BREVE REFLEXÃO SOBRE O PAPEL DA MULHER NO MUNDO
A
imprensa internacional noticiou com destaque que as mulheres reivindicam a
possibilidade de dirigir veículos automotivos na Arábia Saudita. Avulta-se que
ativistas iniciaram uma campanha para que elas consigam a permissão de dirigirem
nas avenidas e ruas sauditas. Esse tipo de comportamento nos remete aos
obscuros cenários medievais. Que contrassenso! Em pleno Século XXI, ainda temos
que conviver com essa situação discriminatória contra a mulher.
Há,
atualmente, uma ingente luta da mulher (cada qual na sua atividade, no seu dia
a dia) no sentido de obter um espaço digno na sociedade, visando o seu
crescimento como pessoa. A busca de novos caminhos profissionais para a mulher,
hoje, toma conta de quase todas as famílias, em função, também, das novas
necessidades que, a cada dia, surgem na nossa civilização. Porém, nem sempre
foi assim. Segundo as Escrituras, "a mulher é responsável pela proscrição
do homem; ela perde Adão e, com ele, toda a Humanidade; atraiçoa Sansão".
Uma passagem do Eclesiastes a declara "uma coisa mais amarga que a
morte". O casamento mesmo parece um mal: "(...) os que têm esposas
sejam como se não as tivessem" - exclama Paulo aos Colossenses, aos
Efésios.
Realmente,
houve um período mais obscuro em que o cristianismo "oficial" não
compreendeu a mulher. Seus representantes , vivendo no celibato, longe da
família, não poderiam apreciar o poder e o encanto desse delicado ser, em quem
enxergavam, antes, um perigo. Em contrapartida a esse cruel tratamento da igreja,
a mulher era considerada "sacerdotisa nos tempos védicos; ao altar
doméstico, era intimamente associada; no Egito, na Grécia, na Gália, às
cerimônias do culto; por toda parte, era a mulher objeto de uma iniciação, de
um ensino especial, que dela faziam um ser quase divino, a fada protetora, o
gênio do lar, a custódia das fontes da vida". (1)
A
situação da mulher, na civilização contemporânea, ainda é difícil e bastante
sofrida. Como acompanhamos nos noticiários, nem sempre a mulher tem, para si,
os direitos e as leis; muitos perigos a cercam. Se ela titubeia, sucumbe;
normalmente não se lhe estende mão amiga, e o que é pior, a corrupção dos
valores morais faz, da mulher, a vítima do momento. Porém, a Doutrina Espírita
restitui à mulher seu verdadeiro lugar na família e na obra social,
indicando-lhe a sublime função que lhe cabe desempenhar na educação e no
adiantamento da Humanidade.
A
Terceira Revelação a atrai e lhe satisfaz as aspirações do coração, as
necessidades de ternura, que estendem para além do seu círculo de vida física.
Daí a necessidade de desenvolver na mulher, além dos poderes intuitivos, suas
admiráveis qualidades morais, o esquecimento de si mesma, o júbilo do
sacrifício, ou seja, o sentimento dos deveres e das responsabilidades inerentes
à sua missão sublime. "A mulher tem que se fazer borboleta; ela tem que
sair do seu casulo; e reconquistar seus direitos, que são divinos; como a
falena, lançar-se na atmosfera e reencontrar o clima de seu justo valor. Até
porque, se o agente educador por excelência for reduzido ao estado de nulidade,
a sociedade vacilará. É o que deveis compreender no século dezenove". (2)
O
Espiritismo preceitua que "são iguais perante Deus, o homem e a mulher, e
têm os mesmos direitos, pois ambos possuem a faculdade de progredir" (3) e
se, em alguns países, a mulher é considerada inferior, isso é resultante do
predomínio injusto e cruel que sobre ela assumiu o homem. É resultado das
instituições sociais e do abuso da força sobre a fraqueza. Entre homens moralmente
pouco adiantados, a força faz o direito. (4) Mas, "as funções, para as
quais a mulher é destinada pela Natureza, terão importância tão grande quanto
às destinadas ao homem, e maior até. É ela quem lhe dá as primeiras noções da
vida". (5) Assim sendo, "uma legislação, para ser perfeitamente
justa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher, embora com
funções diversas. Pois é preciso é que cada um esteja no lugar que lhe compete.
Ocupe-se do exterior, o homem e, do interior a mulher, cada um de acordo com a
sua aptidão". (6)
Com
muita razão, "a lei humana, para ser equitativa, deve consagrar a
igualdade dos direitos do homem e da mulher. Todo privilégio a um ou a outro
concedido é contrário à justiça. A emancipação da mulher acompanha o progresso
da civilização. Sua escravização marcha de par com a barbaria. Os sexos, além
disso, só existem na organização física. Visto que os Espíritos podem encarnar
num e noutro, sob esse aspecto, nenhuma diferença há entre eles. Devem, por
conseguinte, gozar dos mesmos direitos". (7)
No
passado recente, a mulher não tinha voz, não tinha vontades e acreditavam que
sequer tinha alma. Este tema foi até tratado em concílio, quando não apenas
discutiam se a mulher teria alma, mas também diziam que a natureza da mulher
era má, era culpada de males, porque (como vimos mais acima), na Bíblia consta
que ela é que aceitou a sugestão da serpente e desviou Adão da obediência a
Deus.
Como
reação a essa milenar subjugação da mulher, atualmente ocorrem extremismos preocupantes
em sua estrutura psicológica. A miséria, as lágrimas, a prostituição, o
suicídio - tal é o destino de grande número de infelizes mulheres em nossas
sociedades opulentas, sensuais e materialistas. Muitas mulheres
radicalizam. O seu corpo é considerado só dela, ela faz o que bem entende, não
deve nada a ninguém. O desafio está posto. O desafio é encontrar o meio termo,
o ponto certo, o equilíbrio momentâneo para a mulher moderna. Portanto, ser
mulher e ser mãe são desafios cotidianos a serem enfrentados.
Há
dois mil anos, Jesus propôs dar à mulher uma condição de "status"
social igual a do homem. Em verdade, "dela provém a vida; e ela a própria
fonte desta, a regeneradora da raça humana, que não subsiste e se renova,
senão, por seu amor e seus ternos cuidados". (8)
"Todo
inócuo argumento machista de a mulher ser apenas a sombra do marido,
procriadora por excelência, objeto de prazer ou apenas alguém que tome conta da
casa, é evidente que precisa ser aclarado e desfeito, por ser fenômeno extemporâneo".
(9) Concebemos, até, que a mulher deva reduzir, o quanto lhe for possível, o
tempo gasto no trabalho profissional e se esforce mais na tarefa da educação de
seus filhos, preferindo ganhar um pouco menos em valores materiais e
potencializando seus tesouros espirituais. Sabemos que atualmente não está
fácil essa tarefa, pois "a sociedade se curvou ante o consumismo
materialista, sequestrando a mulher do lar para enclausurá-la nas funções
hodiernas, às vezes, subalternas a sua grandeza e, quase sempre, estranhas à
sua natureza". (10)
A
administração de uma família, atualmente, é tarefa extremamente importante.
Dentro dessa pequena república, há o fator econômico, as regras, a disciplina,
o zelo, as tradições e a responsabilidade da formação moral e intelectual dos
filhos. "A mulher deve conciliar o papel de mãe e esposa, por vezes,
deixado um pouco de lado. Por isso, é importante não permitir que a competição
do casal, as pressões do status, do dinheiro e do destaque sociais roubem o
equilíbrio que a felicidade da família requer". (11)
Nada
mais justo que a luta pela causa de maior liberdade e direito para ela. Afinal,
na Ordem Divina não há distinção entre os dois seres. Porém, urge muita
cautela. Os movimentos feministas, embora tenham seu valor, costumam cair no
radicalismo, querendo fazer da participação natural uma imposição. Muitas
vezes, em seus intuitos, ao lado de compreensíveis pleitos, enuncia propósitos
que fariam da mulher, não mais mulher, mas arremedo do homem.
Em
sintonia com os pleitos femininos, atualmente, nas hostes espíritas, observa-se
a mulher, não apenas trabalhando como médium no campo da mediunidade, mas,
também, encontramo-la dialogando com os espíritos, dirigindo reuniões
mediúnicas, instruindo e preparando novos trabalhadores no campo da
mediunidade, escrevendo para esclarecer e orientar a prática mediúnica. É o
Espiritismo, esta abençoada doutrina que nos permite isso. Ela, não apenas nos
ilumina individualmente, nos consola e nos alenta, mas, também, enseja que
estejamos encarnados como homens ou como mulheres, nos "somemos os nossos
esforços" e, juntos, continuemos a realizar o sublime intercâmbio
espiritual, respeitando, sobretudo, a "condição" do espírito que
encarna, seja ela qual for.
Referências
bibliográficas:
1
DENIS, Léon. Cristianismo e Espiritismo. RJ: Ed Feb, 2008.
2 Kardec, Allan. Revista
Espírita ano III número 12, dezembro de 1860, Comunicação do Espírito de Alfred
de Musset (1810-1857 poeta e romancista francês).
3
Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, RJ: Ed FEB, 2001, questão 817
4
idem, questão 818
5
idem, questão 821
6
idem, questão 822
7
idem, questão 825
8
Hessen, Jorge. Deus abençoe todas as mulheres do mundo, artigo disponível emhttp://www.redeamigoespirita.com.br/profiles/blogs/deus-aben-oe-todas-as-mulheres-do-mundo?xg_source=activity
9
idem
10
idem
11
idem
Mensagem
divulgada pelo médium Getulio Pacheco Quadrado
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