CAPÍTULO XXVII. PEDI E
OBTEREIS.
PRECES ESPÍRITAS.
PREÂMBULO.
Nós os Espíritas sempre dissemos: “A forma não é
nada, o pensamento é tudo. Faça cada qual a sua prece de acordo com as suas
convicções, de maneira que mais lhe agrade, pois um bom pensamento vale mais do
que numerosas palavras que não tocam o coração”.
Os Espíritos não prescrevem nenhuma fórmula
absoluta de preces, e quando nos dão alguma, é para orientar a nossa ideia, e,
sobretudo para chamar a nossa atenção sobre certos princípios da doutrina
espírita. Ou ainda com o fim de ajudar as pessoas que sentem dificuldades em
exprimir suas ideias, pois estas não consideram haver realmente orado, se não
formularam, bem os seus pensamentos.
A coletânea de preces deste capítulo é uma seleção
das que os Espíritos ditaram em várias ocasiões. Podem ter ditados outras, em
termos diferentes, apropriadas a diversas ideias e ou a casos especiais. A
finalidade da prece é levar nossa alma a Deus. A diversidade das fórmulas não
deve estabelecer nenhuma diferença entre os que Nele creem, e menos ainda entre
os adeptos do Espiritismo, porque Deus aceita a todas, quando sinceros.
Não se deve considerar, portanto, esta coletânea,
como um formulário absoluto, mas como uma variante das instruções dos
Espíritos. É uma forma de aplicação dos princípios da moral evangélica
desenvolvida neste livro, um complemento dos seus ditados sobre os nossos
deveres para com Deus e o próximo, e no qual são relembrados todos os
princípios da doutrina.
O Espiritismo reconhece como boas às preces de
todos os cultos, desde que sejam ditas de coração, e não apenas com os lábios.
Não impõe nem condena nenhuma. Deus é sumamente grande, segundo o Espiritismo,
para repelir a voz que implora ou que canta louvores, somente por não o fazer
desta ou daquela maneira. Quem quer que condene as preces que não
constem do seu formulário, demonstra desconhecer a grandeza de Deus. Acreditar
que Deus se apegue à determinada fórmula é atribuir-lhe a pequenez e as paixões
humanas.
Uma das condições essenciais da prece, segundo São
Paulo (Cap. XXVII, nº 16) é a de ser inteligível, para que
possa tocar o nosso espírito. Para isso, entretanto, não basta que ela seja
proferida na língua habitual, pois há preces que, embora em termos populares,
não dizem mais à nossa inteligência do que as de uma língua estranha, e por
isso mesmo não nos tocam o coração. As poucas ideias que encerram são em geral
sufocadas pela superabundância das palavras e o misticismo da linguagem.
A principal qualidade da prece é a clareza. Ela deve
ser simples e concisa, sem fraseologia inútil ou excesso de adjetivação, que
não passam de meros ouropéis. Cada palavra deve ter o seu valor, exprimir uma ideia,
tocar uma fibra da alma. Enfim: deve levar à reflexão. E somente assim pode
atingir o seu objetivo, pois, de outro modo não passa de palavrório.
Veja-se, entretanto, com que distração e volubilidade elas são proferidas, na
maioria das vezes. Percebemos que os lábios se agitam, mas, pela expressão
fisionômica e pela própria voz, percebe-se que é um ato maquinal, puramente
exterior, de que a alma não participa.
As preces aqui reunidas dividem-se em cinco
categorias:
1)
Preces gerais;
2)
Preces pessoais;
3)
Preces pelos outros;
4)
Preces pelos Espíritos
5)
Preces pelos doentes e obsedados.
Com o fim de chamar
mais particularmente a atenção para o objetivo de cada prece, e tornar mais
compreensível o seu sentido, elas são precedidas de uma instrução preliminar,
espécie de exposição de motivos, intitulada prefácio.
Bibliografia: O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Mensagem lida e divulgada pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.
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