CAPÍTULO XXVI, DAR DE GRAÇA O
QUE DE GRAÇA RECEBER.
DOM DE CURAR.
O Irmão Mateus mais uma vez no
capítulo X, versículo 8, comenta as palavras de Jesus quando Ele se dirigiu aos
seus discípulos dizendo:
“Daí de graça o que de graça recebestes”. E com esta recomendação, prescreve
que ninguém se faça pagar daquilo que nada pagou. Porque o que eles haviam
recebido gratuitamente era a faculdade de curar os doentes e de expulsar
demônios, isto é, os maus Espíritos. Esse dom que Jesus lhes dera gratuitamente
para aliviarem os que sofriam e sofrem, foi como meio de poderem propagar a fé
também; Jesus, pois lhes recomendava que não fizessem dele objeto de comércio,
e nem de especulação, nem meio de vida.
PRECES PAGAS.
Já São Lucas no capítulo XX, versículo 45 a
47, São Marcos no capítulo XXII, versículos 38 a 40, e São Mateus no capítulo
XXIII, versículo 14, comentam as palavras de Jesus falado aos seus discípulos
em seguida, e diante de todo o povo que o escutava, orientando-os para
precaverem-se dos escribas que se exibiam a passar com longas túnicas, e que
gostavam de serem saudados nas praças públicas e de ocuparem nas sinagogas os
primeiros lugares nos festins; que a pretexto de extensas preces, devoravam as
casas das viúvas. E falou que essas pessoas receberão condenação mais rigorosa.
Jesus também informou que a prece vem
a ser ato de caridade. E que é um arroubo do coração. Cobrar alguém que se
dirige por intermédio de terceiros, e transforma-la em assalariado. E que a
prece assim se torna uma fortuna para quem não pode paga-la. Disto se conclui
que, uma de duas: Deus mede ou não as suas graças pelo número de palavras, se
estas forem necessárias em grande número, porque então dizê-las poucas, ou
quase nenhuma por aquele que não pode pagar com já foi dito. Disto só podemos
deduzir ser falta de caridade, se só uma palavra basta, sem dizê-las em
excesso. Então se pergunta, porque então cobra-la? Só pode ser prevaricação.
Deus não vende os benefícios que
concede, porque aquele que vende não pode garantir a obtenção da dádiva para
aquele que paga.
Ao contrário se a soma não fosse paga
ou não fosse suficiente, será que Deus concederia esta dádiva? O bom sendo nos
diz que jamais. A justiça de Deus existe para todos, pobres e ricos, pois
considera imoral traficar com as graças de um soberano da terra, que não podem
ser comparadas com o do universo. Outra coisa que aquele que paga não pode se
considerar isento de proferi-la, pois não existe a garantia de terceiros que
assim terá a dádiva. E pergunta-se se isto de se pagar a terceiro, não vem a
reduzir a eficácia da prece ao valor de uma moeda em curso?
Bibliografia: O Evangelho Segundo o
Espiritismo. Mensagem lida e divulgada pelo Médium Getulio Pacheco Quadrado.
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