti, és tu que as chamas, , pelo
desejo do mal, porque os Espíritos inferiores vêm em teu auxílio no mal, quando
tens a vontade de o cometer; eles não podem ajudar-te no mal, senão quando tu
desejas o mal. Se pés inclinado ao assassínio, pois bem, terás uma nuvem de
espíritos que entreterão esse pensamento em ti; mas também terás outros que
tratarão de influenciar-te para o bem, o que faz que se reequilibre a balança e
te deixe senhor de ti.
Pode o homem se
afastar da influência dos Espíritos que o incitam ao mal?
— Sim, porque eles só se ligam aos
que os solicitam por seus desejos ou os atraem por seus pensamentos.
Os Espíritos cuja
influência é repelida pela vontade do homem renunciam às suas tentativas?
— Que queres que eles façam?
Quando nada têm afazer, abandonam o campo. Não obstante, espreitam o
momento favorável, como o gato espreita o rato.
Por que meio se
pode neutralizar a influência dos maus Espíritos?
— Fazendo o bem e colocando toda
a vossa confiança em Deus, repelis a influência dos Espíritos inferiores e
destruís o império que desejam ter sobre vós. Guardai-vos de escutar as
sugestões dos Espíritos que suscitem em vós os maus pensamentos, que
insuflam a discórdia e excitam em vós todas as más paixões. Desconfiai
sobretudo dos que exaltam o vosso orgulho, porque eles vos atacam na vossa
fraqueza. Eis porque Jesus vos faz dizer na oração dominical: “Senhor, não
nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal!”.
Os Espíritos que
procuram induzir-nos ao mal, e que, assim, põem à prova a nossa firmeza no bem,
receberam a missão de o fazer, e, se é uma missão que eles cumprem, terão
responsabilidade nisso?
— Nenhum Espírito recebe a
missão de fazer o mal; quando ele o faz, é pela sua própria vontade, e consequentemente
terá de sofrer as consequências(1). Deus pode deixá-lo fazer para vos
provar, mas jamais o ordena e cabe a vós repeli-lo.
4 Quando
experimentamos um sentimento de angústia, de ansiedade indefinível ou de
satisfação interior sem causa conhecida, isso decorre de uma disposição física?
— E quase sempre um efeito das
comunicações que, sem o saber, tivestes com os Espíritos, ou das relações
que tivestes com eles durante o sono.
Os Espíritos que
desejam incitar-nos ao mal limitam-se a aproveitar as circunstâncias em que nos
encontramos ou podem criar essas circunstâncias?
— Eles aproveitam a circunstância,
mas frequentemente a provocam, empurrando-vos sem o perceberdes para o
objeto da vossa ambição. Assim, por exemplo, um homem encontra no seu
caminho uma certa quantia: não acrediteis que foram os Espíritos que
puseram o dinheiro ali, mas eles podem dar ao homem o pensamento de se dirigir
naquela direção, e então lhe sugerem apoderar-se dele, enquanto outros lhes
sugerem devolver o dinheiro ao dono. Acontece o mesmo em todas as outras
tentações.
(1) Diz o texto
francês: et, par consequént, il em subit lês conséquences”. Em geral, nas
traduções, procura-se corrigir a repetição. Preferimos respeita-la, mesmo pro
que nos aprece destinada a dar ênfase ao fato. (N. do T)
MENSAGEM DIVULGADA PELO MÉDIUM
GETULIO PACHECO QUADRADO.
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